São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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PINGUE-PONGUE

"Vendo até a alma pelo clube", diz Alberto Dualib

DA REPORTAGEM LOCAL

DO PAINEL FC

Alberto Dualib, 85, presidente do Corinthians, afirmou que a conquista do título brasileiro vai apagar os problemas da parceria do clube com a MSI.
Aos 85 anos, o homem que comanda a agremiação do Parque São Jorge desde 1993 comemora seu 15º troféu na equipe e disse que até vende a alma para ter sucesso com o time.
"O presidente do Corinthians tem que ter desprendimento para vender até a alma se for necessário para dar alegria a 30 milhões de corintianos", declarou Dualib em entrevista à Folha antes da partida contra a Ponte Preta.
O dirigente também falou que Carlitos Tevez, herói da conquista corintiana, virou o fiel da balança do destino do clube nos próximos meses. É hoje, segundo o cartola, o maior símbolo da parceria com a MSI. "Se tirar o Tevez, tira a parceria", afirmou. (EDUARDO ARRUDA E RICARDO PERRONE)

Folha - O que representa esse título brasileiro?
Alberto Dualib -
Eu reputo como o maior título da história. Nós alavancamos o futebol brasileiro. O conceito do Corinthians é o melhor possível. E também foi um dos mais difíceis porque foi por pontos corridos. Sempre ficamos no meio do caminho nesse sistema.

Folha - O que foi feito para que os problemas envolvendo a parceria não afetassem o time dentro de campo?
Dualib -
Nós fizemos uma blindagem, dizendo a cada jogador que o título valia mais do qualquer conflito. Na história, vai ficar o Corinthians como campeão.

Folha - Uma das medidas adotadas foi reajustar o salário dos pratas da casa?
Dualib -
Fez parte sim. Você deixa a revelação com um pouco mais de valores para que possam viver melhor. Ter seu carro, sua casa. Mas eu sei que no futuro vão querer mais.

Folha - Qual foi a participação do clube na conquista?
Dualib -
Temos 70% de participação do Corinthians. Pelo nosso trabalho nos últimos dez anos revelando jogadores para completar o elenco. E nós procuramos doutriná-los para que houvesse entre os atletas entrosamento. Os de casa sentem ciúmes dos que vêm porque os que chegam ganham mais.

Folha - E ninguém sai?
Dualib -
Não. Os que estão aí são para três, quatro anos. O Tevez eu estou falando, é para ficar cinco anos aqui. Parceiro nenhum vai tirar ele daqui. Se isso acontecer, o parceiro vai ser linchado pela torcida.

Folha - Mas o senhor pode garantir isso?
Dualib -
Três anos eu estou garantindo. Todos.

Folha - Mas isso é um acordo com o parceiro?
Dualib -
É um acordo de três anos.

Folha - E se a MSI quiser vender o atleta antes disso?
Dualib -
Não vai ter condições de fazer isso. Eles contrataram um jogador que é ídolo. Tirar o Tevez daqui é tirar a parceria. É o grande símbolo da parceria. É o que mais camisas vende. Ele é hoje o sucessor do Marcelinho. As crianças estão cortando o cabelo igual a ele.

Folha - E se ele quiser sair?
Dualib -
O Tevez é muito novo. Tem que ganhar uns três, quatro títulos.

Folha - Se o senhor sair, a parceria corre riscos?
Dualib -
Eu não sei. Tem aquele ditado: "Quem pariu que embale". Ninguém quer saber de quanto foi o contrato. Quer saber de ganhar título. De onde vem recurso também não interessa. Eu também sabia que o presidente do Corinthians tem que ter desprendimento para vender até a alma se for necessário para dar alegria a 30 milhões de corintianos.

Folha - E o senhor vendeu sua alma?
Dualib -
Não, ela é invendável. O que eu disse é que precisamos ter desprendimento para vendê-la.

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