São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

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RÉGIS ANDAKU

Fazer valer o momento

Aos 35 anos, Jonas Bjorkman mostra força de adolescente e espírito vencedor em meio a tantos casos mal resolvidos

O TÊNIS hoje pertence aos novos talentos, Roger Federer à frente, Rafael Nadal, Novak Djokovic, Andy Murray, Richard Gasquet, Mario Ancic, tantos outros por aí. Os trintões, a estes hoje, que não têm mais espaço no tênis competitivo, cabe o circuito profissional de veteranos, aqueles torneios "meia-boca" feitos apenas para que eles possam desfilar seu talento sem comprometer a história.
O discurso simplista e quase real, de tão repetitivo, cai quando se vê o sueco Jonas Bjorkman em quadra. Tenista estilo gente boa, Bjorkman poderia a esta hora estar fazendo o que bem quisesse, em qualquer lugar do mundo. Mas segue jogando tênis. E jogando a sério.
Aos 35 anos completados em março, Bjorkman tem em seus 16 anos de carreira profissional mais de 1.600 jogos disputados, em simples e duplas. Desde que cresceu, vendo os compatriotas Mats Wilander e Stefan Edberg, ganhou 56 títulos.
Na carreira de simples, chegou a ser número quatro do mundo, semifinalista de Grand Slam. Ganhou um ATP Tour em seu país, perdeu para Pete Sampras uma final de Masters Series em Paris, jogou contra Roger Federer em Wimbledon. Na Davis, disputou mais de 30 confrontos, ganhou três títulos, um jogo decisivo em casa, nas duplas, vitórias fora e até duelo de repescagem no Brasil.
Como duplista, alcançou marcas mais incríveis. Número um do ranking mundial, troféu nos quatro Grand Slams, em Masters Series e Masters. Milhões de dólares na conta corrente, uma casa em Montecarlo, uma mulher linda e um filho maravilhoso de quatro anos. E, com tudo isso, lá estava Bjorkman anteontem em quadra, suando em bicas, correndo como se moleque fosse, em Roland Garros. E não era jogo de dupla, muito menos de veteranos. Com um desempenho surpreendente, o sueco chegou às oitavas-de-final do Grand Slam francês, indo mais longe do que muitos moleques mais bem ranqueados.
Ao fim, Bjorkman caiu em três sets, mas não se entregou. Saiu de quadra sorridente e satisfeito, após simular um abraço em si mesmo (sim, é desse jeito, meio entre bizarro e curioso, que ele se cumprimenta pelos bons jogos). Tinha ido longe, mais longe do que qualquer um imaginava, e só caíra ante um garoto experiente no saibro, Carlos Moyá, 30.
Enquanto houver tenista com o espírito de Jonas Bjorkman, não só a final entre Roger Federer e Rafael Nadal fica interessante.

Também em Paris
"Se ganhar de Cañas, Federer e Nadal, um atrás do outro, em Roland Garros, já posso me aposentar", disse, bem-humorado, o russo Nikolay Davydenko, após bater o argentino e chegar às semifinais.

Ainda em Paris
Atenção na sérvia Ana Ivanovic, a tenista mais charmosa do circuito (e destaque de Roland Garros).

reandaku@uol.com.br


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