São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2001

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FUTEBOL

Das batatas

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

O campeão do Rio-São Paulo e o campeão do Estadual do Rio entrarão em campo para a decisão de domingo com uma agradável perspectiva: a de fazer do segundo semestre uma enorme pré-temporada visando a Libertadores-2002.
A nova possibilidade criada pelas maluquices do calendário foi descoberta meio que por acaso pelo Palmeiras no ano passado. Depois de conquistar, quase sem querer, a recém-criada Copa dos Campeões, o time pôde dar-se ao luxo de fazer do Campeonato Brasileiro e da Mercosul um período de testes. O tal time bom e barato, lembra-se?, que afinal comprovou o ditado: o barato sai caro.
O Flamengo vem animado para a batalha. É verdade que sua vitória deveu-se também à falta de sorte de Sérgio Manoel e à falha do goleiro André, mas não se pode menosprezar uma vitória de 3 a 0 no Cruzeiro.
Aliás, foram três pinturas, como diriam os antigos: Beto marcou um gol de Pelé, Petkovic fez um gol de Zico, e Edílson, um gol de Edílson.
O Flamengo não tem um grande conjunto, mas estes três jogadores, mais Gamarra e Júlio César, fazem a diferença.
Por outro lado, a equipe não contará com o seu carregador de piano-mor, Leandro Ávila, que, além de bom marcador, entrega bolas redondas para os companheiros, facilitando a saída para o ataque.
Pelos lados do tricolor, excetuando-se o sai-não-sai de Rogério, tudo anda às mil maravilhas. Nelsinho organizou a equipe. Na quarta-feira, o time sofreu, mas, quando foi preciso, mostrou força no meio e rapidez na frente.
Só o que não me agradou muito foi a atuação do miolo de zaga. Se Enílton tivesse um companheiro à altura, o resultado da partida poderia ter sido outro. Jean andou vacilando, e Wilson é um risco permanente. Aliás, fico pensando que dupla ele não faria com o corintiano João Carlos.
Sorte do São Paulo que o meio-de-campo atuou com firmeza: Douglas e Alexandre lutaram muito, Fábio Simplício teve boas aparições-surpresa no ataque, e Souza, que estava num bom dia, armou as jogadas ofensivas com eficiência.
Aliás, no próximo semestre, com Fábio Simplício e Alexandre, Leonardo e Júlio Batista, o São Paulo terá um meio de campo excelente.
E isso sem falar em Douglas, Carlos Miguel, Souza e Fabiano, possíveis reservas que cairiam bem em quase todos os times brasileiros.
No ataque, França mostrou visão de jogo saindo da área e agradou com jogadas de garçom à la Evair: foram toques bonitos e passes inteligentes para os companheiros que vinham de trás. Quanto a Luís Fabiano, provou que tem presença e frieza na hora de concluir.
O São Paulo parece ter mais time e mais opções para a eventualidade de ter que mudar o ritmo do jogo. Já Zagallo não tem tanta qualidade no banco e seu time depende de lampejos de um ou outro jogador.
Será um duelo entre conjunto e estrelas.
Ao vencedor, as batatas, digo, a Libertadores. Ao perdedor, a batata quente de ter que disputar a vaga contra todos os outros que sonham com a glória, com os troféus, com a honra das tradições vitoriosas e... com as cotas de tevê, que todo mundo tem contas a pagar.

40
Domingo teremos a Maratona de São Paulo, e essa talvez seja minha chance de mostrar conhecimentos inúteis que adquiri na última Olimpíada. A prova nasceu em homenagem ao guerreiro grego Fidípides, que, em 490 a.C., correu os 40 km de Maratona até Atenas para pedir auxílio na batalha contra os persas.

80
Atenas emprestou 10 mil soldados, e Fidípides voltou para Maratona, onde, graças a Zeus, morreram 6.400 soldados persas.

120
Milcíades, comandante dos gregos, feliz por vencer o exército de Dario (não, não é o Dadá Maravilha), mandou que Fidípides corresse mais uma vez até Atenas para contar a vitória. E ele foi. Quando chegou só conseguiu dizer ""vencemos" e morreu. Daí que, ou muito me engano, ou a maratona deveria ter 120 km.

E-mail torero@uol.com.br



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