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FUTEBOL
Inspirado em código da FAB, novo manual ensina regras de etiqueta
Após escândalo, árbitros
aprendem boas maneiras
DA REPORTAGEM LOCAL
O caso Edilson deixou novas lições aos árbitros. Aprenderam
que mulheres devem evitar fumar
na rua, que não é educado levantar o dedinho ao segurar uma taça
e que o prato de carne precisa ficar a 1 cm da borda da mesa.
Se a Federação Paulista de Futebol recorreu à ajuda de psicólogos, o Sindicato dos Árbitros do
Estado de São Paulo buscou ajuda
na Força Aérea Brasileira.
Inspirado em regras de etiqueta
da corporação, em que serviu até
1995, o presidente da associação
de juízes, Sérgio Corrêa, distribuiu um novo manual a seus filiados, batizado de "Código de Ética
& Bons Costumes dos Árbitros".
"Alguns tiram sarro, mas, como
o assunto da máfia do apito foi
questionado pela sociedade, achei
oportuno reeditar e ampliar o
manual de ética e incluir o item
dos bons costumes, coisa que faltou ao Edilson", diz Corrêa.
Até o escândalo que teve como
pivô o juiz Edilson Pereira de Carvalho e que levou à anulação de 11
partidas do Brasileiro-05, os juízes recebiam apenas um código
de ética de cerca de dez páginas. A
nova edição, ampliada, teve tiragem de mil exemplares.
"O manual é importante para
melhorar a cultura e o nível da arbitragem, principalmente a do
juiz internacional. Mas acredito
que o desvio de conduta não tenha muita ligação com o código
de etiqueta. O manual não vai deixar a gente mais ou menos livre de
ter desvio", diz o árbitro da Fifa
Paulo César de Oliveira, que recebeu com surpresa o fato do manual ter um código de etiqueta.
Quanto a pôr a mesa, Oliveira é
seco. "No meu dia-a-dia, eu como
na frente da TV vendo partida de
futebol. Sei que não é uma coisa
boa, mas me porto bem fora de
casa", afirma o juiz.
A manipulação dos resultados
dos jogos de futebol por Edilson
ainda assusta o sindicato. Agora, a
única manipulação permitida aos
árbitros será a dos talheres.
À página 34 do manual (que
tem 41 páginas no total), o juiz terá uma ilustração que explica de
forma detalhada o passo a passo
da montagem de uma mesa de
banquete e almoço, com garfos,
facas, pratos e taças de vinho.
O livro também destina boa
parte dos textos à mulher. Num
deles, relata que "ela" deve andar
entre dois homens fora de casa.
Vale lembrar que 5% dos árbitros são mulheres. Uma delas,
aliás, mostrou curiosidade e bom
humor quanto à "nova Bíblia".
"Acho a iniciativa válida, mas
não se muda o caráter de alguém
de 30 a 40 anos com etiqueta. Minha sugestão é que seja feito um
manual de bons costumes voltado
para a realidade do árbitro. Este é
para o pessoal da aeronáutica",
afirma a bandeira Ana Paula de
Oliveira, da Fifa.
(KLEBER TOMAZ)
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