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BOXE
Unificação de um mesmo título
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
"No córner vermelho, do
Panamá, o campeão Fedelatin pena, Whyber Garcia! E,
no córner azul, do Brasil, seu adversário, o também campeão Fedelatin pena, Valdemir Pereira!"
Soa estranho? Pois é exatamente isso o que o anunciador de ringue vai dizer em 28 de janeiro.
Servílio de Oliveira, empresário
de Pereira, ficou possesso quando
soube que havia outro pugilista
com o mesmo título de seu pupilo.
Afinal, foi paga uma taxa para
que Pereira fosse reconhecido como campeão e seu combate com o
argentino Pastor Maurin, na preliminar de Popó, no último dia 11,
em SP, foi supervisionado por José
Oliver Gomez, representante da
Fedelatin (braço latino da AMB).
"Como é possível dois lutadores
terem o mesmo cinturão?", questionou. A pergunta, aparentemente, era apenas retórica, pois
logo ele próprio deu a resposta.
"Tudo o que eles [os dirigentes do
pugilismo] querem é dinheiro."
A situação não é inédita. O mesmo já havia acontecido quando o
empresário Marty Cohen, ex-manager de Hector ""Macho" Camacho e Michael Dokes, controlava o
título continental das Américas.
Quando dois lutadores venceram combates pelo mesmo cinturão, para fugir das críticas, o simpático Cohen sugeriu, em tom de
brincadeira, que ambos unificassem os títulos.
Desta vez, o cenário não é exatamente igual. Ou melhor, os títulos não são exatamente os mesmos. Garcia é o campeão de fato,
e "Sertão", como é conhecido o
brasileiro, o titular interino dos
penas (até 57,1 kg) da Fedelatin.
Um campeão interino é coroado quando o campeão de fato é
impossibilitado de pôr seu título
em jogo contra o desafiante mais
bem colocado por longo período.
(O fato de Garcia ter ganhado o
título em outubro passado dá
mais força à teoria de Servílio.)
Assim, quem for ao Northern
Quest Casino, em Spokane
(EUA), verá a unificação do
(quase) mesmo cinturão. A piadinha de Cohen se torna realidade.
Tudo porque, com a avalanche
de títulos na atualidade, o público vai perdendo sua sensibilidade
e já não consegue manter a conta
dos cinturões para eventualmente questionar uma disparidade.
Além de CMB, AMB, FIB, OMB,
IBO, IBA, WBU, há também os títulos continentais, europeus, internacionais, intercontinentais,
americanos (NABF, NABO, USBA, NABA etc.), sul-americanos,
orientais, do pacífico, estaduais.
Com menos cinturões, antigamente era mais fácil ficar atento.
Dessa forma, os rankings alternativos acabam ganhando força.
Veja o caso do ranking da "The
Ring". Antonio Tarver e Glencoffe
Johnson, ambos campeões "alfabéticos", abriram mão de seus títulos do CMB e da FIB para se enfrentar. Lutaram pelo cinturão
dos meio-pesados (até 79,3 kg) da
"The Ring".
A publicação chega a ironizar
os ""concorrentes" ao lembrar que
ao contrário das entidades internacionais, não cobra taxas exorbitantes para sancionar as lutas.
Nessa mesma linha, uma outra
lista que está para ser reativada é
o ranking independente dos cronistas de boxe, que deve retornar
dentro de poucos meses.
No Brasil
A notícia de maior relevância no boxe local neste início de ano foi o
assassinato a tiros no fim de semana de Ralph Riveros, ex-rival de Popó (o paraguaio perdeu em dois assaltos em 2 de abril de 1996, em
Salvador). Nos últimos anos, atuava como agenciador de boxeadores
e também como treinador. Uma das principais suspeitas de seu assassinato é sua ex-namorada, a boxeadora amadora Miura Davila.
Lá fora
Pereira x Garcia será a preliminar da disputa do título norte-americano dos médios-ligeiros (até 69,8 kg) entre o campeão Rodney Jones e
Teddy Reid. Será pela versão da NABF (Federação Norte-Americana
de Boxe). Nos EUA, a programação será transmitida ao vivo pela
ESPN2, porém ainda não há previsão de exibição para o Brasil.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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