São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Fragilidade emocional

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Segundo estudo encomendado pela Federação Paulista de Futebol e publicado pela Folha, 58% dos árbitros paulistas apresentam algum tipo de problema emocional e necessitam de alguma ajuda psicológica.
Não é surpresa.
Em qualquer atividade, a percentagem seria mais ou menos a mesma. Somos todos inseguros, uns mais outros menos, e passamos toda a vida tentando disfarçar, controlar e conviver com a nossa fragilidade emocional.
Os atletas e técnicos, que têm responsabilidade pública e precisam controlar as suas emoções e preconceitos durante as partidas, necessitam ainda mais de ajuda psicológica, e não de palestras óbvias de auto-ajuda.
A tensão de um jogo não tira a responsabilidade desses profissionais. Eles precisam ser punidos, não sei de que jeito, por suas agressões físicas e verbais, como as ofensas racistas do zagueiro Antônio Carlos a Jeovânio, jogador do Grêmio.
Outros já fizeram o mesmo, como as ofensas racistas do técnico Carlos Alberto Torres ao árbitro Paulo César no final do Brasileiro, quando ele dirigia o Paysandu, e as do Desábato ao Grafite, negadas pelo argentino. Antônio Carlos e Carlos Alberto pediram desculpas, o que não anula os seus erros.

Bons e polêmicos
Contra o Palmeiras, Luxemburgo tentou durante todo o jogo e conseguiu explorar os espaços nas costas do Paulo Baier, com o veloz e promissor Geílson.
Como o Palmeiras não tinha um centroavante e chegava à área do Santos com quatro jogadores vindos de trás, sobrava um zagueiro e faltava um armador ao Santos. No intervalo, Luxemburgo corrigiu o problema, e o jogo mudou.
Mais uma vez, Leão foi extremamente agressivo com o árbitro e seus auxiliares. Ele deveria ser expulso nesse e em vários outros jogos e suspenso até aprender a respeitar as pessoas.
Luxemburgo mostrou novamente suas virtudes técnicas. Porém grande parte da mídia, em vez de arrumar mil justificativas para o insucesso do técnico na seleção e no Real Madrid, deveria reconhecer também que ele não possui outras qualidades para enfrentar situações mais complexas, de grande repercussão mundial, além de não saber trabalhar sem os amplos poderes que tem nos clubes brasileiros.

Falta de sintonia
Ronaldo não foi relacionado para o ultimo jogo do Real Madrid no Campeonato Espanhol. Cicinho e Robinho ficaram na reserva. Hoje, contra o Arsenal, por ser um jogo decisivo, vamos saber se os três foram poupados ou barrados.
No sábado, contra o Atlético de Madri, Roberto Carlos voltou a jogar muito bem, mais avançado e mais aberto. Ele fez ótimos cruzamentos, como no primeiro gol, assinalado de cabeça por Cassano. Provavelmente, Roberto Carlos foi orientado para atuar mais à frente.
Depois que Luxemburgo saiu, o Real copiou o esquema do Barcelona, o da moda, e passou a jogar com um centroavante (Ronaldo) e mais dois atacantes pelos lados (Robinho pela esquerda e Beckham pela direita, mais adiantado do que o habitual). Robinho é que avançava pela ponta, e não Roberto Carlos.
No último jogo, o posicionamento mais ofensivo do Roberto Carlos e a ausência do Robinho sugerem que o Real jogará com dois meias e sem pontas. Isso obrigaria o Roberto Carlos a avançar mais, o que ele tem feito pouco há muito tempo.
Outro problema do Real é a falta de sintonia entre Beckham e Ronaldo. O jogador inglês é excepcional nos cruzamentos, geralmente pelo alto, e adora fazer isso. Já Ronaldo detesta cabecear, além de não saber.

Epidemia
Não sou de mudar de opinião a cada jogo, mas, após ver Vasco x Fluminense, percebi que o Vasco está no mesmo nível do Flu e dos outros grandes do Rio, e não um pouco pior, como tinha escrito. O Vasco não é melhor do que eu pensava. O Fluminense é que é pior do que eu achava, ainda mais sem Petkovic e Arouca.
Os torcedores do Rio sempre chamaram os técnicos de "burro". Houve apenas, neste fim de semana, uma coincidência de três técnicos serem saudados dessa forma. Não há nenhum perigo de uma epidemia de burrice. Mas é preciso ficar atento.

E-mail tostao.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Tênis - Régis Andaku: Federer é ruim em quê?
Próximo Texto: Futebol: São Paulo adota de vez a tática da moda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.