São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

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TÊNIS

Federer é ruim em quê?

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Roger Federer perdeu. E, toda vez que ele perde, o público fica chocado. Não sem razão: foram, veja só, apenas cinco derrotas no último ano e meio.
A supremacia de Federer é tamanha que, hoje, as conquistas do suíço tendem a ser minimizadas -elas são válidas "apenas" para os fanáticos fazerem seus cálculos: quantos títulos faltam no total para alcançar Jimmy Connors, quantos Grand Slams até passar Pete Sampras, com que idade ele atingirá esta ou aquela marca, quantas semanas até passar Ivan Lendl?
E já "definido" que Federer passará Sampras, no mínimo igualará Connors e deixará Lendl para trás, a brincadeira agora passa a ser outra mundo afora: Federer é ruim em quê, se é que pode-se dizer que ele tem um ponto fraco?
A tendência primeira é dizer que Federer não consegue se dar bem no saibro. Afinal, "fracassou" todas as vezes que jogou em Roland Garros. E a lista não é pequena. Foram sete tentativas de ganhar o troféu sem sucesso (com derrotas para Rafael Nadal, Gustavo Kuerten, Luis Horna, Hicham Arazi, Alex Corretja e Patrick Rafter).
Mas Federer já venceu o Masters Series de Hamburgo no saibro -três vezes, aliás-, ganhou até uma vaca com o título em Gstaad, foi à final no Masters Series de Roma, ganhou um troféu em Munique. E o desempenho que tem nesse piso -70% de vitórias- é exatamente o mesmo do que tem no carpete.
Difícil falar que Federer não sabe jogar no saibro...
Há, porém, uma outra idéia que começa a ganhar corpo: o que têm em comum o espanhol Nadal, o francês Richard Gasquet e o alemão Thomas Berdych, além do fato de serem bons jogadores e terem imposto cinco derrotas a Federer nos últimos dois anos?
São todos adolescentes. A moda agora, portanto, é dizer que, diante de um tenista jovem, destemido e talentoso, com bons golpes e nada a perder, Federer sofre. Será?
O certo é que, pequeno ou juvenil, Federer sucumbia em dois tipos de situação: quando desafiado/provocado e quando testado com bolas altas na sua esquerda.
Não foram poucas as vezes em que o suíço foi visto chorando por causa de uma provocação ou derrota. Ex-treinadores contam que, em algumas situações, ele chorava até soluçar durante os jogos -um nervosismo incomum para a imagem do tenista calculista que hoje Federer tem.
Emotivo também nas vitórias e grandes conquistas, "Roggie" não nega. Quando foi questionado sobre esse assunto por um jornalista inglês, disse que não costumava desabar em choro raivoso, de atirar raquete no chão ou odiar para sempre o tênis, mas por sentir-se frustrado com seu desempenho.
Há quem veja, nos momentos em que é pressionado por seus jovens rivais, um Federer um pouco mais nervoso que o habitual, como na final do Torneio de Dubai, no sábado, ou na semifinal de Roland Garros-05, ambas as partidas contra o valente Nadal. Será?
Mas e as bolas altas na sua esquerda? Por ora é melhor não contar com isso.

Mais um?
Tim Henman, com dores irremediáveis nas costas, estuda parar.

Questão tática
Flávio Saretta ganhou vaga direta no Masters Series de Indian Wells. Recusou. Preferiu o qualifying de um challenger na Flórida. Gustavo Kuerten recusou vaga por outro motivo: não tem confiança para jogar ainda. Antigamente, era jogando que se ganhava confiança.

Banana Bowl
São José dos Campos recebe até o dia 19 a 36ª edição do mais badalado torneio juvenil do país. Tenistas de 36 países disputam os jogos no Clube de Campo Santa Rita, no Tênis Clube de São José e no Luso Brasileiro, com entrada grátis.

E-mail reandaku@uol.com.br


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