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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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OUTDOOR

Número de empresas nacionais com placas em Santo Domingo tem acréscimo de 150% em relação a Winnipeg-1999

Publicidade dominicana vira negócio de brasileiro

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece que o Pan-Americano é disputado no Brasil. Espalhadas por todos os cantos, placas publicitárias de empresas nacionais povoam boa parte das instalações esportivas de Santo Domingo. Dez marcas brasileiras já pagaram para registrar seus logotipos em locais de competição na República Dominicana.
O número de anunciantes neste ano é 150% maior que o da última edição, em Winnipeg, no Canadá. O evento de 1999 atraiu apenas quatro marcas. Mas por que investir em um Pan marcado pela desorganização e pela falta de planejamento?
Segundo Ronaldo Monteiro, da Estática Brasil, empresa que detém os direitos de venda das placas, a explicação está no espaço que as TVs decidiram dar aos Jogos. "O Pan tem transmissão ao vivo da Globo, da Bandeirantes e de TVs por assinatura. Sem a TV, não venderíamos nada."
Em 1999, as emissoras demoraram a descobrir o Pan e só aumentaram as transmissões quando começou a enxurrada de medalhas. O fenômeno, aparentemente, seduziu novos anunciantes. "Ouvi que tiveram até 80% de retorno", diz Eliane Pereira de Araújo, diretora de marketing da escola de idiomas Wizard, que está no Pan e já patrocina o time de vôlei do Suzano.
Outras empresas viram no evento a possibilidade de expansão no continente americano. É o caso da Buddemeyer, fabricante de toalhas que comprou placas nas provas de desportos aquáticos. Mas houve, também, quem preferiu uma exposição total.
A rede de ensino COC será a marca brasileira mais vista em Santo Domingo. Terá seu logo em todas as 42 modalidades.
Pelo pacote, a empresa afirma que desembolsará aproximadamente 5% de seu faturamento. Segundo a Folha apurou, o valor corresponde a cerca de R$ 3,5 milhões. Em Winnipeg, a rede de ensino pagou R$ 200 mil. Ou seja, o investimento deste ano é 575% maior que o feito em 1999.
"Queremos privilegiar o esporte de forma imparcial", disse Vagner Aguilar, diretor de marketing do COC, que patrocina o campeão brasileiro de basquete.
A exposição da marca em eventos esportivos já gerou confusão. Na Copa América de futebol, em 1999, no Paraguai, e na Copa-2002, faixas da instituição apareceram nas arquibancadas -o COC creditou a propaganda a alunos residentes no exterior
Perto das cifras do futebol e das vinculações em mídia eletrônica, é muito barato anunciar no Pan. Em média, uma placa sai por R$ 100 mil -o vôlei (quadra ou praia), por R$ 200 mil, é exceção.
No Paulista-2003, uma cota de quatro placas custou cerca de R$ 1,3 milhão. Uma inserção de 30 segundos no horário nobre da Globo sai por até R$ 150 mil. No canal pago Sportv, uma cota para o período do Pan saiu por R$ 1,5 milhão (1196 inserções).
As competições têm ocupado, no mínimo, 12 horas da grade de quatro canais pagos (Sportv 1 e 2, Bandsports e ESPN Brasil). Globo e a Bandeirantes têm flashes.
Mas, apesar do crescimento, a venda deste ano não atingiu o esperado. Ainda há cinco potenciais anunciantes negociando.
O atraso não é visto com surpresa. A Estática Brasil só assinou com o Comitê Organizador dos Jogos em maio de 2002. "Havia receio sobre o que iria acontecer. Os primeiros contratos só foram firmados em 2003", diz Monteiro, referindo-se ao atraso nas obras e a possibilidade, que chegou a ser ventilada, de cancelamento da competição.
Mas outro problema ocorre agora. Com a desorganização, as TVs não conseguem prever com antecedência suas grades.


Colaboraram os enviados a Santo Domingo


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