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Seleção não treinou a "linha burra"
Atletas negam versão de Roberto Carlos de que havia combinação para deixar franceses impedidos na jogada do gol
"Dida é que dava orientação
para não entrar na área", diz
Cicinho, que, como Rogério,
lembrou que Parreira nunca
levou em conta a estratégia
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No jogo mais importante da
seleção na Copa, contra a França, tudo deveria estar combinado -marcação individual, jogadas ensaiadas. Mas versões diferentes de jogadores para a falha da defesa brasileira no gol
francês mostram que ou as ordens de Carlos Alberto Parreira
não foram seguidas ou havia
instruções contraditórias sobre
como parar os adversários.
No lance decisivo, Henry, autor do gol, e mais quatro jogadores franceses enfrentaram só
três brasileiros, Juan, Lúcio e
Gilberto Silva, após a cobrança
de uma falta por Zidane. Cinco
atletas ficaram parados próximos da linha da grande área.
Entre eles, Roberto Carlos,
que era o mais próximo a
Henry -ele abaixou para ajeitar a meia enquanto o francês
avançava. O lateral se isentou
de culpa ao afirmar que havia
uma combinação para fazer a
linha de impedimento, que não
foi seguida por três deles.
"Tinha uma orientação de
que se ficasse em linha, mas
nem sempre era cumprida. O
Dida que dá a orientação para
não entrar [na área]", declarou
o lateral reserva Cicinho, que
entrou no fim do jogo e esteve
ontem no centro de treinamento do São Paulo.
Mas o próprio jogador reconheceu que a jogada nunca foi
treinada por Parreira. Segundo
ele, era combinada apenas entre os atletas -o técnico somente tomava conhecimento.
"É de improviso, na hora."
Parreira, realmente, incentivava os jogadores a se reunirem
para conversarem sobre o time
e até darem sugestões táticas.
Fora de campo, o goleiro reserva Rogério confirmou que o
técnico nunca treinou linha de
impedimento. E desconhecia a
combinação. "Mas eu não estava jogando", ressalvou.
Ele afirmou que, no São Paulo, os atletas não usam a prática
de deixar adversários em posição ilegal sem que exista uma
instrução do treinador.
Integrante do elenco da seleção, depois cortado, Edmílson
também não se lembra de o técnico ter treinado linha de impedimento. Disse que havia prioridade para treinos físicos.
Ao comentar a eliminação,
Parreira disse que houve falha
de marcação, mas não falou na
prática da linha de impedimento. Disse que, no setor em que
estava Henry, poderiam estar
Kaká, um dos laterais (Cafu e
Roberto Carlos) ou Zé Roberto.
Último citado, o meia e mostrou desconhecer a orientação
de cobrir o setor ou a saída da
área nas bolas paradas.
"Sempre recebi orientação
de ficar na barreira ou no rebote. Henry estava só. Alguém deveria estar naquele setor. Foi
falta de atenção. Ficou faltando
algum jogador", explicou Zé
Roberto à ESPN Brasil.
E ainda fez críticas indiretas
a Parreira por não pedir marcação individual em Zidane. "Já
na primeira parte ele teve liberdade. Cada treinador tem um
conceito. De repente, seria viável botar um homem nele."
Sem se entenderem, o técnico e os atletas brasileiros deixaram os craques franceses jogarem, e o Brasil voltou mais cedo
do que o previsto para casa.
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