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Técnico alavanca banco, cerveja e até culto a santa
DO ENVIADO A LISBOA
Não é só a seleção portuguesa
que virou multiuso. Scolari
também. Serve para vender o
Banco Espírito Santo, um dos
patrocinadores oficiais do time,
que, presunçosamente, anuncia que, "no apoio à seleção, somos campeões do mundo".
Mas, atenção, é uma via de
duas mãos: segundo o jornal esportivo "Gol", o primeiro a dar
a notícia, Scolari fica mais dois
anos no comando do time português graças justamente ao
patrocínio do BES. De acordo
com o jornal, Scolari ganhará
1,5 milhão por ano ou R$ 11 mil
por dia (sim, por dia).
Scolari também é ponto de
venda para a mais recente invenção do mundo dos negócios, o "coaching". O técnico
aparece na capa do suplemento
econômico do "Diário de Notícias" de ontem, como ilustração para reportagem em que se
anuncia que "o coach [técnico]
já é uma figura importante no
seio das organizações". Significa "o elemento que sabe potenciar o melhor e eliminar o pior
em cada "jogador" e ajuda a incrementar a produtividade da
empresa".
É bom lembrar que Carlos
Alberto Parreira, antes de perder da França, também dava
palestras sobre organização,
motivação etc.
Scolari e a seleção servem
igualmente para vender produtos aparentemente opostos, como fé e cerveja.
A Tagus infiltrou-se na Copa,
embora a patrocinadora oficial
da seleção seja a Sagres, e está
anunciando que distribuirá 50
mil litros de cerveja de graça
para o público, se Portugal for
campeão.
"A Bola", explorando a fé, outra característica muito associada aos portugueses, traz como manchete de capa: "Deus
está com Portugal". Só que se
trata de um deus nada católico,
o jogador argentino Diego Maradona, que anunciou que torce agora por Portugal.
Scolari não é avesso à fé.
Tanto que Alexandre Pereira
conta ontem, também em "A
Bola", que ele e a mulher Carla
visitaram Nossa Senhora de
Caravaggio, perto de Milão,
santa de devoção da família
Scolari. Consta que Maria apareceu à camponesa Gianetta,
em 1432. Relata Alexandre Pereira: "Depois de provarmos a
água santa que brota da fonte
no exacto local da aparição, a
Carla decide comprar uma figura para oferecer a Felipão
após o regresso a Portugal".
Crendice? Pode ser, mas o fato é que João Miguel Tavares, o
irônico colunista das terças-feiras do "Diário de Notícias",
diz ter-se rendido finalmente à
Nossa Senhora de Fátima, a
que apareceu às pastorinhas e
contou três segredos a elas. Tudo porque a mulher do goleiro
Ricardo mostrou na TV uma
imagem da santa "rodeada por
velas, a vigiar um par de luvas
Nike idênticas às que o guarda-metas tem usado no Mundial"
(com elas defendeu três pênaltis contra a Inglaterra).
O artigo chama-se "O quarto
milagre de Fátima".
(CR)
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