São Paulo, sexta, 5 de junho de 1998

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Entidade francesa quer paralisar transporte durante o primeiro dia da Copa com a intenção de pressionar o governo
Sindicato vai parar os trens

RODRIGO AMARAL
de Paris

Se depender de Rémi de Bouteiller, os torcedores podem ficar sem trens no primeiro dia da Copa do Mundo da França.
Bouteiller é o secretário-geral da FGAAC, a entidade sindical francesa que convocou uma greve dos condutores de trem a partir do dia 10 de junho, data da primeira rodada do torneio mundial.
Bouteiller encara a competição como um instrumento de pressão sobre o governo, que controla a SNCF, empresa francesa que administra o sistema de trens.
A FGAAC é o maior sindicato do setor. Leia a seguir trechos da entrevista que Bouteiller concedeu ontem à Folha.

Folha - Por que justamente o dia 10 de junho, data da abertura da Copa, foi escolhido para o início da greve dos trens?
Rémi de Bouteiller -
Não escolhemos a Copa em especial. Como prova, apresentamos nossas reivindicações em novembro do ano passado. Tivemos encontros com a direção da SNCF, que jamais aceitou negociar. Mas, mesmo assim, já fizemos greves em janeiro e em abril.
Folha - A Copa é um bom instrumento de pressão?
Bouteiller -
Sim. A SNCF é um dos parceiros oficiais da Copa. Os condutores terão que se dedicar integralmente ao trabalho para levar os torcedores aos estádios. Não haverá folgas, férias ou nada: simplesmente teremos trabalho. A empresa, por isso, deveria fazer um gesto em nossa direção.
Folha - O sr. não teme uma reação negativa da opinião pública?
Bouteiller -
Sabemos que vamos incomodar os franceses e os turistas que querem ver os jogos durante a realização da Copa do Mundo, em toda a França. Mas não podemos ficar pensando nisso. Acredito que toda greve é impopular.
Folha - Isso não pode influenciar a decisão de parar os trens durante a realização da Copa?
Bouteiller -
Não. A opinião pública vai fazer pressão sobre o governo francês, que vai ordenar à direção da SNCF que negocie conosco. Isso é o que procuramos.



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