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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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Sem privilégio, Brasil disputa eliminatórias, que levaram o time a quatro de seus títulos

Penta, seleção corre risco que compensa

Sergio Moraes/Reuters
O cruzeirense Alex, que começa como titular na estréia da seleção brasileira nas eliminatórias da Copa, em Barranquilla, recebe orientação de Carlos Alberto Parreira


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A BARRANQUILLA

A partir de hoje, às 18h, quando estréia nas eliminatórias contra a Colômbia, a seleção começa a correr um risco que, pelo histórico da equipe, vale a pena.
Por ordem da Fifa, pela primeira vez um campeão mundial não tem vaga automática. Assim, o time nacional é obrigado a colocar seu prestígio em jogo, mas pode lucrar bastante com isso. Nas vezes em que precisou jogar o qualificatório, colheu bons resultados.
O Brasil disputou nove Copas depois de enfrentar a dureza das eliminatórias. Em quatro delas, voltou para casa com o título mundial. A performance foi bem pior quando a vaga era de graça.
Em só uma das oito Copas em que não teve que jogar o qualificatório, na edição de 1962, o país voltou para casa com o título.
"Vamos ficar em atividade, e, para montar o time, isso é muito bom. Quando acabarem as eliminatórias, teremos o time pronto para a Copa", diz Carlos Alberto Parreira, que, na última vez que dirigiu a seleção, penou para classificá-la à Copa dos EUA -a vaga só foi garantida na última rodada.
Porém o sofrimento foi recompensado pela base montada. Com dez titulares daquele jogo, o Brasil ganhou seu quarto título mundial em 1994. Coisa parecida ocorreu na trajetória do penta, quando Luiz Felipe Scolari começou a moldar sua "família" em mais uma complicada classificação.
""Em 94 e 2002, as eliminatórias foram mais difíceis do que a própria Copa", afirma Parreira.
Os dirigentes apontam um outro motivo para ver o Brasil percorrendo o longo caminho até o Mundial da Alemanha: o dinheiro. Serão nove partidas em casa, provavelmente com estádio cheio, sem falar nas cotas de TV.
Para cada confronto que o time realizará como mandante, a CBF receberá US$ 600 mil. Além disso, o Brasil tem o direito de marcar seus jogos em várias sedes diferentes, o que deixa a entidade presidida por Ricardo Teixeira com liberdade para agradar aliados.
Os jogadores, no entanto, não escondem a insatisfação de, mesmo campeões mundiais, precisarem entrar em campo para novamente levar o Brasil à uma Copa.
Durante a semana, Roberto Carlos e Rivaldo lideraram o rosário de queixas pela situação atual. Segundo eles, o campeão vai disputar o torneio por interesses comerciais da Fifa.
As eliminatórias serão disputadas com as dez seleções sul-americanas se enfrentando em turno e returno -a rodada derradeira só irá acontecer em outubro de 2005. Os quatro melhores garantem vaga. O quinto colocado ainda terá a chance de uma repescagem.
Depois de pegar a Colômbia, o Brasil volta a jogar quarta, contra o Equador, em Manaus. Depois, atua em novembro, novamente nas chamadas rodadas duplas, criadas para diminuir o número de viagens dos atletas que atuam na Europa.
"O Brasil vai se classificar", diz Parreira, assumindo o risco.



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