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TÊNIS
Federer é ruim em quê?
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Roger Federer perdeu. E,
toda vez que ele perde, o público fica chocado. Não sem razão: foram, veja só, apenas cinco
derrotas no último ano e meio.
A supremacia de Federer é tamanha que, hoje, as conquistas
do suíço tendem a ser minimizadas -elas são válidas "apenas"
para os fanáticos fazerem seus
cálculos: quantos títulos faltam
no total para alcançar Jimmy
Connors, quantos Grand Slams
até passar Pete Sampras, com que
idade ele atingirá esta ou aquela
marca, quantas semanas até passar Ivan Lendl?
E já "definido" que Federer passará Sampras, no mínimo igualará Connors e deixará Lendl para
trás, a brincadeira agora passa a
ser outra mundo afora: Federer é
ruim em quê, se é que pode-se dizer que ele tem um ponto fraco?
A tendência primeira é dizer
que Federer não consegue se dar
bem no saibro. Afinal, "fracassou" todas as vezes que jogou em
Roland Garros. E a lista não é pequena. Foram sete tentativas de
ganhar o troféu sem sucesso (com
derrotas para Rafael Nadal, Gustavo Kuerten, Luis Horna, Hicham Arazi, Alex Corretja e Patrick Rafter).
Mas Federer já venceu o Masters Series de Hamburgo no saibro -três vezes, aliás-, ganhou
até uma vaca com o título em
Gstaad, foi à final no Masters Series de Roma, ganhou um troféu
em Munique. E o desempenho
que tem nesse piso -70% de vitórias- é exatamente o mesmo do
que tem no carpete.
Difícil falar que Federer não sabe jogar no saibro...
Há, porém, uma outra idéia
que começa a ganhar corpo: o que
têm em comum o espanhol Nadal, o francês Richard Gasquet e o
alemão Thomas Berdych, além
do fato de serem bons jogadores e
terem imposto cinco derrotas a
Federer nos últimos dois anos?
São todos adolescentes. A moda
agora, portanto, é dizer que,
diante de um tenista jovem, destemido e talentoso, com bons golpes e nada a perder, Federer sofre.
Será?
O certo é que, pequeno ou juvenil, Federer sucumbia em dois tipos de situação: quando desafiado/provocado e quando testado
com bolas altas na sua esquerda.
Não foram poucas as vezes em
que o suíço foi visto chorando por
causa de uma provocação ou derrota. Ex-treinadores contam que,
em algumas situações, ele chorava até soluçar durante os jogos
-um nervosismo incomum para
a imagem do tenista calculista
que hoje Federer tem.
Emotivo também nas vitórias e
grandes conquistas, "Roggie" não
nega. Quando foi questionado sobre esse assunto por um jornalista
inglês, disse que não costumava
desabar em choro raivoso, de atirar raquete no chão ou odiar para
sempre o tênis, mas por sentir-se
frustrado com seu desempenho.
Há quem veja, nos momentos
em que é pressionado por seus jovens rivais, um Federer um pouco
mais nervoso que o habitual, como na final do Torneio de Dubai,
no sábado, ou na semifinal de Roland Garros-05, ambas as partidas contra o valente Nadal. Será?
Mas e as bolas altas na sua esquerda? Por ora é melhor não
contar com isso.
Mais um?
Tim Henman, com dores irremediáveis nas costas, estuda parar.
Questão tática
Flávio Saretta ganhou vaga direta no Masters Series de Indian Wells.
Recusou. Preferiu o qualifying de um challenger na Flórida. Gustavo
Kuerten recusou vaga por outro motivo: não tem confiança para jogar ainda. Antigamente, era jogando que se ganhava confiança.
Banana Bowl
São José dos Campos recebe até o dia 19 a 36ª edição do mais badalado torneio juvenil do país. Tenistas de 36 países disputam os jogos no
Clube de Campo Santa Rita, no Tênis Clube de São José e no Luso
Brasileiro, com entrada grátis.
E-mail reandaku@uol.com.br
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