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FUTEBOL
Cartola deixa o cargo que ocupou por 15 anos, dá lugar a Marco Polo del Nero e agora pretende se tornar consultor
Farah renuncia à FPF, mas não ao esporte
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Após 15 anos nas mãos de
Eduardo José Farah, a Federação
Paulista tem novo presidente.
Enfraquecido, o cartola de 69
anos, que já foi um dos mais poderosos do esporte nacional, renunciou ao cargo que ocupava
desde 1988. Foi substituído ontem
mesmo pelo advogado Marco Polo del Nero, 62, ex-presidente do
Tribunal de Justiça Desportiva-SP
e conselheiro do Palmeiras.
Engana-se, no entanto, quem
imagina que a renúncia encerra o
ciclo Farah no futebol, como o
próprio cartola definiu em carta
de despedida a presidentes de clubes e à imprensa.
A Folha apurou que, depois de
um período de descanso, o ex-presidente da FPF planeja abrir
uma empresa de consultoria no
futebol. Sua ambição é dar palestras sobre gerenciamento do esporte e ter sua experiência aproveitada por clubes e outras federações. O cartola também estuda
dar uma série de entrevistas para
alvejar seus inimigos e reclamar
do fim do passe.
Apesar de oficialmente dizer
que quer somente se dedicar à família, o dirigente também terá
que se preocupar em se defender
das acusações de irregularidades
em sua longa gestão.
Baseado nas conclusões da CPI
do Futebol, no Senado, o Ministério Público paulista ainda investiga a era Farah na FPF, que também foi alvo de inquérito na Polícia Civil. Mesmo sendo ex-presidente da entidade, o dirigente
continuará a ter que responder
por seus atos, "condenados" pelos congressistas.
A saída de Farah foi discreta e
em nada lembrava as pomposas
reuniões de dirigentes nas eleições que o aclamaram para quatro reeleições seguidas.
Ontem, o cartola nem sequer foi
ao suntuoso prédio que leva seu
nome para se despedir dos subordinados. Sua renúncia foi feita por
carta e lida, com voz embargada,
por seu braço-direito na entidade,
o vice Reynaldo Carneiro Bastos.
Segundo relatos obtidos pela
Folha, Bastos estava emocionado
e disse que nunca imaginara ter
que ler um documento como
aquele. Imediatamente, foi dada
posse a Del Nero, que só ganhou o
cargo por ser 13 anos mais velho
que seu colega de vice-presidência, conforme previa o estatuto.
Em seu discurso, o advogado
disse que Farah nunca deixaria de
fazer parte da história do futebol.
"Estamos herdando uma entidade vitoriosa e bem financeiramente e vamos mantê-la assim",
disse, mais tarde, aos jornalistas.
Na reunião, que durou pouco
mais de uma hora, a diretoria decidiu dar a Farah o título figurativo de presidente de honra da FPF,
que até ontem era ocupado por
Rubens Approbato Machado,
presidente da OAB.
Apesar de deixar a federação,
Farah continuará com alguns tentáculos na entidade. Além de ter
na diretoria homens de confiança
como Bastos, José Maria Marin e
Jorge Abicalan, Jorge Farah Neto,
um de seus filhos, permanecerá
na área de marketing, uma das
mais importantes da FPF.
Ao contrário das outras quatro
vezes, Farah não voltou atrás em
sua ameaça de renunciar. Segundo pessoas próximas, o cartola esperava pressão para ficar.
Como seus antigos aliados Alberto Dualib (presidente do Corinthians), Mustafá Contursi (do
Palmeiras) e Marcelo Teixeira (do
Santos) não se manifestaram, Farah decidiu sair do centro do poder do futebol. Pelo menos por
enquanto.
Colaborou Eduardo Arruda,
da Reportagem Local
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