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maquiagem
Jogos limpam até "embaixada"
Governo chinês corre para tentar deixar Pequim sem prostitutas e pirataria durante a Olimpíada
Principais ruas e avenidas
da cidade ganham canteiros com flores modificadas para desabrocharem apenas em agosto, durante o evento
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Tantas são as prostitutas
mongóis que desfilam no bar e
na pista de dança que a casa noturna Maggies foi apelidada de
"Embaixada da Mongólia".
Fica em bairro nobre de Pequim, exclusivo de embaixadas
e com soldados em cada esquina, onde todos os imóveis pertencem ao governo chinês.
No último mês, o Maggies e
outras três versões pequinesas
dos paulistanos Bahamas e Café Photo foram fechados. Na fábrica de boatos que é Pequim a
exatos dois meses da Olimpíada, a versão mais ouvida é que
os "clubes para executivos" só
serão reabertos após os Jogos.
A Olimpíada é tratada pela
China como o maior evento
que o país já abrigou nos alegados 5.000 anos de história.
Além do cuidado reforçado
com a segurança, Pequim sofre
uma limpeza à medida do que o
regime comunista quer mostrar ao mundo -oficialmente, o
país não tem prostituição.
A higienização para turista
ver também atinge uma das diversões mais familiares na cidade. Como há poucos cinemas
e os ingressos, equivalentes a
R$ 18, são caríssimos para o salário médio, o país é o maior
produtor e comprador de
DVDs piratas no mundo.
Várias lojinhas de DVDs e
CDs falsificados espalhadas pela cidade também vêm sendo
fechadas. Mas os próprios vendedores avisam que as lojas serão reabertas em outubro.
Caixas com temporadas inteiras de seriados americanos
são vendidas ao equivalente a
R$ 40. Um filme sai por R$ 2.
Mas há lugares que dificilmente conseguem ser varridos,
pois não cabem sob nenhum tapete. Há vários shoppings de
produtos falsificados que fazem a paulistana 25 de Março
parecer uma pequena galeria.
Um deles, o Mercado da Seda, fica na principal avenida de
Pequim. Com sete andares, tem
milhares de tênis Nike, bolsas
Louis Vuitton e camisas Polo
Ralph Lauren que dificilmente
saem por mais de R$ 100. Há
apreensão entre os vendedores,
que temem ser o próximo alvo.
Não que o governo desconheça tais lugares. O metrô tem
uma saída dentro do próprio
mercadão. Mas o comitê organizador de Pequim-2008 lançou na terça-feira um pacote de
proibições contra ações publicitárias durante a Olimpíada.
Nem a distribuição de brindes ou cartazes será permitida
-direito exclusivo para os patrocinadores oficiais da festa.
De 1º a 27 de agosto (os Jogos
acontecem de 8 a 24), são proibidas propagandas com atletas
e técnicos que não sejam as dos
patrocinadores oficiais.
A "limpeza" é acompanhada
por um embelezamento forçado e às pressas da cidade, que
não conseguiu reduzir a poluição e a poeira permanentes.
As principais avenidas ganharam vasos de flores, dos
canteiros aos postes, ao lado
das torres dos semáforos e sobre as muretas dos viadutos
elevados. A imprensa estatal as
chama de "flores olímpicas".
Algumas foram geneticamente
modificadas para desabrochar
em agosto, auge do verão chinês, quando a sensação térmica
chega facilmente aos 40C.
"As autoridades estão querendo esconder tudo o que elas
acham feio, mas certamente as
prostitutas e os mendigos voltarão em setembro", afirma o
escritor americano Paul Mooney, há 24 anos na cidade. "Há
paranóia, medo pela segurança
e muito nonsense."
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