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FUTEBOL
Fragilidade emocional
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Segundo estudo encomendado pela Federação Paulista de
Futebol e publicado pela Folha,
58% dos árbitros paulistas apresentam algum tipo de problema
emocional e necessitam de alguma ajuda psicológica.
Não é surpresa.
Em qualquer atividade, a percentagem seria mais ou menos a
mesma. Somos todos inseguros,
uns mais outros menos, e passamos toda a vida tentando disfarçar, controlar e conviver com a
nossa fragilidade emocional.
Os atletas e técnicos, que têm
responsabilidade pública e precisam controlar as suas emoções e
preconceitos durante as partidas,
necessitam ainda mais de ajuda
psicológica, e não de palestras óbvias de auto-ajuda.
A tensão de um jogo não tira a
responsabilidade desses profissionais. Eles precisam ser punidos,
não sei de que jeito, por suas
agressões físicas e verbais, como
as ofensas racistas do zagueiro
Antônio Carlos a Jeovânio, jogador do Grêmio.
Outros já fizeram o mesmo, como as ofensas racistas do técnico
Carlos Alberto Torres ao árbitro
Paulo César no final do Brasileiro, quando ele dirigia o Paysandu, e as do Desábato ao Grafite,
negadas pelo argentino. Antônio
Carlos e Carlos Alberto pediram
desculpas, o que não anula os
seus erros.
Bons e polêmicos
Contra o Palmeiras, Luxemburgo tentou durante todo o jogo e
conseguiu explorar os espaços nas
costas do Paulo Baier, com o veloz
e promissor Geílson.
Como o Palmeiras não tinha
um centroavante e chegava à
área do Santos com quatro jogadores vindos de trás, sobrava um
zagueiro e faltava um armador
ao Santos. No intervalo, Luxemburgo corrigiu o problema, e o jogo mudou.
Mais uma vez, Leão foi extremamente agressivo com o árbitro
e seus auxiliares. Ele deveria ser
expulso nesse e em vários outros
jogos e suspenso até aprender a
respeitar as pessoas.
Luxemburgo mostrou novamente suas virtudes técnicas. Porém grande parte da mídia, em
vez de arrumar mil justificativas
para o insucesso do técnico na seleção e no Real Madrid, deveria
reconhecer também que ele não
possui outras qualidades para enfrentar situações mais complexas,
de grande repercussão mundial,
além de não saber trabalhar sem
os amplos poderes que tem nos
clubes brasileiros.
Falta de sintonia
Ronaldo não foi relacionado
para o ultimo jogo do Real Madrid no Campeonato Espanhol.
Cicinho e Robinho ficaram na reserva. Hoje, contra o Arsenal, por
ser um jogo decisivo, vamos saber
se os três foram poupados ou barrados.
No sábado, contra o Atlético de
Madri, Roberto Carlos voltou a
jogar muito bem, mais avançado
e mais aberto. Ele fez ótimos cruzamentos, como no primeiro gol,
assinalado de cabeça por Cassano. Provavelmente, Roberto Carlos foi orientado para atuar mais
à frente.
Depois que Luxemburgo saiu, o
Real copiou o esquema do Barcelona, o da moda, e passou a jogar
com um centroavante (Ronaldo)
e mais dois atacantes pelos lados
(Robinho pela esquerda e Beckham pela direita, mais adiantado do que o habitual). Robinho é
que avançava pela ponta, e não
Roberto Carlos.
No último jogo, o posicionamento mais ofensivo do Roberto
Carlos e a ausência do Robinho
sugerem que o Real jogará com
dois meias e sem pontas. Isso obrigaria o Roberto Carlos a avançar
mais, o que ele tem feito pouco há
muito tempo.
Outro problema do Real é a falta de sintonia entre Beckham e
Ronaldo. O jogador inglês é excepcional nos cruzamentos, geralmente pelo alto, e adora fazer isso. Já Ronaldo detesta cabecear,
além de não saber.
Epidemia
Não sou de mudar de opinião a
cada jogo, mas, após ver Vasco x
Fluminense, percebi que o Vasco
está no mesmo nível do Flu e dos
outros grandes do Rio, e não um
pouco pior, como tinha escrito. O
Vasco não é melhor do que eu
pensava. O Fluminense é que é
pior do que eu achava, ainda
mais sem Petkovic e Arouca.
Os torcedores do Rio sempre
chamaram os técnicos de "burro".
Houve apenas, neste fim de semana, uma coincidência de três técnicos serem saudados dessa forma. Não há nenhum perigo de
uma epidemia de burrice. Mas é
preciso ficar atento.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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