São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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FUTEBOL

Desafeto e delator do presidente Joseph Blatter, secretário-geral, retirado da entidade, prega nova geração no poder

Zen-Ruffinen, fora da Fifa, diz que volta

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA

O 4 de julho marcou uma importante virada na história da Fifa e, especialmente, na vida de Michel Zen-Ruffinen. A data registrou o fim do trabalho do dirigente como secretário-geral do órgão máximo do futebol. Mas, em entrevista à Folha, o agora inimigo número um da situação na entidade promete voltar. E por cima.
""Eu estou saindo, mas muito em breve estarei de volta. Uma nova geração precisa assumir o controle do futebol, da Fifa", disse Zen-Ruffinen logo após a final entre Brasil e Alemanha, no Japão.
Em todo o primeiro semestre, Zen-Ruffinen, mesmo trabalhando ao lado de Joseph Blatter, foi crítico feroz do presidente da Fifa e teve sua saída da ""família do futebol" acertada em meio à Copa.
Zen-Ruffinen apresentou documentos e fez denúncias graves contra Blatter. Entre outras coisas, compra de votos na eleição da Fifa, desvio de verbas e tomada de decisões importantes sem consulta ao Comitê Executivo da Fifa.
Com a vitória esmagadora de Blatter, 66, e sua reeleição antes da Copa, o clima para Zen-Ruffinen, 44, na entidade acabou.
Em uma decisão ""amigável", segundo comunicado da Fifa, Zen-Ruffinen foi mantido no cargo até 4 de julho, pouco após a Copa.
""Essas coisas acontecem com quem diz a verdade, infelizmente. Mas tudo mudará no futuro", disse Zen-Ruffinen, que distribuía no estádio de Yokohama seus últimos cartões da Fifa. ""Tem validade apenas para mais dois dias", avisava ele, àquela altura.
O cargo de secretário-geral é de tanta importância na Fifa que Joseph Blatter, atual presidente, trabalhou na função por quase 15 anos, sempre apoiando o brasileiro João Havelange, então no posto principal da entidade.
Zen-Ruffinen saiu acompanhado apenas de sua mulher do estádio de Yokohama. Procurava não mostrar abatimento e expressou contentamento com o resultado.
""O título do Brasil foi lógico. O time teve o mais atrativo futebol. É bom que tenha vencido", disse ele, que elogiou especialmente Ronaldo. ""Ele foi fantástico."
Zen-Ruffinen engrossou a oposição a Blatter, que era capitaneada pelo sueco Lennart Johansson e pelo camaronês Issa Hayatou.
Mas o Comitê Executivo da Fifa está agora com mais aliados do presidente. É o caso do ex-jogador francês Michel Platini, primeiro grande astro do futebol a ocupar posto no principal comitê da entidade que rege o futebol.



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