|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estudo inédito do Incor revela que 58% dos árbitros de São Paulo apresentam algum problema
Maioria dos juízes precisa de tratamento psicológico
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
À beira de um ataque de nervos,
os árbitros paulistas terão a partir
de amanhã de deitar no divã.
Após o escândalo do apito protagonizado pelo juiz Edilson Pereira de Carvalho, a Federação
Paulista de Futebol encomendou
ao Incor estudo inédito e de resultado revelador: 58% da arbitragem estadual apresenta algum
problema, sobretudo por estresse
ou reclamações financeiras.
Segundo a FPF e o Instituto do
Coração, as características são incompatíveis com a profissão e podem levar a desvios de conduta.
Assim, 220 dos 378 árbitros e assistentes da entidade passarão a
ter acompanhamento psicológico. Tecnicamente, eles têm recomendação para atuar, mas com a
condição de passarem por dez
consultas individuais ou em grupo para verificar a saúde mental.
Outros problemas detectados
são ansiedade, insegurança, dificuldades de decisão e assumir responsabilidade. Caberá à Comissão de Arbitragem da FPF definir
se os mantém ou não.
"O número [220] de árbitros
que farão acompanhamento psicológico é alto, mas necessário
para que eles não desenvolvam
traços de personalidade parecidos
com o do Edilson", diz o presidente da Comissão de Arbitragem, Marcos Marinho.
Após denúncia anônima, Edilson foi flagrado em escutas telefônicas feitas pelo Ministério Público que apontaram o envolvimento dele com a venda de resultados
de jogos de futebol para favorecer
apostadores de sites. Tanto a FPF
quanto a CBF o baniram em 2005.
Dentre as justificativas apresentadas por Edilson à Policia Federal para ter participado do esquema estava o fato de ser viciado em
bingos e ter contraído dívidas.
Por isso, explica a psicóloga Vera Lúcia Bonato, coordenadora
do projeto "Apto para o Apito",
do Incor, os juízes foram entrevistados e mapeados sob três faces:
1) Biológica: checa como o indivíduo está fisicamente. Exemplo:
se tem predisposição a alergia.
2) Social: verifica como a pessoa
se relaciona com o dinheiro, economicamente, quanto gasta etc.
3) Psicológica: avalia a tipologia
psíquica do árbitro, como ele lida
com decisões sob pressão.
"A partir desses três itens, produzimos o laudo biopsicossocial",
afirmou Bonato. "Esse trabalho
não é milagroso. Desvios de caráter você não corrige. Identifica."
Os 378 árbitros foram então divididos em três grupos. O primeiro, que reuniu os que foram batizados de "recomendados" (ou seja, sem restrições para apitar),
tem 151 juízes ou assistentes.
A seguir, vieram os "recomendados com suporte" -o grupo
que receberá ajuda a partir de
amanhã. O terceiro bloco é o dos
não-recomendados, formado por
sete pessoas que, segundo os critérios do estudo, têm perfil autoritário, tendência depressiva e dificuldade de controle em situação
de estresse. Estes refarão os testes.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Primeiras palavras: Edilson diz que mãe pedia ajuda ao Corinthians Índice
|