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FUTEBOL
Hoje tem Alex e Kaká
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Se o Cruzeiro vencer, ficará
oito pontos à frente do São
Paulo. No Mineirão, o time ainda
não perdeu no Brasileiro. Porém
há algumas preocupações na Toca da Raposa: Alex, com problemas musculares, pode agravar a
sua contusão, e o artilheiro Mota,
substituto do Deivid, é lento, tem
pouca habilidade e fica muito escondido entre os zagueiros.
Mota parece um desses centroavantes que preferem disputar a
bola, trombar com os zagueiros a
recebê-la livre. Realiza pouco e erra menos. É mais cômodo.
Após derrotas em casa para a
Ponte Preta e o Inter, acabou a
lua-de-mel dos torcedores do São
Paulo com a equipe. O time tem
jogado melhor fora, onde atua no
contra-ataque, do que no Morumbi.
Em casa, o São Paulo tem de
atacar, falta um meia de cada lado para ajudar o Kaká e o Luis
Fabiano (Gustavo Nery e Fábio
Simplício têm pouca habilidade),
e os jogadores ficam nervosos com
as vaias e ofensas da injusta e
agressiva torcida.
Contra o Inter, o técnico pressionado, fez confusas substituições. No segundo tempo, o time
não tinha ninguém na direita e
um amontoado de atacantes pelo
meio, um atrapalhando o outro.
Kaká é um jogador excepcional,
atuou bem no primeiro tempo
contra o Inter, mas continua tentando, excessivamente, driblar e
arrancar do meio-campo à área.
Quer repetir alguns momentos
brilhantes. Ele tem de descobrir o
momento exato para fazer isso.
Kaká não tem a criatividade, a
visão ampla e coletiva e o passe
certeiro e às vezes surpreendente
do Alex. O meia do Cruzeiro também finaliza bem e é excepcional
nas bolas paradas. É o melhor jogador que atua no Brasil. Se Rivaldo não voltar a brilhar, Alex
deverá ser o seu substituto na seleção e, provavelmente, Kaká será
o seu reserva.
Falta ao Alex a mobilidade, a
forca física, a velocidade e a
agressividade do Kaká. Ninguém
é perfeito.
Bolas paradas
No passado, o futebol era mais
fantasioso, cadenciado e bonito.
Hoje, é mais disputado, veloz, disciplinado, faltoso e com mais jogadas ensaiadas.
Uma evolução foi a cobrança de
bolas paradas. Acontecem hoje
muito mais gols dessa forma. Antes, eles eram raros. Predominavam a troca de passes e as tabelas
pelo meio. Os dois estilos são eficientes e se completam. Não é um
ou outro.
Alguns jogadores desenvolveram bastante a técnica de cruzar
forte e em curva. No escanteio,
prefiro a cobrança com a bola
saindo do goleiro, caindo na entrada da pequena área para o
companheiro cabecear de frente.
Se o goleiro tenta sair, fica no
meio do caminho.
A dificuldade desse tipo de cobrança é que a bola não pode passar por fora e entrar no campo. O
médico e amigo Ciro Filogônio
tem uma ótima sugestão: copiar a
regra do basquete, em que a bola
só fica fora de jogo se tocar no
chão.
Essa mudança beneficiaria o talento do jogador, aumentaria o
número de gols e não prejudicaria a dinâmica da partida.
Mesmice tática
Quase todos os treinadores brasileiros que escalam as suas equipes com três zagueiros, trocam
um deles por um armador ou atacante imediatamente após ficarem em desvantagem no placar. É
uma confissão de que colocaram
os três para reforçar a defesa. Os
treinadores negam.
Deveria ser o contrário. O esquema com três zagueiros é bom
para se atuar no ataque. Em vez
de uma linha de quatro defensores, são três. O time trocaria um
defensor por mais um armador
ou atacante. O ala passaria a ser
um armador pelos lados. É também o melhor esquema para efetuar a marcação por pressão. São
sete desarmando na saída de bola
e três atrás, sendo um na sobra,
para neutralizar o contra-ataque.
Na prática, os alas jogam como
se fossem laterais, e os três zagueiros ficam em linha, sem sobra, e
próximos da área porque não
existem espaços nas suas costas.
São cinco defensores e geralmente
mais dois volantes. O time fica
muito defensivo. Há um terceiro
zagueiro sem função e falta um
armador.
Escalar três zagueiros e trocar
um deles por um armador ou atacante logo que o time fica em desvantagem está se tornando a
principal ou única variação tática dos times brasileiros. A substituição é automática. É preciso
sair dessa mesmice.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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