São Paulo, sábado, 08 de maio de 2010 |
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MOTOR O Ronaldo da F-1
FÁBIO SEIXAS EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE RONALDO ESTÁ ferido. Craque, maior artilheiro das Copas, eleito três vezes o melhor do mundo pela Fifa, foi questionado no meio da semana após a eliminação do seu Corinthians na Libertadores. "Não vou deixar que parem comigo. Vou parar antes. Quando sentir que não dá mais, que não me divirto mais, aí vai ser a hora de encerrar." Um desabafo. Porque, por mais que às vezes pareça uma máquina, não é -e talvez seja daí, desta confusão, do mix de homem falível com estrela global implacável e vencedora que nasça a inclemência, a impiedade de quem o coloca em xeque. Ou de quem não entende que mesmo os ídolos envelhecem, mudam, são forçados a se adaptar a um novo corpo, a um novo ambiente. Schumacher é o recordista de tudo na F-1. Numa categoria que por quase 50 anos considerou o penta de Fangio um alvo inalcancável, cravou um hepta. Conquistou 92 vitórias, uma a menos que a soma do segundo e do terceiro no ranking, um tal de Prost e um certo Senna. Fez 68 poles, mesmo não sendo um poleman. Maior da história ou não, é assunto de botequim -acho que é, aliás. Mas não há argumento para negar que esteja entre os maiores. Pois Schumacher ficou três anos parado e resolveu voltar. Encontrou uma F-1 bem diferente, com pneus slick, menos apoio aerodinâmico, motores limitados a 18 mil giros. Fez quatro GPs, marcou 10 pontos, 40 a menos que o companheiro, Rosberg. Mais: em Xangai, sofrendo para entender o comportamento dos intermediários ("muito diferentes daqueles que eu conhecia"), lembrou o "carrinho trapalhão" do meu antigo TCR: foi ultrapassado por um monte de gente, várias e várias vezes. Pronto, virou uma porcaria, um "ex-piloto em atividade", impressão encampada até por gente gabaritada: para Moss, a época dele passou. Esqueceram-se que uma das maiores qualidades do alemão sempre foi ralar fora da pista, moldar a equipe à sua maneira de trabalhar, adestrar o carro ao seu estilo. E isso ninguém faz em quatro corridas, ainda mais longe da base. Nem ele. Então chegou a temporada europeia, antecedida por uma folga de três semanas. E, ohh!, qual foi a única novidade dos treinos de ontem? Na primeira sessão, Schumacher só ficou atrás dos McLaren. Na segunda, só os Red Bull o superaram. Mais reveladora, porém, foi sua expressão ao sair do carro e acenar para a torcida. Alívio. E confiança. Schumacher, 41, pode até não vencer mais GPs, pode até não entrar na disputa do título. Ronaldo, 33, pode até não correr como antes, pode até não ser o artilheiro do Brasileirão. Mas, milionários que poderiam ficar em casa com a boca escancarada, cheia de dentes, como dizia Raul, estão tentando, se divertindo. Ainda são mais do que os zumbis que os apressadinhos tentam enterrar. fabioseixas.folha@uol.com.br Texto Anterior: Jejum incômodo força Ferrari a mudar estratégia Próximo Texto: Brasil pode fechar a Davis em Bauru sem seu número 1 Índice |
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