São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2006

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Estadia da seleção orgulha e apavora nova sede alemã

Königstein arma festival com futebol, samba e capoeira, e moradores planejam viajar logo que os visitantes chegarem

Pelas ruas da nova sede do Brasil já existem quiosques com caipirinha e cachaça, atrações que fizeram muito sucesso em Weggis


PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A KÖNIGSTEIN

Tudo o que se ouve por enquanto na pacata pracinha de Königstein é o murmúrio conspiratório de velhotes de boina, cachecol, cardigã e calça de tweed conversando.
Como porquinhos temerosos da visita do lobo mau, eles esperam acuados o espetáculo de dez dias promovido pela prefeitura, com a apresentação de futebol, samba, mulatas de biquíni e capoeiristas descamisados.
"Königstein é uma cidade de idosos que gostam de paz. A maior parte da minha clientela viajará para fora assim que os visitantes chegarem", diz Nicole Lahmann, 60, dona de uma ótica. Ela mesma não parece otimista com a chegada de potenciais clientes. "Quem compraria armações de óculos em uma comemoração dessas?"
O folheto da festa anuncia atrações de hoje até 16 de junho, entre as 10h e as 21h: terá show de grupos, como "Samba Tuque Brasil", "Trio de Janeiro", "Tangará" e "Kaskadu", workshops de capoeira, dança e futebol. João Suplicy, filho de Marta, também vai cantar.
Impossível não lembrar da invasão de torcedores em Weggis, que tirou o sono da pequena cidade suíça e da comissão técnica da seleção brasileira.
Olhando para o quiosque verde-amarelo com os dizeres cachaça, caipirinha, água de coco e guaraná escritos na fachada, dois senhores perguntam desconfiados o que querem dizer aquelas palavras. "Temos de saber o que nos espera", dizem os aposentados Heinz Rothenbächer, 79, e Dieter Trippe, 69, com a expressão meio azeda de quem não se conforma quando precisa se divertir.
Por sua vez, o professor Thomaz Weitz, 44, e a mulher, Petra, 39, dizem estar orgulhosos, mas preocupados com a festa.
"A polícia isolou com uma cerca a área onde os jogadores treinarão. Só há dois acessos àquele pedaço, e as pessoas que moram ali, como nós, devem ter dificuldades para chegar em casa. O trânsito estará terrível."
Na rua principal da cidade de cerca de 15 mil habitantes, o comerciante que expõe a chuteira de Pelé na vitrine parece mais empolgado. Ontem Rainer Möller dava acabamento ao minicampo de futebol com grama sintética, que fixou no chão da rua em frente à loja.
Em outro clima, um pequeno grupo de pacifistas descabelados dirigia pequena manifestação ao lado do posto de credenciamento de jornalistas, perto do aeroporto de Frankfurt.
Perto do hotel, nos campos afastados da cidade, o morango é vendido a preço de banana.
Ali, o próprio comprador colhe a fruta (suculenta, doce e sem agrotóxico) e a pesa na barraca capitaneada pela bonachona Gaby Oehm, 55. "Já comeu iguais?", diz ela à reportagem e equipe. Não, concordam todos.


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