São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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Nem penta ajuda a encher estádio

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Ganhar uma Copa do Mundo, aproveitar a euforia dos torcedores e encher, em seguida, os estádios no principal torneio local.
A receita sonhada por praticamente todo o planeta da bola não encontra respaldo justamente no país mais vitorioso do futebol.
Nos últimos 20 anos, nas seis edições do Campeonato Brasileiro disputadas após a realização de uma Copa do Mundo, a média de público só não cresceu de forma expressiva em relação ao ano anterior apenas duas vezes.
Ambas, ao contrário do esperado, aconteceram justamente quando a seleção brasileira ficou com o título do Mundial.
Segundo números divulgados pela CBF, a média de público do atual Nacional, computadas as partidas até a 22ª rodada, era de 11.160 pagantes por jogo.
No mesmo número de jornadas iniciais da edição do ano passado, passaram pelas bilheterias, em média, 11 mil pessoas por partida.
Logo após a conquista do tetracampeonato nos EUA, aconteceu um grande tombo.
A média de público do Campeonato Brasileiro-94 foi 7% menor do que a registrada em 1993.
Contrariando o "manual", o torcedor do país preferiu prestigiar mais os Nacionais disputados após fracassos da seleção.
O maior exemplo disso aconteceu após a derrota para a Itália, no Mundial de 1982, na Espanha.
O time do técnico Telê Santana, apesar de uma modesta quinta colocação, empolgou o país.
O Brasileiro de 1983, o primeiro após a realização da Copa espanhola, teve quase 23 mil pagantes por jogo, a maior marca da história do certame até hoje.
Com a presença da maioria dos astros daquela seleção, como Sócrates e Zico, aquela edição teve uma bilheteria 16% maior do que a ocorrida um ano antes.
Até depois de uma das mais pífias participações do Brasil em Mundiais os fãs gastaram mais dinheiro para comprar ingressos no Nacional. Em 1990, meses após o fracasso do esquema 3-5-2 de Sebastião Lazaroni na Itália, a média cresceu 7% em relação a 1989.
Depois do vice-campeonato na França, em 1998, ficou provado que, para ir aos estádios do país, o torcedor prefere o respeito às regras do que um título mundial.
Em uma temporada que o rebaixamento de grandes clubes, como Fluminense e Bahia, foi respeitado pelos dirigentes, a média de público do Nacional foi de 13 mil pagantes, marca 25% superior à registrada em 1997.
Com outros países, um bom papel no Mundial causou efeitos de bilheterias bem diferentes.
Na França, por exemplo, os jogos do Nacional tiveram aumento de público de até 20% após o título conquistado em 1998.



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