São Paulo, domingo, 04 de dezembro de 2005

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Corinthians dos milhões resgata a sina de sofredor

Após perder chance de ganhar Brasileiro com antecedência, elenco bancado pela MSI revive tradição de conquistas árduas e carrega decisão para jogo derradeiro, hoje, contra o Goiás

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

O Corinthians milionário, das estrelas contratadas a peso de ouro, está bem perto de se tornar o time "number one" anunciado pelo iraniano Kia Joorabchian.
Mas o quarto título do Brasileiro da história do clube do Parque São Jorge, que pode vir hoje, às 16h, com um empate ou até uma derrota para o Goiás, seria obtido da maneira mais corintiana possível, ou seja, de modo sofrido.
Trata-se da marca das principais conquistas da agremiação em seus 95 anos. "Se não for sofrido, não é o Corinthians. Conosco foi quase sempre assim", declara o presidente Alberto Dualib.
A quarta conquista do Nacional -o time pode se igualar a Flamengo e Palmeiras- lembraria mais a taça ganha em 1990, com gol de canela de Wilson Mano e de carrinho de Tupãzinho, do que bicampeonato de 1998 e 1999, vencidos até com certa tranqüilidade com esquadrões montados pelos ex-parceiros Excel e HMTF.
Mesmo amparados pelo investimento de R$ 113 milhões da MSI, os corintianos, em sua trajetória de 41 jogos até agora, enfrentaram um caminho tortuoso, marcado por rusgas entre a diretoria e o parceiro, briga entre jogadores, três trocas de técnicos durante o torneio. E, se vencerem, vão fazer só hoje, na rodada derradeira.
A vantagem do time é de três pontos (81 a 78) sobre o Internacional. Ela só existe graças aos quatro pontos conquistados em jogos repetidos por atuações suspeitas de Edilson Pereira de Carvalho, pivô do escândalo de arbitragem que arranhou o torneio.
Não fosse isso, o time estaria um ponto atrás dos gaúchos, que protestam e chamam o torneio de "Zveitão", em referência a Luiz Zveiter, presidente do STJD.
Os pontos extras, conseguidos em vitória sobre o Santos e empate com o São Paulo, deram aos corintianos a chance de vencer o torneio com cinco rodadas de antecedência. Não deu.
Uma derrota para o São Caetano, um empate em casa contra o Internacional e um triunfo de virada sobre a Ponte Preta depois, os comandados de Antônio Lopes chegam com vantagem de saldo de cinco gols à rodada derradeira. Isso significa que, se perderem por um gol hoje, o Internacional terá de vencer o Coritiba por cinco de diferença.
Nem com essa vantagem a tensão do time, o mais jovem do Brasileiro, com média de idade de 22,5 anos, diminuiu. Tinha que ficar para a última, como manda a tradição corintiana.
"Vai ser corintiano mesmo [esse título]. Sempre ganhamos com dificuldades. Nunca imaginamos que seria de outra forma. É o campeonato mais difícil do mundo", afirma o volante Marcelo Mattos, um dos 11 atletas contratados pela parceira internacional.
Ele se juntou a 19 jogadores formados no clube, acostumados com o rótulo de "sofredor" do corintiano. "Foi muito sofrido mesmo. É um título bem com a cara do Corinthians", diz Fábio Costa.


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