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Fantasmas dão
o tom na hora da convocação
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
Dois espectros rondaram
ontem a convocação da seleção: o do atacante Romário,
fora da lista de 23 jogadores,
e o do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que estava a
mais de 400 km de distância
do local onde Scolari anunciou os seus eleitos.
Para pedir por Romário,
mais de 60 manifestantes, a
maioria de evangélicos da
Assembléia de Deus, se concentraram em frente ao hotel onde houve a convocação
-o mesmo dos anúncios
para as Copas de 1994 e 98.
Sobre a ausência de Teixeira, Scolari calou. O assessor
Rodrigo Paiva disse que ele
seria representado pelo vice,
José Bastos.
Na convocação de 1998, na
condição de presidente da
confederação detentora do
título quatro anos antes, Teixeira ficou no lugar central
da mesa. De lá para cá, duas
CPIs no Congresso devassaram os negócios pessoais de
Teixeira e da CBF. Diversas
irregularidades -negadas
pelo dirigente- foram
apontadas.
No ano passado, Scolari
reclamou a amigos da distância que o presidente
mantinha da seleção. Em fevereiro deste ano, Teixeira
disse que, passadas as CPIs,
viveria mais o dia-a-dia da
equipe. No mesmo mês, teve
um almoço com Romário,
cuja convocação defendia.
Seu tio e braço-direito,
Marco Antônio Teixeira, secretário-geral da CBF, estava
no hotel da convocação. Participou de reuniões, mas assistiu ao anúncio da lista de
um quarto, pela TV.
A convocação estava prevista para ocorrer de manhã.
Scolari afirma ter pedido para passar para a tarde, a fim
de saber da condição física
de atletas no exterior.
Às 14h, começou uma reunião em São Paulo do Ministério do Esporte da qual Teixeira participou. Ao chegar,
disse ontem estar licenciado
da CBF. Mas que estava lá representando a própria CBF.
Outra mudança de 1998
para 2002: o administrador
Américo Faria, homem de
fidelidade absoluta a Teixeira, não disse sequer uma palavra na entrevista da convocação. Foi o único dos quatro da mesa (Scolari, Faria, o
auxiliar Flávio Teixeira e o
coordenador Antônio Lopes) a não sair do silêncio.
Scolari disse que não se
sentiu abandonado pela CBF
quando foi cercado por dezenas de manifestantes pró-Romário na sexta. Mas sublinhou que só duas pessoas
o ajudaram: Volpi, que trabalha na reserva de viagens
do time, e o roupeiro Barreto, chamado de ""mordomo"
pelo técnico. Scolari, ao contrário de Ricardo Teixeira,
não anda com seguranças.
Como chegou ao hotel da
convocação anteontem à
noite, o técnico não passou
ontem pelos manifestantes
que pediam Romário. Os
evangélicos disseram que
vão orar pela seleção mesmo
sem o vascaíno. O compositor José Carlos Ferreira vendia por R$ 5 o CD com uma
canção a favor do preterido.
O refrão: "Hoje o futebol é
transação/ O craque já não
serve à seleção/ Ronaldo e
Romário é [sic] solução/ Por
isso, cala a boca, Felipão".
Com a Reportagem Local
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