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Nem penta ajuda a encher estádio
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ganhar uma Copa do Mundo,
aproveitar a euforia dos torcedores e encher, em seguida, os estádios no principal torneio local.
A receita sonhada por praticamente todo o planeta da bola não
encontra respaldo justamente no
país mais vitorioso do futebol.
Nos últimos 20 anos, nas seis
edições do Campeonato Brasileiro disputadas após a realização de
uma Copa do Mundo, a média de
público só não cresceu de forma
expressiva em relação ao ano anterior apenas duas vezes.
Ambas, ao contrário do esperado, aconteceram justamente
quando a seleção brasileira ficou
com o título do Mundial.
Segundo números divulgados
pela CBF, a média de público do
atual Nacional, computadas as
partidas até a 22ª rodada, era de
11.160 pagantes por jogo.
No mesmo número de jornadas
iniciais da edição do ano passado,
passaram pelas bilheterias, em
média, 11 mil pessoas por partida.
Logo após a conquista do tetracampeonato nos EUA, aconteceu
um grande tombo.
A média de público do Campeonato Brasileiro-94 foi 7% menor do que a registrada em 1993.
Contrariando o "manual", o
torcedor do país preferiu prestigiar mais os Nacionais disputados
após fracassos da seleção.
O maior exemplo disso aconteceu após a derrota para a Itália, no
Mundial de 1982, na Espanha.
O time do técnico Telê Santana,
apesar de uma modesta quinta
colocação, empolgou o país.
O Brasileiro de 1983, o primeiro
após a realização da Copa espanhola, teve quase 23 mil pagantes
por jogo, a maior marca da história do certame até hoje.
Com a presença da maioria dos
astros daquela seleção, como Sócrates e Zico, aquela edição teve
uma bilheteria 16% maior do que
a ocorrida um ano antes.
Até depois de uma das mais pífias participações do Brasil em
Mundiais os fãs gastaram mais dinheiro para comprar ingressos no
Nacional. Em 1990, meses após o
fracasso do esquema 3-5-2 de Sebastião Lazaroni na Itália, a média
cresceu 7% em relação a 1989.
Depois do vice-campeonato na
França, em 1998, ficou provado
que, para ir aos estádios do país, o
torcedor prefere o respeito às regras do que um título mundial.
Em uma temporada que o rebaixamento de grandes clubes,
como Fluminense e Bahia, foi respeitado pelos dirigentes, a média
de público do Nacional foi de 13
mil pagantes, marca 25% superior
à registrada em 1997.
Com outros países, um bom papel no Mundial causou efeitos de
bilheterias bem diferentes.
Na França, por exemplo, os jogos do Nacional tiveram aumento
de público de até 20% após o título conquistado em 1998.
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