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ARTIGO
O Timão leva a taça
ANTONIO ROQUE CITADINI
ESPECIAL PARA A FOLHA
O Corinthians vence o
Brasileiro de 2005 e conquista o seu quarto título na-
cional nos últimos 15 anos com
o melhor time, a melhor campanha e toda a emoção que
as batalhas do Timão sempre
provocam.
Nós, corintianos, devemos comemorar esta vitória com a
mesma alegria e júbilo como fizemos na primeira conquista
nacional, em 1990, com os geniais gols de Neto e as defesas de
Ronaldo; em 1998 e 1999, com as
peripécias de Edílson e Dinei, e
com o inesquecível quadrado
mágico de Rincón, Vampeta, Ricardinho e Marcelinho Carioca.
Este campeonato, que agora
conquistamos, trouxe a genialidade de Tevez, o equilíbrio de
Betão, os toques de Nilmar, Roger, Carlos Alberto, Eduardo, Jô,
Gustavo Nery, Rosinei e tantos
outros que a alegria do momento não nos permite nominar.
Nenhum dos eventos que conturbaram o torneio (suborno de
juízes, anulação de jogos, decisões de tribunais, erros de arbitragem etc.) teve a mínima participação do clube ou da desastrada MSI.
Nisso tudo, somos mais vítimas do que beneficiados. Sei
que muitos torcedores, alguns
até corintianos fanáticos, sentem um certo constrangimento
com a presença, nesta campanha, da parceira MSI, mais por
seus métodos de negócios e obscura origem do que por ação
efetiva no campeonato.
Nada disso deve ofuscar o brilho da vitória! Na sua genialidade, Tevez já resolveu o problema
relativo à parceria, quando, ao
ser questionado, falou à "Veja":
"Não trabalho para a MSI".
Os marqueteiros "emesseístas" continuarão esforçando-se
em divulgar virtudes inexistentes, procurando identificar nos
negócios da empresa o verdadeiro valor da vitória. Nada disso sobreviverá: a conquista é da
torcida, dos atletas, dos técnicos
e do clube, e não de uma jogada
cambial ou de um contrato de
patrocínio ou publicidade circulando na sombra por aí.
Recordo-me, quando se trata
deste tipo de discussão, do dilema vivido por muitos na Copa
de 1970: admiradores do futebol
e, ao mesmo tempo, oposicionistas do governo militar, temiam que a vitória no México
viesse a ser capitalizada como
uma conquista do regime. Nada
disso ocorreu. Os gols geniais de
Pelé, as patadas de Rivellino, as
jogadas de Gérson e Tostão alegraram o povo brasileiro, mas
não esconderam a censura, cassações e ausência de eleições e
de liberdade. Poucos anos após,
o povo entrou em campo e virou
o jogo. As arrancadas de Tevez,
os gols de Nilmar, os chutes de
Gustavo Nery são alegria pura
do futebol corintiano, e não atos
de convalidação dos negócios
sombrios da MSI.
Sabe-se lá por quanto tempo,
embora isto não seja problema
de jogadores ou de torcedores,
mas de dirigentes. Salve o Corinthians, o maior "campeão
dos campeões" do país!
Antonio Roque Citadini, 55, é vice-presidente do Corinthians
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