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Scolari deixa Romário fora e diz que prefere ser ele o bode expiatório
A escolha é minha
(GANHANDO OU PERDENDO)
FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil vai à Copa do Mundo
sem Romário e com 23 jogadores
enquadrados na disciplina linha-dura de Luiz Felipe Scolari. Mas,
se não conquistar na Ásia o pentacampeonato, a seleção volta também sem treinador.
Quem decretou a degola de Scolari em caso de fracasso foi o próprio, ao anunciar, ontem à tarde
no Rio, a sua "família" no Mundial - o termo foi cunhado pelo
técnico para definir seu ideal de
grupo de trabalho.
"Ganhando ou perdendo, a escolha seria minha. Prefiro passar
por bode expiatório e resolver
com a minha cabeça a resolver
com a dos outros e ser crucificado
da mesma maneira. Não ganhou,
está morto igual", afirmou Scolari, ao responder se não temia ser
culpado por um eventual insucesso no Mundial por decidir, contra
o clamor da opinião pública, não
convocar Romário.
O treinador de 53 anos, que vai
pela primeira vez comandar uma
seleção em uma Copa do Mundo,
mudou de idéia em relação às
suas pretensões na competição.
Se antes dissera que o Brasil chegaria pelo menos às semifinais,
ontem anunciou que sua única
opção é o título.
"Saio com a obrigação de ganhar. Infelizmente, não temos a
cultura do segundo. O segundo
sempre vai ser o último. É como
me disse ontem o meu menino: o
segundo é o primeiro dos últimos", justificou.
Para tentar cumprir a "obrigação", Scolari também desprezou,
na última hora, o talento do meia
Djalminha, do La Coruña (ESP).
O motivo do boicote ao meia foi
o mesmo que tirou Romário: indisciplina. De temperamento
considerado inadequado à "família Scolari", Djalminha atacou na
semana passada o técnico de sua
equipe durante um treino. Saiu da
lista para a entrada de Kaká, 20,
modelo de "garoto família".
O meia são-paulino não foi propriamente a surpresa da lista.
Mais que ele foi Vampeta, o volante do Corinthians preterido
das últimas convocações, apesar
da boa fase e de ter sido presença
constante nas eliminatórias sul-americanas para o Mundial.
Para chegar aos 23 nomes divulgados ontem, Scolari chamou, em
menos de um ano à frente da seleção, 57 atletas, mais de 20 a mais
do que previu ao assumir o cargo,
em junho do ano passado.
Desde a última Copa, período
em que a seleção foi comandada
por três outros técnicos (Luxemburgo, Candinho e Leão) e amargou vexames inéditos na história,
quase 110 jogadores vestiram a camisa verde-amarela.
Agora, o treinador tem mais 15
dias para fazer alguma mudança
no grupo, já que a data final estipulada pela Fifa para a inscrição
na Copa é 21 de maio, dez dias antes da abertura do torneio.
A antecipação foi uma forma de
preparar o time no curto tempo
até a estréia no Mundial, em 3 de
junho, contra a Turquia.
A seleção brasileira viaja no
próximo domingo para Barcelona, onde passa uma semana e faz
um amistoso, mesma programação da Malásia, última escala antes de Ulsan (Coréia do Sul), local
da concentração na primeira fase
da Copa do Mundo.
Embora possa mexer na lista
nas duas próximas semanas, Scolari não deve fazê-lo, a menos que
haja uma contusão.
E, como avisou ontem, não
adianta pressioná-lo, como vêm
fazendo milhares de brasileiros há
alguns meses.
"É uma opção minha. Sou o técnico da seleção e quero ter a oportunidade de dizer: escolhi esses jogadores por entender que eles são
os melhores para esse momento.
Agora, na base da força e da pressão, não. Ninguém vai fazer eu
mudar de idéia."
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