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FUTEBOL
Das batatas
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
O campeão do Rio-São
Paulo e o campeão do Estadual do Rio entrarão em campo para a decisão de domingo
com uma agradável perspectiva:
a de fazer do segundo semestre
uma enorme pré-temporada visando a Libertadores-2002.
A nova possibilidade criada
pelas maluquices do calendário
foi descoberta meio que por acaso pelo Palmeiras no ano passado. Depois de conquistar, quase
sem querer, a recém-criada Copa dos Campeões, o time pôde
dar-se ao luxo de fazer do Campeonato Brasileiro e da Mercosul um período de testes. O tal time bom e barato, lembra-se?,
que afinal comprovou o ditado:
o barato sai caro.
O Flamengo vem animado para a batalha. É verdade que sua
vitória deveu-se também à falta
de sorte de Sérgio Manoel e à falha do goleiro André, mas não se
pode menosprezar uma vitória
de 3 a 0 no Cruzeiro.
Aliás, foram três pinturas, como diriam os antigos: Beto marcou um gol de Pelé, Petkovic fez
um gol de Zico, e Edílson, um
gol de Edílson.
O Flamengo não tem um
grande conjunto, mas estes três
jogadores, mais Gamarra e Júlio
César, fazem a diferença.
Por outro lado, a equipe não
contará com o seu carregador
de piano-mor, Leandro Ávila,
que, além de bom marcador, entrega bolas redondas para os
companheiros, facilitando a saída para o ataque.
Pelos lados do tricolor, excetuando-se o sai-não-sai de Rogério, tudo anda às mil maravilhas. Nelsinho organizou a equipe. Na quarta-feira, o time sofreu, mas, quando foi preciso,
mostrou força no meio e rapidez
na frente.
Só o que não me agradou
muito foi a atuação do miolo de
zaga. Se Enílton tivesse um companheiro à altura, o resultado
da partida poderia ter sido outro. Jean andou vacilando, e
Wilson é um risco permanente.
Aliás, fico pensando que dupla
ele não faria com o corintiano
João Carlos.
Sorte do São Paulo que o
meio-de-campo atuou com firmeza: Douglas e Alexandre lutaram muito, Fábio Simplício
teve boas aparições-surpresa no
ataque, e Souza, que estava
num bom dia, armou as jogadas
ofensivas com eficiência.
Aliás, no próximo semestre,
com Fábio Simplício e Alexandre, Leonardo e Júlio Batista, o
São Paulo terá um meio de campo excelente.
E isso sem falar em Douglas,
Carlos Miguel, Souza e Fabiano,
possíveis reservas que cairiam
bem em quase todos os times
brasileiros.
No ataque, França mostrou
visão de jogo saindo da área e
agradou com jogadas de garçom à la Evair: foram toques bonitos e passes inteligentes para
os companheiros que vinham de
trás. Quanto a Luís Fabiano,
provou que tem presença e frieza na hora de concluir.
O São Paulo parece ter mais time e mais opções para a eventualidade de ter que mudar o
ritmo do jogo. Já Zagallo não
tem tanta qualidade no banco e
seu time depende de lampejos
de um ou outro jogador.
Será um duelo entre conjunto
e estrelas.
Ao vencedor, as batatas, digo,
a Libertadores. Ao perdedor, a
batata quente de ter que disputar a vaga contra todos os outros
que sonham com a glória, com
os troféus, com a honra das tradições vitoriosas e... com as cotas de tevê, que todo mundo tem
contas a pagar.
40
Domingo teremos a Maratona de São Paulo, e essa talvez seja
minha chance de mostrar conhecimentos inúteis que adquiri
na última Olimpíada. A prova nasceu em homenagem ao guerreiro grego Fidípides, que, em 490 a.C., correu os 40 km de Maratona até Atenas para pedir auxílio na batalha contra os persas.
80
Atenas emprestou 10 mil soldados, e Fidípides voltou para Maratona, onde, graças a Zeus, morreram 6.400 soldados persas.
120
Milcíades, comandante dos gregos, feliz por vencer o exército
de Dario (não, não é o Dadá Maravilha), mandou que Fidípides
corresse mais uma vez até Atenas para contar a vitória. E ele foi.
Quando chegou só conseguiu dizer ""vencemos" e morreu. Daí
que, ou muito me engano, ou a maratona deveria ter 120 km.
E-mail torero@uol.com.br
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