São Paulo, domingo, 06 de março de 2011

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PAULO VINICIUS COELHO

Refém do sucesso


Se quiser ser o Barcelona do Brasil, o Santos não deve apostar no DNA, mas em formação

O SANTOS fechou o ano passado com 176 gols em 74 jogos, o melhor ataque desde que o time de Pelé anotou 182 gols, em 1972, e a melhor média desde os 3,27 de 1970. Segundo o presidente Luis Alvaro, Adilson Batista foi demitido por não entender que o DNA do Santos é o ataque. Mas, nos primeiros quatro jogos de 2011, Adilson escalou um time que marcou 14 vezes, média de 3,5 por partida, melhor do que em 2010 e do que em 1970.
Contra o Cerro Porteño, na quarta-feira, os 6.000 torcedores que pagaram ingresso assistiram a um time que buscava o gol... desordenadamente. Apressado, fazia passes longos e cometia erros. Empatou por 1 a 1 e agora corre o risco de eliminação na primeira fase da Libertadores, o que só aconteceu uma vez em suas dez participações no torneio continental.
Fazer gols e jogar bonito foi a marca dos melhores times do Santos, mas não é verdade que o Santos só foi campeão com ataques centenários.
Os meninos da Vila, versão 1978, são o exemplo mais bem acabado disso. Eram velozes e insinuantes, jogavam bonito, mas marcaram 80 gols em 56 partidas de Paulistão. Menos de 1,5, em média.
Se a lei do Santos obrigasse a punir todo time que se veste de branco e não honra seu DNA do ataque, o título de 1978 teria de ser revogado.
Ninguém quer acabar com a vocação ofensiva de Neymar, Zé Love, Maikon Leite e Paulo Henrique Ganso. Nem Adilson Batista, que acertou sua saída da Vila e viajou para Curitiba dizendo que pretendia assistir a Valencia x Barcelona. "O Barça é minha referência", disse o treinador demitido.
O time de Messi marcou 77 gols nos primeiros 26 jogos de seu campeonato nacional, média de 2,96. Está a caminho de quebrar o recorde do Real Madrid, melhor ataque de todos os tempos, com 107 gols nas 38 partidas da temporada 1989/90 (2,81 por partida). Em Valencia, o Barcelona teve jogo duro. Venceu por 1 a 0.
Se quiser ser o Barcelona do Brasil, o Santos não deve apostar no DNA, mas em formação. Educar jogadores com esse espírito em suas divisões de base e contratar os que gostam desse estilo.
Mesmo assim, inspirar-se no Barcelona implica saber que o melhor time do mundo é capaz de golear o Real Madrid por 5 a 0, mas também empatar com o Mallorca em casa por 1 a 1. No início do ano passado, ninguém desconfiava que o Santos seria o time do espetáculo. Goleou o Naviraiense por 10 a 0 e também perdeu para o Guarani por 3 a 2.

pvc@uol.com.br


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