No Maracanã, time carioca precisa apenas bater Grêmio, segundo pior visitante, para ganhar Brasileiro após 17 anos

Clube enfrenta problemas de infraestrutura e aposta em atletas desacreditados para conseguir a arrancada na segunda metade do Nacional

ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

Em sua campanha no Brasileiro-2009, o Flamengo teve falta de dinheiro, de um presidente eleito, de um centro de treinamento estruturado e em certo momento até de jogadores com experiência profissional para compor seu time.
Sua linha de frente atual é composta por um jogador que quase abandonou a carreira (Adriano), um veterano que havia tempos não tinha boas atuações (Petkovic) e um atleta que o clube tentou negociar por várias vezes (Zé Roberto). O técnico é um iniciante (Andrade).
"Muita gente não acreditava, nem eu mesmo. Não imaginava que fosse chegar assim tão longe. Mas sabia que, se eu batalhasse, se corresse atrás, conseguiria", admitiu Adriano.
Fazia sentido seu raciocínio pessimista. Nos últimos 17 anos, o Flamengo lutou para não ser rebaixado e se especializou em Estaduais. Era só uma sombra do Flamengo que obteve conquistas que o alçaram ao topo do futebol do Brasil.
Agora, basta uma vitória sobre o Grêmio, às 17h, no Maracanã, para chegar ao título. O adversário tem a segunda pior campanha fora de casa no Nacional. Se Palmeiras, Inter e São Paulo tropeçarem, o time será campeão até com derrota.
O Flamengo entra em campo para o jogo decisivo contra o Grêmio sem o volante Maldonado e o zagueiro Álvaro, que acertaram sua defesa no segundo turno do Brasileiro. Com eles, o time levou 12 gols no returno, contra 21 no primeiro.
"Os dois são jogadores experientes, de nível de seleção. Mas agora a equipe se ajustou, adquiriu confiança. Fazem falta, mas temos um grupo forte", afirmou o técnico Andrade.
Para substituí-los, o treinador pode optar por formação mais defensiva, com David, ou mais ofensiva, com Fierro.
A atual liderança é resultado de uma combinação da arrancada no returno -68,5% de aproveitamento- com tropeços dos rivais. São Paulo, Palmeiras, Inter e Atlético-MG já estiveram no topo, mas falharam. O Flamengo chegou à ponta na penúltima rodada.
Foi resultado de um processo de recuperação iniciado em 2007, quando o clube deixou de ser coadjuvante em Nacionais -nas temporadas anteriores, a rotina era lutar contra o rebaixamento. Ganhou vaga na Libertadores naquele ano e disputou o título no ano seguinte, embora com queda no final. Mas não foi bem nas duas disputas da competição sul-americana, em 2007 e 2008.
Nesta década, o Flamengo ainda viu o acúmulo de títulos do São Paulo, que se tornou hexacampeão no ano passado.
A sequência de conquistas do clube paulista foi descrita como "desastre para a história do Flamengo" pelo presidente do clube, Márcio Braga. Era o fim de uma hegemonia, já que o Flamengo se diz pentacampeão, apesar de a CBF só reconhecer quatro títulos -a entidade considera o Sport campeão de 1987, ano em que o time carioca levou a Copa União.
Irritada com os fracassos em competições importantes, exceção à Copa do Brasil de 2006, a torcida criou faixa em que dizia que o "Brasileiro agora é obrigação" desde o ano passado. Um ano depois, a exigência pode ser cumprida.


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