São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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Com 3.000 PMs, capital paulista fica sitiada

KLEBER TOMAZ
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Brigas agendadas via internet, jogos de São Paulo e Palmeiras ocorrendo ao mesmo tempo na capital paulista, e a mobilização de torcedores corintianos para a comemoração do título. O cenário, que prenunciava tumultos envolvendo torcidas rivais, foi ignorado pela CBF. E levou a Polícia Militar a sitiar São Paulo.
Mais de 3.000 PMs, de diversos batalhões, foram postos nas ruas, além do contingente que normalmente faz o policiamento na cidade. Mas nem um dos maiores esquemas de segurança foi capaz de evitar que são-paulinos e palmeirenses entrassem em confronto na tarde de ontem.
Por volta das 14h, duas horas antes do início das 11 partidas da rodada final do Campeonato Brasileiro, na estação Dom Pedro 2º do Metrô, na região central, quatro torcedores do Palmeiras e três do São Paulo foram detidos, por PMs e agentes de segurança do local, após causarem tumulto em um vagão da composição.
Além dos estádios do Morumbi e do Parque Antarctica, os policiais haviam sido colocados nas proximidades de estações do Metrô, terminais da CPTM, de ônibus. Atenção especial foi dada às estações Barra Funda e Tatuapé. Nesta última, Diogo Lima Borges, o Muñoz, 23, membro da Mancha Alviverde, torcida organizada palmeirense, foi morto com um tiro ocorrido em briga com corintianos marcada pela internet, antes do clássico Palmeiras e Corinthians, dia 16 de outubro.
"Nunca vi nada igual. Essa ação toda só está ocorrendo porque aquele palmeirense [Muñoz] foi morto", disse o tenente Rubens Cardoso, do 8º Batalhão da PM.
Com a medida de se aumentar o efetivo, muitos policiais militares tiveram suas folgas cassadas. "Fazer o quê? Se o comandante está trabalhando por que nós não vamos estar?", afirmou o cabo Diogo, do 21º BPM.
Mas também teve quem comemorou. "Nossa estação ficou manchada pela morte do palmeirense. Os policiais intimidam quem quiser fazer besteira de novo", disse Silvio Alberto, encarregado da CPTM.
Mas se dependesse do tenente-coronel Luiz Serpa, comandante do 2º Batalhão de Choque, responsável pela segurança nos estádios, esse montante de policiais não precisaria trabalhar se a CBF tivesse aceito seu pedido para que a entidade antecipasse os jogos Palmeiras x Fluminense (Parque Antarctica) e São Paulo x Atlético-PR (Morumbi). O pedido, porém, não foi atendido pela entidade na última terça-feira.
Ontem, investigadores da Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano de São Paulo), na estação de metrô Barra Funda, onde o caso foi registrado, informaram que o palmeirense L.B.S., 17, foi agredido por são-paulinos após ter sido obrigado a tirar a camisa do clube que vestia.
Todos os envolvidos -dentre os quais mais três adolescentes - assinaram um termo circunstanciado como autores de rixa, que, devido a pena branda (de 15 dias a dois meses de detenção), leva a Justiça a estipular trabalhos comunitários e multa aos culpados. Eles foram liberados após prestarem depoimento. A polícia também apreendeu três rojões.
"Estava no vagão à paisana. Foram 30 são-paulinos e um grupo menor do Palmeiras", relatou o tenente Marcelo das Graças de Souza, comandante do 13 BPM.

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