São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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FUTEBOL

Não tem preço

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os últimos dias foram recheados de decisões em nobres disputas interclubes pelo planeta. Mesmo com só um campeão continental definido neste ano, já dá para fazer uma reflexão sobre a temporada tendo em vista o Mundial de Clubes no Japão. E a tese que veio à cabeça tem sido algo recorrente no mundo da bola.
Os times mais caros não valem quanto pesam. O exemplo maior nos três últimos anos, lógico, é o Real Madrid. O universo galáctico já motivou trocentas discussões sobre dinheiro mal gasto e não vem ao caso aqui ser repetitivo (contratações de grifes para as mesmas posições, falta de treinos, excesso de compromissos comerciais...). O sucesso atual do Barcelona estampa agora na Espanha que "o futebol venceu o marketing". Mas o time merengue não é o único milionário que não dá o retorno esportivo esperado.
Pegando a última lista dos clubes mais ricos do mundo, feita pela Deloitte & Touche, nenhum dos cinco primeiros triunfou fora de seu território nacional nesta temporada. O Real Madrid passou em branco apesar do lucro de 275,7 milhões em 2004/2005.
O Manchester United, com lucro de 246,4 milhões no mesmo período, teve que se contentar com a Copa da Liga da Inglaterra, terceiro troféu do país. O Milan, terceiro em grana ( 234 milhões), tem naufragado incrivelmente nas retas finais, especialmente na Copa dos Campeões.
A quarta equipe mais rica, a Juventus ( 229,4 milhões), mantém vocação caseira bem mais acentuada que sua faceta internacional e, pior, sobram escândalos de "camaradagem" com pessoas ligadas ao apito. Nada novo.
O quinto clube da lista talvez seja o que mais representa hoje a relação complicada entre bola e dinheiro. O Chelsea, sem dúvida, virou potência na Inglaterra, mas fez temporada pior que a passada, arrebatando "só" o Campeonato Inglês e bem mais tarde do que imaginava. Ótimo para um clube de poucas conquistas, mas pobre para quem traçou ambicioso plano de levar a Europa. A Copa dos Campeões ainda não está na conta de Roman Abramovich.
A final da Copa dos Campeões reunirá o sexto e o décimo mais ricos clubes do planeta. Mas o Barcelona ( 207,9 milhões), vale lembrar, vive à custa de seus abnegados sócios, não de patrocínios no uniforme ou de parceiros suspeitos. O Arsenal ( 171,3 milhões) assinou acordo recorde com novo parceiro (Emirates Airline), mas não investiu pesado no time, concentrando esforços e libras no novo estádio, sonho de consumo até de clubes abastados.
A final da Copa da Uefa será jogada por Sevilla e Middlesbrough, que não são poderosos nem têm taças internacionais relevantes.
E a Libertadores derrubou anteontem seu participante mais endinheirado. Com Tevez, contratação mais vultosa na América do Sul, o Corinthians ruiu ante um River Plate que hoje está desvalorizado até por sua torcida "milionária". Não vou ser babaca a ponto de dizer que dinheiro não traz felicidade. Mas serei meio babaca ao lembrar aqui aquele comercial de cartão de crédito. Algumas coisas não têm preço.

Não tem preço na Ásia
Os times japoneses quebraram na Copa dos Campeões do continente. A derrocada do Tokyo Verdy até era esperada, mas não a do Gamba Osaka. O rico Japão só terá time anfitrião mesmo no Mundial-06.

Não tem preço na Concacaf
O Saprissa do magnata Jorge Vergara ruiu. Deu América (Televisa).

Não tem preço na África
Nas próximas horas, serão fechados os oito melhores do continente. O tradicional Asante Kotoko e o emergente Enyimba são favoritos.

Não tem preço na Oceania
Larga na quarta a fase final da Copa dos Campeões. Sem australiano!

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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