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RÉGIS ANDAKU
Fazer valer o momento
Aos 35 anos, Jonas Bjorkman mostra força de adolescente e espírito vencedor em meio a tantos casos mal resolvidos
O TÊNIS hoje pertence aos novos talentos, Roger Federer à
frente, Rafael Nadal, Novak
Djokovic, Andy Murray, Richard
Gasquet, Mario Ancic, tantos outros
por aí. Os trintões, a estes hoje, que
não têm mais espaço no tênis competitivo, cabe o circuito profissional
de veteranos, aqueles torneios
"meia-boca" feitos apenas para que
eles possam desfilar seu talento sem
comprometer a história.
O discurso simplista e quase real,
de tão repetitivo, cai quando se vê o
sueco Jonas Bjorkman em quadra.
Tenista estilo gente boa, Bjorkman
poderia a esta hora estar fazendo o
que bem quisesse, em qualquer lugar do mundo. Mas segue jogando
tênis. E jogando a sério.
Aos 35 anos completados em março, Bjorkman tem em seus 16 anos
de carreira profissional mais de
1.600 jogos disputados, em simples e
duplas. Desde que cresceu, vendo os
compatriotas Mats Wilander e Stefan Edberg, ganhou 56 títulos.
Na carreira de simples, chegou a
ser número quatro do mundo, semifinalista de Grand Slam. Ganhou um
ATP Tour em seu país, perdeu para
Pete Sampras uma final de Masters
Series em Paris, jogou contra Roger
Federer em Wimbledon. Na Davis,
disputou mais de 30 confrontos, ganhou três títulos, um jogo decisivo
em casa, nas duplas, vitórias fora e
até duelo de repescagem no Brasil.
Como duplista, alcançou marcas
mais incríveis. Número um do ranking mundial, troféu nos quatro
Grand Slams, em Masters Series e
Masters. Milhões de dólares na conta corrente, uma casa em Montecarlo, uma mulher linda e um filho maravilhoso de quatro anos.
E, com tudo isso, lá estava Bjorkman anteontem em quadra, suando
em bicas, correndo como se moleque fosse, em Roland Garros. E não
era jogo de dupla, muito menos de
veteranos. Com um desempenho
surpreendente, o sueco chegou às
oitavas-de-final do Grand Slam
francês, indo mais longe do que muitos moleques mais bem ranqueados.
Ao fim, Bjorkman caiu em três
sets, mas não se entregou. Saiu de
quadra sorridente e satisfeito, após
simular um abraço em si mesmo
(sim, é desse jeito, meio entre bizarro e curioso, que ele se cumprimenta
pelos bons jogos). Tinha ido longe,
mais longe do que qualquer um imaginava, e só caíra ante um garoto experiente no saibro, Carlos Moyá, 30.
Enquanto houver tenista com o
espírito de Jonas Bjorkman, não só a
final entre Roger Federer e Rafael
Nadal fica interessante.
Também em Paris
"Se ganhar de Cañas, Federer e
Nadal, um atrás do outro, em Roland Garros, já posso me aposentar", disse, bem-humorado, o russo
Nikolay Davydenko, após bater o
argentino e chegar às semifinais.
Ainda em Paris
Atenção na sérvia Ana Ivanovic, a
tenista mais charmosa do circuito
(e destaque de Roland Garros).
reandaku@uol.com.br
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