São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2010

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JOHN CARLIN

Reis contra pretendentes


Hoje é a final real. No domingo, espanhóis ou alemães vão se tornar campeões do mundo


ESPANHA x ALEMANHA: os monarcas majestosos contra os jovens e ousados pretendentes ao trono. Estamos falando de um possível destronamento, de um golpe de Estado brutalmente inesperado.
Antes da Copa, a Espanha era, para especialistas e para as casas de apostas britânicas, friamente calculistas, favorita para erguer a bandeira da velha Europa. A ideia de que a Alemanha pudesse ter sorte e roubar uma vitória espanhola era improvável. Mas um mês é um tempo longo no futebol.
A impressão que se tem é que a partida de hoje será arduamente disputada. Prever seu vencedor seria pura tolice, a despeito do contraste de estilos. A Espanha joga de modo implacável, como um relógio. A teoria é que você deixa o rival tonto e exausto, até que se abra chance para um golpe certeiro.
Os alemães são um furacão. Com a bola, avançam em grande número, espalhando-se com precisão treinada e velocidade que intimida.
A defesa espanhola não enfrenta há muito tempo um ataque tão dinâmico e ousado como o alemão. A defesa alemã ainda não enfrentou um time tão inteligente, individualmente hábil e persistente com a bola como a Espanha.
Os alemães também terão que parar David Villa. Villa fará par com Messi no Barcelona. Dos dois, Messi é mais completo e talentoso. Mesmo assim, os alemães não o deixaram jogar.
Isso quer dizer que barrar Vil- la não será problema para eles? Não, porque Messi, devido a um descuido de Maradona -a Argentina jogou com só um meio-campista, em um 4-1-5, uma formação revolucionária e que nunca mais será repetida-, sempre tinha que voltar e recuperar a bola no meio-campo. Iniciando as jogadas ali, Messi derrotou o primeiro e o segundo, mas o terceiro o barrou. Villa receberá a bola na linha da pequena área ou dentro dela. Nessa hora, os alemães estarão em alerta vermelho.
E assim estarão os espanhóis quando Klose, Podolski, Özil e Schweinsteiger avançarem como enxurrada em direção ao gol. O ímpeto desta Copa está com os alemães -era isso o que pensávamos dos brasileiros até pegarem os comedidos holandeses.
A partida de semifinal desta noite é a final real. Isso porque, no domingo, espanhóis ou alemães serão coroados campeões do mundo.

O britânico JOHN CARLIN é colunista do diário espanhol "El País" e autor de "Conquistando o Inimigo", livro que inspirou o filme "Invictus"

Tradução de CLARA ALLAIN



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