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Tática
Quem é quem nas quatro linhas
PVC explica o posicionamento dos atletas em campo durante a partida
PAULO VINICIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA
Os nomes das posições dos
jogadores dão confusão no
mundo inteiro. Em 1980, o
brasileiro Luís Sílvio, ponta-
-direita revelado pelo Marília
e com passagem pelo Palmeiras, foi contratado pela Pistoiese, da Itália.
Ponta-direita, se você não
sabe, era o jogador escalado
no lado direito do campo,
rente à linha lateral. Sua função era atacar por essa faixa,
levar a bola até a linha de
fundo e fazer o cruzamento.
Pois o diretor da Pistoiese,
em italiano, perguntou a Luís
Sílvio antes de contratá-lo:
"Você é punta?"
"Sou, sim", respondeu o
jogador brasileiro.
"Então, está contratado!"
Luís Sílvio costuma relatar
essa história para explicar o
fracasso retumbante de sua
passagem pela Itália. Em
bom italiano, punta quer dizer centroavante, e este você
sabe quem é: o atacante que
joga pelo centro, com a missão específica de colocar a
bola para o fundo da rede.
Também não confunda
centroavante com artilheiro.
Menino, lá pela casa dos cinco anos, eu mesmo fazia essa
confusão. Artilheiro é o cara
que mais gols marca por uma
equipe. Como o centroavante
é escalado com essa função,
é comum que ele seja também o artilheiro. Mas uma
coisa não significa a outra.
O nome das posições é a
primeira coisa que você precisa saber se quiser assistir à
Copa do Mundo e gostar. É
mais importante até do que
saber o que é um impedimento, porque entender a lógica
do que o jogador faz em campo ajuda a entender o jogo.
Jonathan Wilson, autor do
livro "Inverting the Pyramid
-The History of Football Tactics", publicado só em inglês
e no Reino Unido, afirma em
sua obra que o futebol não é
um jogo de jogadores. "É
uma busca por espaços", diz
ele. É para buscá-los que os
jogadores se dividem pelas 11
posições.
Os gráficos ao lado mostram a evolução das posições
ao longo das décadas, sistema tático após sistema tático.
Hoje é mais fácil definir as
posições em seis categorias
-goleiro, laterais, zagueiros,
volantes, meias e atacantes.
A defesa, na maior parte
dos times que você verá na
Copa, terá um goleiro, o lateral-direito, dois zagueiros e o
lateral-esquerdo. O sistema
defensivo composto assim,
da direita para a esquerda, à
frente do goleiro, é o que se
chama "linha de quatro".
Seleções como o Chile e
Uruguai podem atuar com
três homens na defesa, posicionamento muito comum
desde a criação do sistema
3-5-2, nos anos 80.
Nesse sistema, os laterais
são protegidos por três zagueiros. Tornam-se armadores e, por isso, são chamados
de alas. O 3-5-2 surge porque,
como a maior parte das seleções tem dois atacantes, dois
dos zagueiros marcam os
avantes adversários. O terceiro joga na cobertura, pronto
para sair para marcar o atacante que se desvencilhar do
primeiro homem de defesa.
Esse homem da cobertura
é chamado de líbero. Durante anos, o líbero foi o jogador
mais importante em equipes
que marcavam homem a homem, ou seja, cada zagueiro
tinha de perseguir individualmente um atacante.
Quando se joga com a linha de quatro, como a maioria das seleções jogará na
África do Sul, o mais comum
é marcação por zona, ou seja,
cada homem de defesa é responsável pela marcação no
setor do campo em que atua.
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