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Tribunal "faz gol" e gera contestação
Em decisão inédita, Justiça Desportiva de Pernambuco valida tento legítimo não assinalado por árbitro e muda placar
Para especialistas em direito esportivo, resolução foi equivocada; presidente do tribunal afirma que deu "segurança jurídica ao jogo"
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O tapetão pernambucano
acrescentou um gol ao placar
do jogo Central de Caruaru x
Vera Cruz, pelo Estadual. Validou um tento não marcado pelo árbitro e transformou uma
vitória do Central em empate.
Advogados dizem que a decisão fere as normas esportivas, e
a questão será levada ao STJD
(Superior Tribunal de Justiça
Desportiva), já que o Central
recorrerá da sentença.
O caso começou com o árbitro Wilson de Souza Mendonça, que foi suspenso por cinco
jogos. Ele não viu que um chute
de Rivelino, do Vera Cruz, havia entrado no gol e furado a rede. E assinalou bola fora.
O Central venceu por 2 a 1 o
Vera Cruz, que recorreu ao
TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) de Pernambuco. Na
terça-feira, por quatro votos a
dois, o tribunal validou o gol.
"O gol foi claro. Houve uma
declaração por escrito do árbitro dizendo que houve gol",
contou o presidente do TJD-PE, Nelson Brito. "Enfrentamos um problema real para dar
segurança jurídica ao jogo."
Ele baseou-se no artigo 84 do
CBJD (Código Brasileiro de
Justiça Desportiva), que prevê
a modificação do resultado ou a
anulação da partida. Porém os
especialistas discordam.
"É decisão desastrosa, absurda", afirmou o procurador-geral do STJD, Paulo Schimitt.
"Só se configura erro de direito,
que anula ou muda o placar, se
o árbitro revelar desconhecer a
regra ou dolo contra o time."
Para o advogado Luis Felipe
Santoro, a opção seria anular a
partida. "Decisão de acrescentar um gol, não me recordo."
Um dos autores do CBJD,
Marcílio Krieger lembrou que,
na Alemanha, um tribunal mudou decisão do árbitro em campo, alterando o placar. "A Uefa
mandou anular a partida."
Após a decisão do TJD-PE, o
Central protestou, pois foi excluído da Copa do Brasil com a
mudança do resultado. "Vai
abrir um precedente. Imagina
se anularem o jogo depois de
um gol em impedimento?",
protestou Ronaldo Lima, presidente do clube. "Foi feita justiça. Isso moraliza o futebol", rebateu Fernando José, presidente do Vera Cruz.
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