São Paulo, domingo, 06 de junho de 2010

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Tática

Quem é quem nas quatro linhas

PVC explica o posicionamento dos atletas em campo durante a partida

PAULO VINICIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Os nomes das posições dos jogadores dão confusão no mundo inteiro. Em 1980, o brasileiro Luís Sílvio, ponta- -direita revelado pelo Marília e com passagem pelo Palmeiras, foi contratado pela Pistoiese, da Itália.
Ponta-direita, se você não sabe, era o jogador escalado no lado direito do campo, rente à linha lateral. Sua função era atacar por essa faixa, levar a bola até a linha de fundo e fazer o cruzamento.
Pois o diretor da Pistoiese, em italiano, perguntou a Luís Sílvio antes de contratá-lo:
"Você é punta?"
"Sou, sim", respondeu o jogador brasileiro.
"Então, está contratado!"
Luís Sílvio costuma relatar essa história para explicar o fracasso retumbante de sua passagem pela Itália. Em bom italiano, punta quer dizer centroavante, e este você sabe quem é: o atacante que joga pelo centro, com a missão específica de colocar a bola para o fundo da rede.
Também não confunda centroavante com artilheiro. Menino, lá pela casa dos cinco anos, eu mesmo fazia essa confusão. Artilheiro é o cara que mais gols marca por uma equipe. Como o centroavante é escalado com essa função, é comum que ele seja também o artilheiro. Mas uma coisa não significa a outra.
O nome das posições é a primeira coisa que você precisa saber se quiser assistir à Copa do Mundo e gostar. É mais importante até do que saber o que é um impedimento, porque entender a lógica do que o jogador faz em campo ajuda a entender o jogo.
Jonathan Wilson, autor do livro "Inverting the Pyramid -The History of Football Tactics", publicado só em inglês e no Reino Unido, afirma em sua obra que o futebol não é um jogo de jogadores. "É uma busca por espaços", diz ele. É para buscá-los que os jogadores se dividem pelas 11 posições.
Os gráficos ao lado mostram a evolução das posições ao longo das décadas, sistema tático após sistema tático.
Hoje é mais fácil definir as posições em seis categorias -goleiro, laterais, zagueiros, volantes, meias e atacantes.
A defesa, na maior parte dos times que você verá na Copa, terá um goleiro, o lateral-direito, dois zagueiros e o lateral-esquerdo. O sistema defensivo composto assim, da direita para a esquerda, à frente do goleiro, é o que se chama "linha de quatro".
Seleções como o Chile e Uruguai podem atuar com três homens na defesa, posicionamento muito comum desde a criação do sistema 3-5-2, nos anos 80.
Nesse sistema, os laterais são protegidos por três zagueiros. Tornam-se armadores e, por isso, são chamados de alas. O 3-5-2 surge porque, como a maior parte das seleções tem dois atacantes, dois dos zagueiros marcam os avantes adversários. O terceiro joga na cobertura, pronto para sair para marcar o atacante que se desvencilhar do primeiro homem de defesa.
Esse homem da cobertura é chamado de líbero. Durante anos, o líbero foi o jogador mais importante em equipes que marcavam homem a homem, ou seja, cada zagueiro tinha de perseguir individualmente um atacante.
Quando se joga com a linha de quatro, como a maioria das seleções jogará na África do Sul, o mais comum é marcação por zona, ou seja, cada homem de defesa é responsável pela marcação no setor do campo em que atua.


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