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FUTEBOL
Desafeto e delator do presidente Joseph Blatter, secretário-geral, retirado da entidade, prega nova geração no poder
Zen-Ruffinen, fora da Fifa, diz que volta
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA
O 4 de julho marcou uma importante virada na história da Fifa
e, especialmente, na vida de Michel Zen-Ruffinen. A data registrou o fim do trabalho do dirigente como secretário-geral do órgão
máximo do futebol. Mas, em entrevista à Folha, o agora inimigo
número um da situação na entidade promete voltar. E por cima.
""Eu estou saindo, mas muito
em breve estarei de volta. Uma
nova geração precisa assumir o
controle do futebol, da Fifa", disse
Zen-Ruffinen logo após a final entre Brasil e Alemanha, no Japão.
Em todo o primeiro semestre,
Zen-Ruffinen, mesmo trabalhando ao lado de Joseph Blatter, foi
crítico feroz do presidente da Fifa
e teve sua saída da ""família do futebol" acertada em meio à Copa.
Zen-Ruffinen apresentou documentos e fez denúncias graves
contra Blatter. Entre outras coisas, compra de votos na eleição da
Fifa, desvio de verbas e tomada de
decisões importantes sem consulta ao Comitê Executivo da Fifa.
Com a vitória esmagadora de
Blatter, 66, e sua reeleição antes da
Copa, o clima para Zen-Ruffinen,
44, na entidade acabou.
Em uma decisão ""amigável", segundo comunicado da Fifa, Zen-Ruffinen foi mantido no cargo até
4 de julho, pouco após a Copa.
""Essas coisas acontecem com
quem diz a verdade, infelizmente.
Mas tudo mudará no futuro", disse Zen-Ruffinen, que distribuía
no estádio de Yokohama seus últimos cartões da Fifa. ""Tem validade apenas para mais dois dias",
avisava ele, àquela altura.
O cargo de secretário-geral é de
tanta importância na Fifa que Joseph Blatter, atual presidente, trabalhou na função por quase 15
anos, sempre apoiando o brasileiro João Havelange, então no posto principal da entidade.
Zen-Ruffinen saiu acompanhado apenas de sua mulher do estádio de Yokohama. Procurava não
mostrar abatimento e expressou
contentamento com o resultado.
""O título do Brasil foi lógico. O
time teve o mais atrativo futebol.
É bom que tenha vencido", disse
ele, que elogiou especialmente
Ronaldo. ""Ele foi fantástico."
Zen-Ruffinen engrossou a oposição a Blatter, que era capitaneada pelo sueco Lennart Johansson
e pelo camaronês Issa Hayatou.
Mas o Comitê Executivo da Fifa
está agora com mais aliados do
presidente. É o caso do ex-jogador francês Michel Platini, primeiro grande astro do futebol a
ocupar posto no principal comitê
da entidade que rege o futebol.
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