São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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ARTIGO

O Timão leva a taça

ANTONIO ROQUE CITADINI
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Corinthians vence o Brasileiro de 2005 e conquista o seu quarto título na- cional nos últimos 15 anos com o melhor time, a melhor campanha e toda a emoção que as batalhas do Timão sempre provocam.
Nós, corintianos, devemos comemorar esta vitória com a mesma alegria e júbilo como fizemos na primeira conquista nacional, em 1990, com os geniais gols de Neto e as defesas de Ronaldo; em 1998 e 1999, com as peripécias de Edílson e Dinei, e com o inesquecível quadrado mágico de Rincón, Vampeta, Ricardinho e Marcelinho Carioca.
Este campeonato, que agora conquistamos, trouxe a genialidade de Tevez, o equilíbrio de Betão, os toques de Nilmar, Roger, Carlos Alberto, Eduardo, Jô, Gustavo Nery, Rosinei e tantos outros que a alegria do momento não nos permite nominar.
Nenhum dos eventos que conturbaram o torneio (suborno de juízes, anulação de jogos, decisões de tribunais, erros de arbitragem etc.) teve a mínima participação do clube ou da desastrada MSI.
Nisso tudo, somos mais vítimas do que beneficiados. Sei que muitos torcedores, alguns até corintianos fanáticos, sentem um certo constrangimento com a presença, nesta campanha, da parceira MSI, mais por seus métodos de negócios e obscura origem do que por ação efetiva no campeonato.
Nada disso deve ofuscar o brilho da vitória! Na sua genialidade, Tevez já resolveu o problema relativo à parceria, quando, ao ser questionado, falou à "Veja": "Não trabalho para a MSI".
Os marqueteiros "emesseístas" continuarão esforçando-se em divulgar virtudes inexistentes, procurando identificar nos negócios da empresa o verdadeiro valor da vitória. Nada disso sobreviverá: a conquista é da torcida, dos atletas, dos técnicos e do clube, e não de uma jogada cambial ou de um contrato de patrocínio ou publicidade circulando na sombra por aí.
Recordo-me, quando se trata deste tipo de discussão, do dilema vivido por muitos na Copa de 1970: admiradores do futebol e, ao mesmo tempo, oposicionistas do governo militar, temiam que a vitória no México viesse a ser capitalizada como uma conquista do regime. Nada disso ocorreu. Os gols geniais de Pelé, as patadas de Rivellino, as jogadas de Gérson e Tostão alegraram o povo brasileiro, mas não esconderam a censura, cassações e ausência de eleições e de liberdade. Poucos anos após, o povo entrou em campo e virou o jogo. As arrancadas de Tevez, os gols de Nilmar, os chutes de Gustavo Nery são alegria pura do futebol corintiano, e não atos de convalidação dos negócios sombrios da MSI.
Sabe-se lá por quanto tempo, embora isto não seja problema de jogadores ou de torcedores, mas de dirigentes. Salve o Corinthians, o maior "campeão dos campeões" do país!


Antonio Roque Citadini, 55, é vice-presidente do Corinthians

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