São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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FUTEBOL

Com treinador, derrotas da seleção caem pela metade em relação às performances com o pentacampeão Scolari

Brasil leva a campo "proteção" de Parreira

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Ronaldo, que vem de três gols contra a Argentina e nunca deixou de balançar as redes nas vezes em que enfrentou o Chile, treina em Santiago para o jogo de hoje


DO ENVIADO A SANTIAGO

Perder. Com Carlos Alberto Parreira, a seleção conjuga esse verbo com uma intensidade menor do que com outros técnicos.
Somando suas três passagens pelo time nacional (a primeira na década de 80 e a segunda nos anos 90), o treinador soma 79 jogos. Nessas partidas, só perdeu nove vezes -ou 11% do total.
Na sua atual gestão, Parreira perdeu por duas oportunidades em 18 jogos, o que também dá uma proporção de 11%.
Uma comparação com dois de seus mais badalados antecessores mostra que Parreira pode não ser um dos maiores especialistas em montar times goleadores, mas sabe muito bem como fazer seu time ficar perto de ser imbatível.
Luiz Felipe Scolari deixou a seleção com o pentacampeonato, mas também com um currículo em que as derrotas respondiam por 23% do total de resultados. Vanderlei Luxemburgo não perdeu tanto, mas tem uma proporção de reveses superior à registrada por Parreira -14%. Emerson Leão conseguiu ser pior do que os dois -viu seu time ser batido em 30% dos jogos em que trabalhou.
"Para ganhar do Brasil não basta jogar bem. Tem que jogar muito bem, e isso serve para qualquer time do mundo", diz Parreira sobre a dificuldade dos adversários diante da seleção brasileira.
Se empatar ou vencer o Chile hoje, Parreira irá igualar um recorde da sua trajetória na seleção. O Brasil não perde desde a derrota para Camarões, por 1 a 0, na Copa das Confederações. Desde então fez 13 partidas. O recorde de invencibilidade da seleção em uma das passagens do treinador é de 14 confrontos, entre o final de 1993 e a decisão da Copa dos EUA.
Em Santiago, Parreira continua a falar que o resultado é o que mais importa. "O que vale nas eliminatórias são os três pontos, não tem outra razão", diz o treinador, que mesmo quando perdeu não viu seu time dar vexame. Nenhuma das nove derrotas da seleção sob seu comando foi por uma diferença maior do que dois gols.
Parreira, que levará para o vestiário a dúvida sobre quem começa o jogo como volante -Edmílson ou Gilberto Silva-, prega o discurso de que o mais importante no futebol é o equilíbrio entre defesa e ataque. E se orgulha de ver seu goleiro trabalhando pouco. "Não teve partida até agora em que o Dida tenha sido o salvador da pátria", afirma o treinador, que considera os erros da equipe superdimensionados pelos críticos.
Contra o Chile, o técnico pede uma vitória para que seu time ganhe "gordura". "Está todo mundo embolado", declara Parreira, que, apesar de perder pouco na seleção, não acha que o time terá vida fácil ao longo das eliminatórias.
"Ninguém vai se classificar com três ou quatro rodadas de antecedência", decreta o treinador, que em 1993 só garantiu a seleção na Copa dos EUA na última jornada do torneio qualificatório.
Prova da dificuldade prevista por Parreira é o estado do gramado do estádio Nacional. No treino em que realizou lá ontem, a seleção encontrou um piso irregular. (PAULO COBOS)


NA TV - Chile x Brasil, ao vivo, às 22h30, na Globo


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