DOS ENVIADOS A GOIÂNIA

A histórica invasão corintiana a Goiânia teve briga com a torcida do Goiás, agressão a palmeirense, fila em supermercado e piquenique em volta do estádio, dividido entre os fãs dos dois times.
Cerca de 25 mil corintianos acompanharam a equipe do Parque São Jorge. Mais de cem ônibus com torcedores corintianos, que saíram de São Paulo e outras cidades, foram a Goiânia.
Depois do segundo gol, marcado por Coelho, a invasão chegou ao gramado, com a entrada de dois torcedores no campo.
Na história do clube, a tarde de ontem só pode ser comparada ao dia em que os torcedores do time invadiram o Maracanã, na disputa com o Fluminense por uma vaga na final do Brasileiro de 1976.
Ontem, os comboios foram escoltados pela Polícia Rodoviária desde a chegada à capital goiana até o Serra Dourada.
No estádio, o momento de maior tensão ocorreu cerca de duas horas antes da partida, quando aconteceu um confronto entre os torcedores, que terminou com outro choque envolvendo a Polícia Militar local.
A confusão começou quando corintianos passaram por uma das entradas dos rivais. Foram encurralados e agredidos. Reagiram, e começou uma guerra com garrafas, cadeiras, rojões e até uma bomba caseira. Houve correria, e a PM agiu inicialmente com seis policiais a cavalo. Mais de 2.000 pessoas se envolveram na briga. Pelo menos quatro torcedores ficaram feridos sem gravidade, segundo a PM. Ao menos 30 brigões foram presos.
O tumulto só foi controlado com a chegada de reforço -700 policiais trabalharam no estádio.
Segundo o coronel da PM Valdivino Esmeraldo, os corintianos procuraram o confronto.
Na rampa que dá acesso ao portão principal, fãs do time rival também se misturaram. Os torcedores paulistas fizeram um cordão de isolamento para verificar quem estava com a camisa do adversário. Agrediram e queimaram a camiseta de um palmeirense.
Até torcedoras que vestiam camisas com os escudos de Goiás e Corinthians foram hostilizadas. Como se estivessem controlando a segurança no estádio, um grupo de corintianos se reuniu e decidiu permitir a passagem pelo cordão dos seguidores do time local.
A capital de Goiás amanheceu tomada por corintianos e aos gritos de "Vai "Curintia'".
Nos supermercados, as filas ficaram repletas de torcedores com a camisa do time paulista. Os que chegaram pela manhã acamparam em volta do estádio, fizeram bandeiras do clube de esteira e organizaram piqueniques. Alguns levaram marmitas. Pelas ruas, a atmosfera alvinegra foi enfeitada por muitos torcedores imitando o corte de cabelo de Carlitos Tevez.
Ontem, dentro do estádio, contrastando com a violência de fora, foram distribuídos pôsteres duplos: de um lado o Corinthians, campeão brasileiro, do outro, o Goiás na Libertadores.
Dentro do estádio, a primeira explosão de alegria aconteceu com o anúncio do gol de pênalti do Coritiba contra o Inter, antes mesmo de o jogo em Goiânia começar. O tento foi celebrado como se fosse do time paulistano. Foi também a primeira vez no estádio que o torcedores soltaram o grito de campeão. O gol do Goiás, no final, calou os corintianos que só se soltaram de novo instantes antes do apito final. (EDUARDO ARRUDA E RICARDO PERRONE)

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