São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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Comportamento fez pai mudar visão do esporte

DA ENVIADA A FLORIANÓPOLIS

Seu Jorginho recebe a ligação do filho. A notícia é boa, mais uma conquista. O libanês radicado no Brasil dispara para o quintal, solta rojões, e os moradores da cidade são avisados do feito do conterrâneo famoso. A cena já virou tradição em Matinhos, balneário paranaense.
Jorginho é o nome adotado por Khodr Chiah, marido de Rafisa, pai de Jihad.
O esporte que hoje rende festa já foi fonte de muitos desgostos para Chiah.
Jihad pegou suas primeiras ondas em pranchas roubadas da loja do pai. Quando ele soube das intenções do filho, ficou preocupado. Acreditava que surfistas eram "largadões" e temia o consumo de drogas. Os triunfos de Jihad e seu comportamento, porém, o convenceram.
Hoje, Chiah é seu maior incentivador e principal elo com a religião. Sempre que Jihad viaja, o pai procura descobrir a mesquita mais próxima do local da prova.
O filho tenta ir ao templo todas as sextas, dia sagrado dos muçulmanos. "Quando estou em casa, a gente se reúne e reza junto. Sinto falta."
Na casa da família, que tem ainda três filhos e uma filha, os ensinamentos são seguidos à risca. Rafisa não aparece sem o véu na cabeça nem na frente dos amigos.
Jihad não consegue ser tão fiel. Durante o Ramadã [mês sagrado], competia enquanto o pai jejuava. Foi nesse período, encerrado na quinta-feira, que conseguiu seu mais importante resultado.
"Quando dei a notícia [da vaga quase certa no WCT], ele ficou maluco. Fiquei preocupado porque ele estava havia quase um mês sem comer direito", diz Jihad. "Se fico feliz, ele fica três vezes mais. Acho que nenhum pai ama o filho como ele."(ML)

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