UOL


São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Hoje tem Alex e Kaká

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Se o Cruzeiro vencer, ficará oito pontos à frente do São Paulo. No Mineirão, o time ainda não perdeu no Brasileiro. Porém há algumas preocupações na Toca da Raposa: Alex, com problemas musculares, pode agravar a sua contusão, e o artilheiro Mota, substituto do Deivid, é lento, tem pouca habilidade e fica muito escondido entre os zagueiros.
Mota parece um desses centroavantes que preferem disputar a bola, trombar com os zagueiros a recebê-la livre. Realiza pouco e erra menos. É mais cômodo.
Após derrotas em casa para a Ponte Preta e o Inter, acabou a lua-de-mel dos torcedores do São Paulo com a equipe. O time tem jogado melhor fora, onde atua no contra-ataque, do que no Morumbi.
Em casa, o São Paulo tem de atacar, falta um meia de cada lado para ajudar o Kaká e o Luis Fabiano (Gustavo Nery e Fábio Simplício têm pouca habilidade), e os jogadores ficam nervosos com as vaias e ofensas da injusta e agressiva torcida.
Contra o Inter, o técnico pressionado, fez confusas substituições. No segundo tempo, o time não tinha ninguém na direita e um amontoado de atacantes pelo meio, um atrapalhando o outro.
Kaká é um jogador excepcional, atuou bem no primeiro tempo contra o Inter, mas continua tentando, excessivamente, driblar e arrancar do meio-campo à área. Quer repetir alguns momentos brilhantes. Ele tem de descobrir o momento exato para fazer isso.
Kaká não tem a criatividade, a visão ampla e coletiva e o passe certeiro e às vezes surpreendente do Alex. O meia do Cruzeiro também finaliza bem e é excepcional nas bolas paradas. É o melhor jogador que atua no Brasil. Se Rivaldo não voltar a brilhar, Alex deverá ser o seu substituto na seleção e, provavelmente, Kaká será o seu reserva.
Falta ao Alex a mobilidade, a forca física, a velocidade e a agressividade do Kaká. Ninguém é perfeito.

Bolas paradas
No passado, o futebol era mais fantasioso, cadenciado e bonito. Hoje, é mais disputado, veloz, disciplinado, faltoso e com mais jogadas ensaiadas.
Uma evolução foi a cobrança de bolas paradas. Acontecem hoje muito mais gols dessa forma. Antes, eles eram raros. Predominavam a troca de passes e as tabelas pelo meio. Os dois estilos são eficientes e se completam. Não é um ou outro.
Alguns jogadores desenvolveram bastante a técnica de cruzar forte e em curva. No escanteio, prefiro a cobrança com a bola saindo do goleiro, caindo na entrada da pequena área para o companheiro cabecear de frente. Se o goleiro tenta sair, fica no meio do caminho.
A dificuldade desse tipo de cobrança é que a bola não pode passar por fora e entrar no campo. O médico e amigo Ciro Filogônio tem uma ótima sugestão: copiar a regra do basquete, em que a bola só fica fora de jogo se tocar no chão.
Essa mudança beneficiaria o talento do jogador, aumentaria o número de gols e não prejudicaria a dinâmica da partida.

Mesmice tática
Quase todos os treinadores brasileiros que escalam as suas equipes com três zagueiros, trocam um deles por um armador ou atacante imediatamente após ficarem em desvantagem no placar. É uma confissão de que colocaram os três para reforçar a defesa. Os treinadores negam.
Deveria ser o contrário. O esquema com três zagueiros é bom para se atuar no ataque. Em vez de uma linha de quatro defensores, são três. O time trocaria um defensor por mais um armador ou atacante. O ala passaria a ser um armador pelos lados. É também o melhor esquema para efetuar a marcação por pressão. São sete desarmando na saída de bola e três atrás, sendo um na sobra, para neutralizar o contra-ataque.
Na prática, os alas jogam como se fossem laterais, e os três zagueiros ficam em linha, sem sobra, e próximos da área porque não existem espaços nas suas costas. São cinco defensores e geralmente mais dois volantes. O time fica muito defensivo. Há um terceiro zagueiro sem função e falta um armador.
Escalar três zagueiros e trocar um deles por um armador ou atacante logo que o time fica em desvantagem está se tornando a principal ou única variação tática dos times brasileiros. A substituição é automática. É preciso sair dessa mesmice.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Tênis - Régis Andaku: Confusão geral
Próximo Texto: Futebol: Farah renuncia à FPF, mas não ao esporte
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.