|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Falso refúgio
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
O futebol não pode ser o
depositário de grandes esperanças... Não se deve atribuir a
um jogo a responsabilidade de
resgatar o orgulho cívico, a auto-estima e o vigor de uma nação.
Porque a possibilidade de derrota
não é uma nota pequena no pé da
página; é um parágrafo inteiro no
contrato que você assina quando
se dispõe a torcer por um time.
Que seja jogada fora, diante de
um resultado adverso, apenas a
possibilidade de se dar bem no
campeonato, não a esperança de
ser feliz na vida.
Parecia que a seleção verde-encarnada mudaria os rumos de
Portugal no século 21. Talvez a
onda de renovada auto-estima e
felicidade tivesse mesmo efeitos
positivos no país, mas não se podia estufar o peito antes de receber a faixa. Era preciso lembrar o
tempo todo, como no chavão dos
atletas: "Ainda não ganhamos
nada" (embora o "ainda" tenha
implícita aquela certeza de que "é
só uma questão de tempo").
Mas os portugueses, emotivos e
exagerados, lidaram bem com a
decepção de domingo. Cumprimentaram o time por ter ido tão
longe e agradeceram pelas alegrias que tiveram na Eurocopa.
Reconheceram a importância de
Felipão na condução de um time
vibrante, altivo e corajoso (apesar
das teimosias felipescas, como a
insistência na presença de Pauleta e na ausência de Rui Costa).
Os rubro-negros, em sua maioria, não foram tão compreensivos
após o fracasso na final da Copa
do Brasil. Alguns protestaram
contra Julio César e Felipe (como
parte dos são-paulinos fez com
Rogério e Luis Fabiano). Mas um
torcedor, apesar de triste, reconheceu: "Fomos longe demais.
Parabéns por terem chegado à final com um time mediano".
O Flamengo era favorito no
Maracanã por ter torcida, tradição, experiência em grandes decisões (e por ter três resultados a seu
favor -qualquer vitória e dois
empates). Mas tem razão o andreense que diz: "Quem duvidava
da nossa vitória não conhecia o
Santo André". Muita gente falou
do time sem ter visto nenhum jogo da sua campanha impressionante. A equipe não se intimidou
no Mineirão, no Parque Antarctica ou no Olímpico, e superou desvantagens que costumam desanimar até os mais experientes. Ninguém mandou apostar que eles
iam tremer (e deixar o Sandro
Gaúcho desmarcado).
O Once Caldas também não tremeu -já o famigerado Boca...
Tropeçou quando ainda dependia só de si mesmo (nos pênaltis).
Com a vitória dos colombianos,
um são-paulino perguntou: "Será
que o tricolor era mesmo tão
ruim? Afinal, o Once acabou ganhando de todo mundo". O São
Paulo não era "tão ruim" por perder dos colombianos, nem seria
"tão bom" se fosse campeão. Foi
um time valente em alguns momentos, teve brilhos ocasionais
com os talentos de três ou quatro
jogadores, mas não chegou a ser
uma equipe coesa, constante,
100% digna de confiança.
E o Brasil na Copa América, o
que será? Confesso que estou animada e curiosa -mas sem loucas
esperanças, como tem de ser.
Babões
Basta aparecer uma loirinha esguia que a imprensa esportiva
se alvoroça toda: "musa", "deusa", "além de bonita, joga muito" (observem a ordem dos fatores!). Sim, Sharapova é uma
graça, mas imaginem como seria se nós nos referíssemos aos
tenistas sempre mencionando
os atributos físicos: "o charmoso fulano", "o atraente sicrano", "o sedutor beltrano, com
seus belos olhos azuis...". Parece coisa de kakazete!
Quem contou?
Um fala em 20 mil ingressos falsos no Maracanã, outro fala em
5.000... Gostaria de saber em
que se baseiam para o cálculo.
Parlamen-tur
Lá vai um deputado "representar a Casa" em Atenas...
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Ação - Carlos Sarli: Como nos velhos tempos Próximo Texto: Natação: Na estréia, Phelps alcança recorde mundial e mantém sonho de pé Índice
|