São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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parceiro de Fidel

Chávez turbina Cuba e segura o Brasil

Convênio faz Venezuela injetar no esporte caribenho mais do que a Lei Piva garante para as confederações nacionais

No Rio, cubanos terão 90 esportistas a mais do que em 2003, a fim de manter brasileiros longe do 2º lugar no quadro de medalhas


ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender de Hugo Chávez, não será tão cedo que o Brasil vai subir de forma significativa no quadro geral de medalhas dos Jogos Pan-Americanos, ultrapassando Cuba e ficando atrás apenas dos EUA.
Graças ao dinheiro pesado que o presidente venezuelano manda para Cuba, de seu amigo Fidel Castro, o país caribenho vai enviar uma delegação turbinada para o Rio de Janeiro, quebrando um ciclo de encolhimento tanto de quantidade quanto de qualidade -faturou 112 medalhas de ouro em Mar del Plata-95 e "apenas" 72 em Santo Domingo-03, quando o Brasil, mesmo com a melhor participação de sua história, abocanhou 29 ouros.
Serão 483 competidores cubanos na capital fluminense, 90 a mais do que há quatro anos, na República Dominicana, bem mais próxima do que o Brasil -é quase vizinha no Caribe.
A delegação ainda se dá ao luxo de ter como convidados especiais ex-atletas, como o boxeador Teófilo Stevenson. Além dos atletas, Cuba terá outros 345 membros no Rio.
"Temos um conjunto de atletas de grande qualidade e com alto nível de preparação", disse José Ramón Fernández, o presidente do Comitê Olímpico Cubano, que se tornou uma potência esportiva nos tempos da Guerra Fria, quando a União Soviética ajudava muito.
Preparar esportistas de alto nível custa dinheiro, e isso foi garantido por Chávez.
Só em 2006, a Venezuela repassou cerca de US$ 38 milhões (R$ 72,6 milhões) para Cuba em um convênio esportivo no qual os sul-americanos entram com o dinheiro e os caribenhos com seus treinadores e centros de formação. A parceria começou em 2002.
A verba do último ano é cerca de 20% superior a todo o dinheiro repassado pela Lei Piva, que direciona verba das loterias federais para o Comitê Olímpico Brasileiro, responsável pelo repasse às confederações.
O dinheiro venezuelano irriga o esporte cubano de forma direta ou indireta, como na remuneração de treinadores, que depois precisam repassar parte do que recebem para o governo.
O esporte entra em outros acordos feitos por Chávez e Fidel, que adoram posar com roupas de beisebol, a modalidade mais popular de seus países. Um deles prevê a troca de 90 mil barris de petróleo, que abunda na Venezuela, por técnicos da "educação, saúde e esporte", de sobra em Cuba.
Na primeira leva de cubanos que chegou ao Rio, na noite de sexta-feira, as questões em relação aos investimentos venezuelanos eram encaradas de formas diferentes. Os dirigentes não comentavam o assunto -um disse que a Folha deveria perguntar ao governo de Chávez sobre o tema.
Já os atletas sorriam quando ouviam o nome do presidente venezuelano e falavam dele com entusiasmo. "Conseguimos muita coisa com a ajuda dele. Chávez está fazendo uma revolução no esporte da Venezuela", disse Osmany Calzado, competidor do atletismo.


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