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parceiro de Fidel
Chávez turbina Cuba e segura o Brasil
Convênio faz Venezuela injetar no esporte caribenho mais do que a Lei Piva garante para as confederações nacionais
No Rio, cubanos terão 90 esportistas a mais do que em 2003, a fim de manter brasileiros longe do 2º lugar no quadro de medalhas
ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender de Hugo Chávez, não será tão cedo que o
Brasil vai subir de forma significativa no quadro geral de medalhas dos Jogos Pan-Americanos, ultrapassando Cuba e ficando atrás apenas dos EUA.
Graças ao dinheiro pesado
que o presidente venezuelano
manda para Cuba, de seu amigo
Fidel Castro, o país caribenho
vai enviar uma delegação turbinada para o Rio de Janeiro,
quebrando um ciclo de encolhimento tanto de quantidade
quanto de qualidade -faturou
112 medalhas de ouro em Mar
del Plata-95 e "apenas" 72 em
Santo Domingo-03, quando o
Brasil, mesmo com a melhor
participação de sua história,
abocanhou 29 ouros.
Serão 483 competidores cubanos na capital fluminense, 90
a mais do que há quatro anos,
na República Dominicana, bem
mais próxima do que o Brasil
-é quase vizinha no Caribe.
A delegação ainda se dá ao luxo de ter como convidados especiais ex-atletas, como o boxeador Teófilo Stevenson.
Além dos atletas, Cuba terá outros 345 membros no Rio.
"Temos um conjunto de atletas de grande qualidade e com
alto nível de preparação", disse
José Ramón Fernández, o presidente do Comitê Olímpico
Cubano, que se tornou uma potência esportiva nos tempos da
Guerra Fria, quando a União
Soviética ajudava muito.
Preparar esportistas de alto
nível custa dinheiro, e isso foi
garantido por Chávez.
Só em 2006, a Venezuela repassou cerca de US$ 38 milhões (R$ 72,6 milhões) para
Cuba em um convênio esportivo no qual os sul-americanos
entram com o dinheiro e os caribenhos com seus treinadores
e centros de formação. A parceria começou em 2002.
A verba do último ano é cerca
de 20% superior a todo o dinheiro repassado pela Lei Piva,
que direciona verba das loterias
federais para o Comitê Olímpico Brasileiro, responsável pelo
repasse às confederações.
O dinheiro venezuelano irriga o esporte cubano de forma
direta ou indireta, como na remuneração de treinadores, que
depois precisam repassar parte
do que recebem para o governo.
O esporte entra em outros
acordos feitos por Chávez e Fidel, que adoram posar com roupas de beisebol, a modalidade
mais popular de seus países.
Um deles prevê a troca de 90
mil barris de petróleo, que
abunda na Venezuela, por técnicos da "educação, saúde e esporte", de sobra em Cuba.
Na primeira leva de cubanos
que chegou ao Rio, na noite de
sexta-feira, as questões em relação aos investimentos venezuelanos eram encaradas de
formas diferentes. Os dirigentes não comentavam o assunto
-um disse que a Folha deveria
perguntar ao governo de Chávez sobre o tema.
Já os atletas sorriam quando
ouviam o nome do presidente
venezuelano e falavam dele
com entusiasmo. "Conseguimos muita coisa com a ajuda
dele. Chávez está fazendo uma
revolução no esporte da Venezuela", disse Osmany Calzado,
competidor do atletismo.
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