São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004

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BWA, empresa que fabrica bilhetes magnéticos, faturou mais do que os clubes, que reclamam de crise, em 20 das 34 partidas do Estadual

Maior negócio do futebol paulista é fazer ingresso

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

MARCUS VINICIUS MARINHO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A instituição que mais ganha dinheiro nos jogos do futebol paulista não tem camisa, cartola, craque ou torcedor. Chama-se BWA e fabrica bilhetes magnéticos.
Levantamento feito pela Folha revela que a empresa, líder no setor esportivo, faturou mais que os próprios clubes em 20 dos 34 jogos disputados no Estadual até aqui. Em dois deles, toda a renda gerada não foi suficiente para pagar o fabricante de entradas.
O problema está no custo por ingresso, que é fixo, independentemente da quantidade vendida. Pouca renda ou uma carga de bilhetes mal calculada agravam o prejuízo dos times mandantes.
No total, a BWA ficou com 16% de todo o dinheiro desembolsado pelo torcedor paulista nos estádios em 2004. Em quatro rodadas, a empresa ganhou R$ 181.523,00. A tendência é que o faturamento aumente bastante com o afunilamento do torneio e o esperado aumento da carga de ingressos.
Indústria familiar com capital social de R$ 3,5 milhões, a BWA decolou com a fabricação de crachás funcionais no final da década de 80. Entrou no futebol em 1992, pelas mãos do São Paulo Futebol Clube. Firmou-se como potência nacional em meados da década seguinte, por influência do padrinho Eduardo José Farah. Hoje, possui quase um monopólio no meio -tem convênios com mais de 200 clubes e estádios no país.
Bruno Balsimelli, sócio-proprietário, é tido como uma espécie de eminência parda do futebol brasileiro. Influente, possui uma rede de aliados que vai de times do interior à poderosa CBF.
Com a saída de Farah da Federação Paulista de Futebol, em agosto do ano passado, o mercado chegou a especular um arrefecimento das relações da empresa com a entidade. Em novembro, porém, a BWA entrou na licitação aberta pela nova administração. Ofereceu entradas ao custo de R$ 0,60 a unidade. Candidata única, foi declarada vencedora.
Três semanas após o início do torneio, os clubes pequenos já reclamam do preço da BWA. Com os estádios vazios, vêem o pouco dinheiro que arrecadam migrar para Balsimelli, que argumenta: "Os clubes são incompetentes".




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