São Paulo, domingo, 07 de maio de 2006

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COPA 2006

Gigante só quando teve o astro em campo, França conta com meia pela última vez para apagar fracasso de 2002

"Zidanedependência" chega à prova final

KLEBER TOMAZ
MARIANA BASTOS
TALES TORRAGA

DA REPORTAGEM LOCAL

A seis semanas do ato derradeiro da maior estrela de seu futebol, a França entrará na Copa do Mundo testando, pela última vez, a inédita eficiência que alcançou graças às exibições de Zinedine Zidane, 33. Com ele comandando o time em campo, o país conquistou seu único título em Mundiais, em 1998, justamente na França.
Sem "Zizou" -ou com ele em má fase-, a seleção claudicou.
Algo visto ao longo de suas 99 atuações com a camisa azul. Com o meia, a França ganhou 76% dos pontos que disputou. Sem ele -o que ocorreu 45 vezes-, o índice teve um decréscimo de 14,34%.
A "Zidanedependência" surgiu pela primeira vez na quente noite de 17 de outubro de 1994.
A França perdia amistoso para a República Tcheca por 2 a 0, em Bordeaux. Zidane, 22, número 17 às costas, substituiu Martins aos 18min do segundo tempo.
Aos 35min, acertou chute de longe e estufou as redes de Petr Kouba. Dois minutos depois, fez seu segundo gol e selou o empate.
Era o início da mais alta escalada da história do futebol francês. E da sina de fracassos da seleção azul sem o comando do elegante meia de passes refinados.
Veio 1998 e o triunfo sobre o Brasil, mas não sem sustos. Na primeira fase da Copa, a França bateu fácil África do Sul (3 a 0) e Arábia Saudita (4 a 0), em jogo no qual Zidane foi expulso. Sem ele, o time suou para bater Dinamarca (2 a 1) e Paraguai (1 a 0), já nas oitavas. O meia voltou. E a equipe despachou Itália e Croácia no caminho até a consagração final.
Em 2000, Zidane voltou a erguer um troféu de relevo por seu país: a Eurocopa, título que a França havia visto só uma vez, em 1984, no auge da talentosa geração de Amoros, Bossis, Tigana e Platini.
A seleção estava no céu. Mas, sem Zidane, conheceu o inferno.
Em 2002, cinco dias antes de estrear na Copa do Mundo, o meia sentiu lesão na coxa esquerda, em amistoso contra a Coréia do Sul.
Desnorteada, a França perdeu para Senegal e empatou sem gols com o Uruguai. Precisando vencer para seguir no Mundial, escalou Zidane. No sacrifício. Nada pôde fazer: 2 a 0 para a Dinamarca, decretando a pior atuação de um então campeão mundial.
Foi a única vez que Zidane saiu de campo derrotado em Copas.
O fim da escrita de não depender de Zidane, ao menos, será tentado no momento em que a França conta com um grupo experiente. A média de idade de sua equipe titular é de 30 anos. O elenco que fracassou na Ásia tinha 29,5 anos.
"Ele [Zidane] é um ponto de referência para nós. O time todo fica mais confiante", disse o zagueiro Lilian Thuran. O volante Makelele vai mais longe. "Com Zidane inspirado, sabemos que dificilmente perdemos uma partida. Ele nos contagia com seus lances."
A atual "juventude" fica por conta do exótico atacante Djibril Cissé, 24, que, por enquanto, tem chamado mais a atenção pelo seu cabelo colorido do que pelos gols que marca com a camisa azul: somente nove em 27 partidas. Seu companheiro, o badalado Thierry Henry, anotou 31 em 76 jogos, mas não consegue repetir, pelo seu país, o que faz com maestria no Arsenal: gols e mais gols.
Ao menos no início, a caminhada francesa tem tudo para ser sossegada. O time estréia contra a Suíça, para depois pegar Coréia do Sul e Togo. Dos três países, o melhor no ranking da Fifa é a Coréia do Sul, em um modesto 30º. A Suíça é a 35ª. Togo, a 59ª.
Na seleção, porém, ninguém admite facilidade para avançar às oitavas, quando pegaria Espanha, Ucrânia, Arábia Saudita ou Tunísia. "Vimos que não adianta contar com o resultado antes da hora", ressaltou o goleiro Coupet, 33, reserva na campanha de 2002.


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