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FUTEBOL
Galo, Galo, Galo!
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Enorme leitor, desmedida leitora, muito já se falou do
Cruzeiro, merecido campeão da
Série A, e do Palmeiras, heróico
vencedor da Série B. E eles mereceram cada ponto de exclamação.
Mas agora chega! Voltar a eles seria como tomar café requentado e
comer pão duro com manteiga
rançosa.
Experimentemos então um desjejum mais fresco. Falemos do
grande Ituano, provável campeão
da Série C e primeiro clube classificado para a disputa da Segundona em 2004.
Anteontem, graças a um gol do
ex-coritibano Jabá (aquele que
recebeu um cartão por driblar demais), o colossal Galo (sim, caros
atleticanos, o vosso time não é o
único do terreiro ou, vá lá, dos estádios) derrotou o Campinense
no estádio Novelli Júnior e chegou
a dez pontos, garantindo sua classificação.
Para todos os efeitos, o desmesurado clube ainda pode ser alcançado pelo Santo André, mas
isso pouco importa, porque na Série C, assim como na Série B, o vice-campeonato e o título têm
mais ou menos o mesmo valor.
O Ituano nasceu em 1947. Como
a Ferroviária, o Nacional, o Noroeste e tantas outras agremiações, deve seu surgimento ao futebolzinho de fim de semana jogado por funcionários da estrada de
ferro, transporte elegante que
marcou a nossa história antes da
atual opção por congestionamentos, poluição e pedágios.
Desde então foram décadas de
pequenez, até que, mais recentemente, a diretoria resolveu adotar um planejamento racional e
com metas de médio e longo prazo. Não demorou muito e a grandeza apareceu.
Nem todo mundo se lembra,
mas o Ituano foi o supremo vencedor do Campeonato Paulista de
2002. Tudo bem que Corinthians,
Palmeiras, Santos e São Paulo
não disputaram a competição
naquele ano, mas troféu é troféu,
e ele foi para a sede do Ituano.
Para conseguir o acesso à Série
B, o rubro-negro passou por momentos de demasiada aflição.
Quando enfrentou compadres
caipiras, parecia que estava brincando de gangorra. Ganhando
em casa e perdendo fora de União
Barbarense, Internacional de Limeira e XV de Piracicaba, o time
sobrevivia.
Vieram, então, os mata-matas.
Primeiro contra o União Bandeirante e, depois, duas vezes contra
o mesmo adversário: o RS de Paulo César Carpegiani. Com extremo sofrimento, o Ituano seguiu
em frente.
Quando passou a disputar o
quadrangular decisivo, porém, o
time se acertou e começou a mostrar sua enormidade.
Para manter a convenção, o time de Itu teve aproveitamento de
100% nos jogos disputados em casa e ainda conseguiu um nebuloso empate diante do Santo André,
no ABC.
A cidade dos superlativos, que
tem uma cabine telefônica imensa e um semáforo gigantesco
diante da Igreja Matriz de Nossa
Senhora da Candelária, agora
exibe um novo item para os turistas fotografarem: um sorrisão que
vai de orelha a orelha.
Deslize 1
O Santo André realizou a façanha de perder em casa para um
Botafogo da Paraíba desfalcado. Agora o time terá de vencer
o ainda esperançoso Campinense no domingo em Campina Grande. Pior é que, com a vitória, o Botafogo voltou a respirar por aparelhos (precisa golear o Ituano em João Pessoa e
esperar um 0 a 0 entre Santo
André e Campinense). A Série
A terminou com duas rodadas
de antecedência e a Série B,
com uma. A Terceirona, porém, só vai ser decidida, literalmente, no calor da hora.
Deslize 2
Devia haver um troféu para os
goleadores que casam gols com
expulsões. E poderia se chamar
Troféu Chulapa. O ganhador
do ano seria, com todas as
honras, Luis Fabiano.
E-mail torero@uol.com.br
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