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TÊNIS
Organizadores que pregavam preservação da história e da grama se rendem e aprovam teto retrátil para combater a chuva
TVs derrubam a tradição em Wimbledon
FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL
Os interesses comerciais venceram a tradição no mais tradicional torneio de tênis do mundo.
O All England Club, local onde é
disputado Wimbledon, anunciou
ontem o plano para a instalação
do teto retrátil na quadra central.
Após anos rejeitando a idéia,
alegando que a grama e a tradição
deveriam ser preservadas, os dirigentes do clube sucumbiram à
pressão das TVs, que exibem o
evento para um público estimado
de 1,8 bilhão e sofriam com os
atrasos provocados pela chuva.
"A quadra central é a jóia de
nossa coroa e estamos tentando
torná-la mais preciosa", afirmou
o presidente do All England Club,
Tim Phillips. "Por muito tempo, a
preocupação era como manter as
mesmas condições de jogo com a
construção de um teto. Acredito
que agora achamos a solução."
O dirigente citou a última edição do Aberto dos EUA, que sofreu grande atraso por causa do
mau tempo, como um argumento
para fazer a cobertura da quadra.
"O plano é manter a história e a
tradição da quadra com mais
conforto para os torcedores."
Entre os torneios do Grand
Slam, somente o Aberto da Austrália conta um local para a disputa de partidas durante a chuva.
Os responsáveis pela obra na Inglaterra, que deve começar em
2006, ficar pronta para a disputa
do torneio de 2009 e cujo orçamento não foi divulgado, são os
mesmos que trabalham na reconstrução de Wembley.
O teto, que levará dez minutos
para abrir ou fechar, será translúcido, o que é apontado como
grande trunfo do projeto.
"Isso vai proporcionar melhores condições para o crescimento
da grama do que temos hoje",
afirmou o arquiteto Rod Sheard.
Em alguns estádios na Europa, a
diminuição da ventilação e da iluminação natural provocou estragos na superfícies de grama.
"Umidade, iluminação, temperatura, tudo acaba afetando as
quadras", disse Eddie Seaward, o
jardineiro-chefe de Wimbledon.
Ele lembra um episódio de 1996,
quando as quadras tiveram que ficar cobertas por três dias. Quando
a proteção foi retirada, a vegetação estava em condição precária.
Desde então, o All England Club
investiu em grandes ventiladores
e material para proteger a grama
de material translúcido. Único
Grand Slam jogado no piso mais
rápido do tênis, Wimbledon reserva preocupação com a grama.
Das 19 quadras do clube londrino, a central e a 1 são usadas exclusivamente para o torneio.
Logo após o final da disputa, se
necessário, acontece a ressemeadura, e não a colocação de placas
com a grama já crescida.
Fora do período da disputa, ao
redor das quadras principais são
instaladas pequenas cercas elétricas para evitar que raposas entrem e urinem na vegetação.
Em 1994, a organização chegou
a fazer um apelo aos tenistas para
que evitassem cuspir na quadra.
Antigamente, na semana anterior ao torneio, funcionários do
clube esquadrinhavam com uma
lupa cada parte da quadra.
Hoje, a seleção de sementes e
preparação especial do solo deixaram o piso de Wimbledon com
características mais parecidas
com as quadras duras, dizem os
responsáveis pela manutenção.
Os últimos anos dão razão a
eles. Após o domínio de Pete
Sampras, especialista no saque-voleio, na década de 90 (sete títulos), em 2002 e 2003 o troféu ficou
com atletas que não se baseiam na
tática de sacar e tentar bloquear a
resposta do rival perto da rede:
Lleyton Hewitt e Roger Federer.
Com agências internacionais
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