São Paulo, quarta-feira, 08 de janeiro de 2003

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Entidade chama Parreira e Zagallo, a dupla do tetra, de novo para a cúpula do time brasileiro

CBF anuncia hoje volta da comissão de 94 à seleção

EDGARD ALVES
FÁBIO VICTOR
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A comissão técnica que conquistou o tetracampeonato no Mundial dos EUA, em 1994, está de volta à seleção brasileira.
Oito anos após o título, Carlos Alberto Parreira, 59, e Mario Jorge Lobo Zagallo, 71, vão trabalhar juntos de novo no time nacional.
Parreira foi chamado para o cargo de técnico. Zagallo, para o de coordenador, exatamente como aconteceu em 1994 -os últimos detalhes ainda estavam em negociação ontem à noite.
Dessa forma, o treinador do São Paulo, Oswaldo de Oliveira, antes o principal cotado para ocupar a vaga deixada por Luiz Felipe Scolari, fica de fora da seleção.
Enquanto reservadamente a cúpula corintiana lamentava a saída de seu técnico, a são-paulina festejava a manutenção do seu. "Já são 21h, e não fui contatado. O Oswaldo continua no São Paulo", afirmou Marcelo Portugal Gouvêa, presidente do clube.
O convite a Parreira e a Zagallo foi formulado -e aceito- ontem à tarde, numa reunião do colegiado idealizado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para decidir o futuro da seleção. O encontro foi realizado no Itanhangá Golf Club (zona oeste do Rio).
A direção corintiana foi informada do convite a Parreira no final da tarde. O anúncio oficial dos novos integrantes da comissão técnica será feito hoje por Teixeira, ao meio-dia, na sede da CBF.
Participaram da reunião de ontem, que se estendeu até o fim da tarde, Teixeira, o secretário-geral Marco Antonio Teixeira, e o supervisor Américo Faria -outro da comissão de 1994-, além de Parreira e Zagallo.
O presidente da entidade nunca escondeu que gostaria de ver no comando o técnico do Corinthians. Como Parreira insistia em dizer que não aceitaria o cargo de técnico de jeito nenhum, resolveu recriar o cargo de coordenador de seleções, no qual o corintiano seria superior hierarquicamente ao técnico. Mas ontem Teixeira conseguiu convencer Parreira a treinar novamente a seleção.

Fantasma fora
Teixeira utilizou o argumento de que o "fantasma Romário" que assombrou os treinadores nos últimos tempos não existia mais, que a pressão popular que o próprio Parreira sofrera nas eliminatórias para a Copa de 1994 também não se repetirá e que a safra de jogadores é bem melhor do que a que conquistou o tetra.
Na conversa com Parreira, Teixeira pediu ao técnico para deixar o Corinthians imediatamente -a proposta foi aceita.
Os argumentos do cartola: se o time paulista fosse mal na Libertadores, a crise poderia respingar na CBF e, se corintianos fossem convocados, haveria a acusação de benefício ao clube paulista.
Com o convite de voltar à CBF aceito por Parreira, Zagallo, que seria assessor da presidência, foi chamado para auxiliar o colega.
A cúpula corintiana foi informada ontem mesmo que havia perdido seu técnico para a disputa do torneio sul-americano.
Além da extrema preferência de Teixeira por Parreira, pesou contra Oliveira o fato de ele não gozar da simpatia do dirigente. O relacionamento do técnico do São Paulo com jornalistas com quem Teixeira tem inimizade seria um dos motivos para que o presidente da CBF não tenha feito muita força pelo seu nome.
Reservadamente, o presidente da CBF diz que Oliveira, como técnico, está em um escalão inferior em relação a Parreira, Scolari e Wanderley Luxemburgo.
Ontem, a assessoria de imprensa da entidade não quis revelar o teor do encontro, o primeiro do colegiado idealizado pela CBF.
Contatado após a reunião no Rio, Parreira não quis falar sobre o assunto. Disse apenas que "tudo será esclarecido amanhã [hoje]".
O novo treinador terá a missão de classificar a seleção para a Copa de 2006, na Alemanha -apesar de ser o atual campeão, o Brasil não tem vaga assegurada no torneio. As eliminatórias começam no segundo semestre.
O local do encontro do colegiado ontem já virou palco tradicional para decisões importantes.
Foi lá que Wanderley Luxemburgo soube, em 30 de setembro de 2000, que não era mais o técnico da seleção. Foi no mesmo clube, do qual dirigente é sócio, que o presidente da CBF conversou com Romário às vésperas da última Copa do Mundo.


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