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FUTEBOL
Não tem preço
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os últimos dias foram recheados de decisões em nobres disputas interclubes pelo planeta. Mesmo com só um campeão
continental definido neste ano, já
dá para fazer uma reflexão sobre
a temporada tendo em vista o
Mundial de Clubes no Japão. E a
tese que veio à cabeça tem sido algo recorrente no mundo da bola.
Os times mais caros não valem
quanto pesam. O exemplo maior
nos três últimos anos, lógico, é o
Real Madrid. O universo galáctico já motivou trocentas discussões
sobre dinheiro mal gasto e não
vem ao caso aqui ser repetitivo
(contratações de grifes para as
mesmas posições, falta de treinos,
excesso de compromissos comerciais...). O sucesso atual do Barcelona estampa agora na Espanha
que "o futebol venceu o marketing". Mas o time merengue não é
o único milionário que não dá o
retorno esportivo esperado.
Pegando a última lista dos clubes mais ricos do mundo, feita pela Deloitte & Touche, nenhum
dos cinco primeiros triunfou fora
de seu território nacional nesta
temporada. O Real Madrid passou em branco apesar do lucro de
275,7 milhões em 2004/2005.
O Manchester United, com lucro de 246,4 milhões no mesmo
período, teve que se contentar
com a Copa da Liga da Inglaterra, terceiro troféu do país. O Milan, terceiro em grana ( 234 milhões), tem naufragado incrivelmente nas retas finais, especialmente na Copa dos Campeões.
A quarta equipe mais rica, a Juventus ( 229,4 milhões), mantém vocação caseira bem mais
acentuada que sua faceta internacional e, pior, sobram escândalos de "camaradagem" com pessoas ligadas ao apito. Nada novo.
O quinto clube da lista talvez seja o que mais representa hoje a relação complicada entre bola e dinheiro. O Chelsea, sem dúvida, virou potência na Inglaterra, mas
fez temporada pior que a passada, arrebatando "só" o Campeonato Inglês e bem mais tarde do
que imaginava. Ótimo para um
clube de poucas conquistas, mas
pobre para quem traçou ambicioso plano de levar a Europa. A Copa dos Campeões ainda não está
na conta de Roman Abramovich.
A final da Copa dos Campeões
reunirá o sexto e o décimo mais
ricos clubes do planeta. Mas o
Barcelona ( 207,9 milhões), vale
lembrar, vive à custa de seus abnegados sócios, não de patrocínios no uniforme ou de parceiros
suspeitos. O Arsenal ( 171,3 milhões) assinou acordo recorde
com novo parceiro (Emirates Airline), mas não investiu pesado no
time, concentrando esforços e libras no novo estádio, sonho de
consumo até de clubes abastados.
A final da Copa da Uefa será jogada por Sevilla e Middlesbrough,
que não são poderosos nem têm
taças internacionais relevantes.
E a Libertadores derrubou anteontem seu participante mais
endinheirado. Com Tevez, contratação mais vultosa na América do Sul, o Corinthians ruiu ante
um River Plate que hoje está desvalorizado até por sua torcida
"milionária". Não vou ser babaca
a ponto de dizer que dinheiro não
traz felicidade. Mas serei meio
babaca ao lembrar aqui aquele
comercial de cartão de crédito.
Algumas coisas não têm preço.
Não tem preço na Ásia
Os times japoneses quebraram na Copa dos Campeões do continente. A derrocada do Tokyo Verdy até era esperada, mas não a do Gamba Osaka. O rico Japão só terá time anfitrião mesmo no Mundial-06.
Não tem preço na Concacaf
O Saprissa do magnata Jorge Vergara ruiu. Deu América (Televisa).
Não tem preço na África
Nas próximas horas, serão fechados os oito melhores do continente.
O tradicional Asante Kotoko e o emergente Enyimba são favoritos.
Não tem preço na Oceania
Larga na quarta a fase final da Copa dos Campeões. Sem australiano!
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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