São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

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GUERRA FRIA

CHINA >> RAUL JUSTE LORES

O umbigo do mundo

UMA DAS MAIS procuradas seções das livrarias chinesas é a dos "manuais para se conseguir uma vaga nas universidades americanas". Dezenas de pais folheiam os livros que prometem dicas para seus filhos entrarem em Harvard ou Yale.
O crescimento econômico superlativo da China na última década, que fermentou o nacionalismo, ainda não evita que os locais acreditem que um pé e um visto nos EUA sejam garantias de segurança no futuro.
Na China, os EUA significam prosperidade - algo que resiste ao antiamericanismo fomentado pelo regime. Se você ignorar os caracteres chineses e um punhado de construções históricas, até a Pequim de hoje passa facilmente por uma cidade americana. Shoppings e condomínios são chamados de Palm Springs, Central Park, Moma e World Trade Center.
Casais marcam o primeiro encontro em lanchonetes KFC e Outback, que têm status maior aqui do que nos EUA.
As duas potências têm mais pontos em comum do que desconfiam. Têm grandes populações monoglotas, com devota fixação em seu umbigo, e pouquíssimo interesse no que se passa além de suas fronteiras.
Ambos os povos acreditam que foram escolhidos para estar no centro do universo.
O nome da China, "país do centro" (Zhongguo, em chinês), não deixa dúvidas quanto à posição da nação no mundo. Os últimos séculos, de isolamento e decadência, são apenas um lapso - e o Ocidente é culpado por isso. Em abril, milhões de chineses protestaram na internet contra a CNN e a mídia ocidental por "distorcerem" a imagem do país.
Para 5% dos chineses, seu país é a maior potência mundial, ou 53% deles acreditam que o país vai superar os EUA em breve, segundo pesquisa do instituto Pew.
Mas, enquanto esse dia não chega, melhor não arriscar. 70% dos estudantes que migram para os EUA não voltam.


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