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Estadia da seleção orgulha e apavora nova sede alemã
Königstein arma festival com futebol, samba e capoeira, e moradores planejam viajar logo que os visitantes chegarem
Pelas ruas da nova sede do
Brasil já existem quiosques
com caipirinha e cachaça, atrações que fizeram muito sucesso em Weggis
PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A KÖNIGSTEIN
Tudo o que se ouve por enquanto na pacata pracinha de
Königstein é o murmúrio conspiratório de velhotes de boina,
cachecol, cardigã e calça de
tweed conversando.
Como porquinhos temerosos
da visita do lobo mau, eles esperam acuados o espetáculo de
dez dias promovido pela prefeitura, com a apresentação de futebol, samba, mulatas de biquíni e capoeiristas descamisados.
"Königstein é uma cidade de
idosos que gostam de paz. A
maior parte da minha clientela
viajará para fora assim que os
visitantes chegarem", diz Nicole Lahmann, 60, dona de uma
ótica. Ela mesma não parece
otimista com a chegada de potenciais clientes. "Quem compraria armações de óculos em
uma comemoração dessas?"
O folheto da festa anuncia
atrações de hoje até 16 de junho, entre as 10h e as 21h: terá
show de grupos, como "Samba
Tuque Brasil", "Trio de Janeiro", "Tangará" e "Kaskadu",
workshops de capoeira, dança e
futebol. João Suplicy, filho de
Marta, também vai cantar.
Impossível não lembrar da
invasão de torcedores em Weggis, que tirou o sono da pequena
cidade suíça e da comissão técnica da seleção brasileira.
Olhando para o quiosque
verde-amarelo com os dizeres
cachaça, caipirinha, água de coco e guaraná escritos na fachada, dois senhores perguntam
desconfiados o que querem dizer aquelas palavras. "Temos
de saber o que nos espera", dizem os aposentados Heinz Rothenbächer, 79, e Dieter Trippe, 69, com a expressão meio
azeda de quem não se conforma quando precisa se divertir.
Por sua vez, o professor Thomaz Weitz, 44, e a mulher, Petra, 39, dizem estar orgulhosos,
mas preocupados com a festa.
"A polícia isolou com uma
cerca a área onde os jogadores
treinarão. Só há dois acessos
àquele pedaço, e as pessoas que
moram ali, como nós, devem
ter dificuldades para chegar em
casa. O trânsito estará terrível."
Na rua principal da cidade de
cerca de 15 mil habitantes, o comerciante que expõe a chuteira
de Pelé na vitrine parece mais
empolgado. Ontem Rainer Möller dava acabamento ao minicampo de futebol com grama
sintética, que fixou no chão da
rua em frente à loja.
Em outro clima, um pequeno
grupo de pacifistas descabelados dirigia pequena manifestação ao lado do posto de credenciamento de jornalistas, perto
do aeroporto de Frankfurt.
Perto do hotel, nos campos
afastados da cidade, o morango
é vendido a preço de banana.
Ali, o próprio comprador colhe a fruta (suculenta, doce e
sem agrotóxico) e a pesa na barraca capitaneada pela bonachona Gaby Oehm, 55. "Já comeu
iguais?", diz ela à reportagem e
equipe. Não, concordam todos.
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