|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Empresas fazem contratos com dois ou até três clubes de uma mesma cidade em Minas, Paraná e Rio Grande do Sul
Medo de rejeição cria patrocínio conjunto
LUÍS SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL
Grêmio e Inter, Cruzeiro e Atlético-MG, Coritiba e Atlético-PR.
O que eles têm em comum, além
de serem os maiores rivais em
seus Estados? Cada dupla de clubes tem um mesmo patrocinador.
Nos últimos anos, e particularmente na Copa JH, em locais bipolarizados -com duas equipes
que detém a grande maioria da
torcida-, empresas têm optado
por patrocinar dois times arqui-rivais ou não patrocinar nenhum.
A razão é que existe o receio de
escolher um dos times e a marca
ser rejeitada pela torcida do outro.
A Folha ouviu os responsáveis
pelo marketing esportivo da Fiat
(Atlético-MG, Cruzeiro e América) e da Tin (Atlético-PR e Coritiba). Eles confirmaram que a intenção de agradar a todos é a principal razão para patrocinar mais
de um clube ao mesmo tempo.
"Ou patrocinaríamos os três ou
não patrocinaríamos ninguém",
disse Marco Antônio Laje, diretor
de comunicações da Fiat no Brasil. "Não seria estrategicamente
correto escolher um time. A imagem da Fiat poderia ficar arranhada para a torcida dos rivais."
"A Tin (empresa italiana de telefonia que atua no Paraná) não
queria favorecer nenhum clube.
Então concordamos em patrocinar Atlético-PR, Coritiba e Paraná. Como o Paraná disputa o Módulo Amarelo e sua torcida não é
tão grande, fechamos com Atlético e Coritiba", disse Gérson Togolin, diretor de marketing da Tin.
A pioneira no patrocínio a arqui-rivais é a Chevrolet, que desde
1998 estampa sua marca nas camisas de Grêmio e Inter. Assim
como os contratos feitos com a
Fiat e Tin, que valem apenas para
a Copa João Havelange, o acordo
da Chevrolet com os clubes gaúchos vence em dezembro.
Os três casos de patrocínio são
parecidos. Em todos, foram os
clubes que procuraram as empresas. Inicialmente, eles buscavam
patrocínio exclusivo, mas, percebendo que o acordo em conjunto
era mais fácil, se uniram.
Wesley Cardia, presidente da
ISL -empresa suíça de marketing esportivo- no Brasil, que
trabalhava no Inter em 98, disse
que as visitas em conjunto eram
uma surpresa para os investidores. "As pessoas não imaginavam
que clubes rivais pudessem se
unir para buscar patrocínio. As
pessoas imaginam que os clubes
são inimigos. Isso é bobagem."
As cotas são as mesmas em todos os contratos, menos em Minas Gerais, onde o América, incluído no acordo por imposição
da Fiat, que havia sido procurada
apenas por Cruzeiro e Atlético, recebe menos que os US$ 100 mil
mensais recebidos pelos rivais.
Grêmio e Inter também recebem cerca de US$ 100 mil por mês
cada um. Já Coritiba e Atlético-PR
não quiseram divulgar o valor do
contrato com a Tin.
A reação da torcida ao ver a camisa da equipe rival com o mesmo patrocínio de seu time também não parece ser uma preocupação dos dirigentes, que creditam ao profissionalismo o duplo
patrocínio.
"E não ocorreu antes porque
não havia no Paraná empresas de
porte para bancar dois grandes times", diz Davi Ferreira da Costa,
diretor de negócios do Coritiba.
Texto Anterior: Acordo Palmeiras-ISL tem data de aprovação Próximo Texto: Iniciativa é ignorada na Lei Pelé Índice
|