São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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Belluzzo nega culpa por violência

Presidente do Palmeiras diz não haver relação entre as últimas polêmicas e onda de ira de torcedores

Cartola cita briga de torcida com Luxemburgo, em 2008, ao contestar ser responsável por emboscada à delegação e por agressão a Vagner Love

RENAN CACIOLI
ENVIADO ESPECIAL A ITU

"Um exagero." Foi assim que o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, classificou a relação entre suas polêmicas declarações nas últimas semanas e a onda de violência da torcida do time com os jogadores.
"Não dá para relacionar as duas coisas. No ano passado, quando foram lá bater no Luxemburgo, eu não tinha falado nada", disse o mandatário.
Ele se referiu à confusão ocorrida no desembarque palmeirense no aeroporto de Congonhas, há cerca de um ano, quando o então treinador da equipe, Vanderlei Luxemburgo, acusou integrantes da torcida organizada Mancha Alviverde de tê-lo agredido.
Na época, Belluzzo ainda não ocupava a presidência, nas mãos de Affonso della Monica.
Suspenso na esfera desportiva até agosto do ano que vem, por conta das ofensas proferidas contra o árbitro Carlos Eugênio Simon, o dirigente conversou por apenas alguns minutos com a reportagem.
Ele negou por duas vezes que suas palavras pudessem, mesmo que indiretamente, ter influenciado as recentes manifestações violentas da torcida.
No sábado, o ônibus que trazia a delegação palmeirense de volta de Itu, onde o elenco permanecia concentrado para o jogo contra o Atlético-MG, foi alvo de emboscada na rodovia Castelo Branco. Um grupo de torcedores não identificados arremessou pedras contra as janelas do veículo alviverde.
Três dias depois, o atacante Vagner Love foi cercado por três membros da Mancha Alviverde quando deixava uma agência bancária na zona oeste da cidade. Houve troca de agressões, e o jogador teve suas roupas rasgadas. Os agressores de Love foram detidos no mesmo dia e continuam presos no Centro de Detenção Provisória de Vila Independência.
O atacante Lenny já havia sido ameaçado uma semana antes na mesma agência.
Ambos os episódios ocorreram menos de um mês depois de Belluzzo ter afirmado que "daria uns tapas" em Simon, por conta de um erro do árbitro na derrota para o Fluminense, e de ter sido flagrado em festa da Mancha dizendo "Vamos matar os bambis", em referência jocosa aos são-paulinos.
"Não foi porque eu disse "vamos ganhar dos são-paulinos" ou "vamos matar os bambis" que tudo isso aconteceu. As razões são outras", afirmou o mandatário, sem especificar quais.
Belluzzo foi ontem se encontrar com o elenco, que mais uma vez se refugiou no interior do Estado com vistas à partida de amanhã, diante do Botafogo, no Rio, que definirá o planejamento do próximo ano.
"Vou lá passar um apoio para os jogadores", disse o presidente, que estava ausente desde que o vídeo mostrando sua participação na festa da Mancha se espalhou pela internet.
O Palmeiras volta hoje de Itu. Chegando à capital, deverá seguir, em voo fretado, para o Rio. A diretoria não tem divulgado os passos da equipe para evitar multidão e contatos com a ala mais exaltada da torcida.
"Os jogadores ficaram assustados, é claro. Poderia ter acontecido uma tragédia no sábado", afirmou o técnico Muricy Ramalho, citando o caso do apedrejamento no ônibus.


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