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Reserva de efeito
Se a China complicar o jogo, ou mesmo
se desejar ampliar o placar a seu favor,
Luiz Felipe Scolari vai fazer hoje uma alteração que já entrou para a história da seleção.
Em toda a trajetória da equipe nas Copas, iniciada em 1930, ninguém jogou tanto vindo do
banco como o atacante Denílson, 24. Em 1998,
com Zagallo, ele entrou no decorrer de seis das
sete partidas da campanha do vice-campeonato -no jogo restante, contra a Noruega, começou como titular. Agora, na Coréia, Scolari
também já lançou o jogador do Betis no segundo tempo contra a Turquia. "Fico feliz de poder
disputar uma Copa e de ser útil quando solicitado", diz o atleta, mostrando que a situação de reserva de luxo não o incomoda.
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A JEONJU
Ele foi a "arma secreta" de Zagallo, que nos tempos de jogador era
sua antítese. Agora, caiu nas graças de Luiz Felipe Scolari, que
nunca foi um fã confesso de quem
exagera nos dribles, sua principal
característica.
Agradando técnicos tão diferentes, Denílson é o jogador brasileiro que mais sentiu o gosto de
entrar no meio de uma partida de
Copa para mudar um resultado
desfavorável, segurar uma vitória
ou para buscar mais gols.
No total, foram sete vezes, uma
a mais do que Zico, o antigo recordista. Com seu estilo "incendiário", o atacante, revelado pelo
São Paulo e que foi para a Espanha por quase US$ 30 milhões,
resgata a aura de futebol mais técnico do mundo para o Brasil e dá
espetáculo, mas nem sempre garante bons resultados.
Somando a campanha de 1998
com o jogo contra a Turquia agora, a seleção marcou 13 gols e sofreu apenas oito enquanto Denílson não estava em campo.
Já no tempo em que ele esteve
no gramado, foram três gols marcados e três sofridos.
Das sete vezes que deixou o
banco, Denílson só melhorou o
placar duas vezes -contra a Escócia, em 1998, e na estréia de
2002, contra a Turquia. Em ambas as vezes ele entrou com o placar apontando um empate.
Na única vez que começou como titular, contra a Noruega, o
Brasil perdeu. Na semifinal de
1998, contra a Holanda, ele entrou
com o time vencendo por 1 a 0.
Depois, os europeus empataram,
e a disputa foi para os pênaltis.
O Datafolha atesta que Denílson
é garantia de show, mas nem tanto de resultado. Mesmo com só 35
minutos, em média, por jogo em
Copas, ele tem o maior número
de dribles da seleção nacional nas
últimas duas edições do Mundial
-8,4 de média por partida.
Já nas finalizações, Denílson é
uma decepção. Em quase 300 minutos de bola rolando, o equivalente a mais de três partidas, ele só
chutou quatro bolas para o gol,
sendo que todas sem sucesso. Até
hoje, o atacante do Betis nunca
marcou um gol em Copas. Nenhum outro jogador da sua posição que tenha disputado tantos
jogos pelo país no torneio não teve o gosto de balançar as redes.
Passes que deixaram um companheiro em boa situação para
marcar um gol foram raros
-apenas quatro em oito jogos.
"É importante ter consciência
do que você está jogando. Continuo feliz, mas é claro que vão ter
dias que vou levantar com o pé esquerdo. Até agora não aconteceu", diz, sobre seu desempenho,
Denílson, que joga com o número
17, um dos preferidos de Scolari.
Sem aparecer na foto tirada tradicionalmente antes do início das
partidas dos jogadores titulares,
Denílson já pode vislumbrar mais
recordes com a camisa da seleção.
Aos 24 anos, ele já acumula
mais jogos de Copas (oito) do que
Pelé com a mesma idade (seis).
Se o Brasil for à final em 2002, e
ele participar de todas as partidas,
ficará a quatro jogos de igualar
Taffarel e Dunga, os brasileiros
que mais atuaram por Mundiais.
Colaboraram os enviados a Seogwipo
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