São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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Técnico alavanca banco, cerveja e até culto a santa

DO ENVIADO A LISBOA

Não é só a seleção portuguesa que virou multiuso. Scolari também. Serve para vender o Banco Espírito Santo, um dos patrocinadores oficiais do time, que, presunçosamente, anuncia que, "no apoio à seleção, somos campeões do mundo".
Mas, atenção, é uma via de duas mãos: segundo o jornal esportivo "Gol", o primeiro a dar a notícia, Scolari fica mais dois anos no comando do time português graças justamente ao patrocínio do BES. De acordo com o jornal, Scolari ganhará 1,5 milhão por ano ou R$ 11 mil por dia (sim, por dia).
Scolari também é ponto de venda para a mais recente invenção do mundo dos negócios, o "coaching". O técnico aparece na capa do suplemento econômico do "Diário de Notícias" de ontem, como ilustração para reportagem em que se anuncia que "o coach [técnico] já é uma figura importante no seio das organizações". Significa "o elemento que sabe potenciar o melhor e eliminar o pior em cada "jogador" e ajuda a incrementar a produtividade da empresa".
É bom lembrar que Carlos Alberto Parreira, antes de perder da França, também dava palestras sobre organização, motivação etc.
Scolari e a seleção servem igualmente para vender produtos aparentemente opostos, como fé e cerveja.
A Tagus infiltrou-se na Copa, embora a patrocinadora oficial da seleção seja a Sagres, e está anunciando que distribuirá 50 mil litros de cerveja de graça para o público, se Portugal for campeão.
"A Bola", explorando a fé, outra característica muito associada aos portugueses, traz como manchete de capa: "Deus está com Portugal". Só que se trata de um deus nada católico, o jogador argentino Diego Maradona, que anunciou que torce agora por Portugal.
Scolari não é avesso à fé. Tanto que Alexandre Pereira conta ontem, também em "A Bola", que ele e a mulher Carla visitaram Nossa Senhora de Caravaggio, perto de Milão, santa de devoção da família Scolari. Consta que Maria apareceu à camponesa Gianetta, em 1432. Relata Alexandre Pereira: "Depois de provarmos a água santa que brota da fonte no exacto local da aparição, a Carla decide comprar uma figura para oferecer a Felipão após o regresso a Portugal".
Crendice? Pode ser, mas o fato é que João Miguel Tavares, o irônico colunista das terças-feiras do "Diário de Notícias", diz ter-se rendido finalmente à Nossa Senhora de Fátima, a que apareceu às pastorinhas e contou três segredos a elas. Tudo porque a mulher do goleiro Ricardo mostrou na TV uma imagem da santa "rodeada por velas, a vigiar um par de luvas Nike idênticas às que o guarda-metas tem usado no Mundial" (com elas defendeu três pênaltis contra a Inglaterra).
O artigo chama-se "O quarto milagre de Fátima". (CR)


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