São Paulo, domingo, 07 de maio de 2006

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França repete seleção forasteira

DA REPORTAGEM LOCAL

Na Alemanha, mais uma vez, a França apresentará uma seleção repleta de jogadores oriundos de outros países, como ocorrera com a geração campeã de 1998, que contava com seis estrangeiros entre os titulares. Neste ano, o número se repete no time-base do técnico Raymond Domenech.
A defesa terá Thuram, de Guadalupe, e o camaronês Boumsong. No meio-campo, o senegalês Vieira jogará ao lado de Makelele, do Congo, e de Zidane, filho de argelinos. No ataque, Henry, a maior esperança de gols da França, tem raízes na Martinica.
Em oito anos, entretanto, o contexto no qual se inserem as duas seleções são bastante distintos. Em 1998, a seleção foi celebrada justamente por simbolizar uma França multirracial harmônica, cujo maior símbolo era Zidane.
Hoje, a mesma questão é vista sob um outro ponto de vista devido aos conflitos ocorridos no ano passado nos subúrbios franceses.
Na ocasião, o lateral e zagueiro Thuram esbravejou diante do tratamento dispensado pelos políticos aos jovens dos subúrbios, cuja origem é semelhante à da maioria dos jogadores franceses. "Eu também cresci em subúrbio e senti de perto o que esses jovens sentem", comentou o jogador à época.
Em uma Copa na qual a questão do combate ao racismo ganha maior destaque, o jogador é um dos maiores porta-vozes da causa. Ao contrário de Zidane, que sempre foi parcimonioso em suas declarações sobre o assunto, Thuram demonstra seu ativismo sempre que pode, combatendo atitudes racistas que não atingem somente os negros, como também os descendentes de árabes.
Atenta a esta questão, a Federação Francesa de Futebol adota a mesma linha. "O racismo me enoja", declarou recentemente Jean-Pierre Escalettes, presidente da entidade. "Atitudes racistas têm que ser sancionadas. Prevenção e educação não são suficientes", concluiu o dirigente. (MB)


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