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Comportamento fez pai mudar visão do esporte
DA ENVIADA A FLORIANÓPOLIS
Seu Jorginho recebe a ligação do filho. A notícia é boa,
mais uma conquista. O libanês radicado no Brasil dispara para o quintal, solta rojões, e os moradores da cidade são avisados do feito do
conterrâneo famoso. A cena
já virou tradição em Matinhos, balneário paranaense.
Jorginho é o nome adotado por Khodr Chiah, marido
de Rafisa, pai de Jihad.
O esporte que hoje rende
festa já foi fonte de muitos
desgostos para Chiah.
Jihad pegou suas primeiras ondas em pranchas roubadas da loja do pai. Quando
ele soube das intenções do filho, ficou preocupado. Acreditava que surfistas eram
"largadões" e temia o consumo de drogas. Os triunfos de
Jihad e seu comportamento,
porém, o convenceram.
Hoje, Chiah é seu maior
incentivador e principal elo
com a religião. Sempre que
Jihad viaja, o pai procura
descobrir a mesquita mais
próxima do local da prova.
O filho tenta ir ao templo
todas as sextas, dia sagrado
dos muçulmanos. "Quando
estou em casa, a gente se reúne e reza junto. Sinto falta."
Na casa da família, que
tem ainda três filhos e uma
filha, os ensinamentos são
seguidos à risca. Rafisa não
aparece sem o véu na cabeça
nem na frente dos amigos.
Jihad não consegue ser tão
fiel. Durante o Ramadã [mês
sagrado], competia enquanto o pai jejuava. Foi nesse
período, encerrado na quinta-feira, que conseguiu seu
mais importante resultado.
"Quando dei a notícia [da
vaga quase certa no WCT],
ele ficou maluco. Fiquei
preocupado porque ele estava havia quase um mês sem
comer direito", diz Jihad. "Se
fico feliz, ele fica três vezes
mais. Acho que nenhum pai
ama o filho como ele."(ML)
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