São Paulo, domingo, 08 de outubro de 2000

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FUTEBOL
Empresas fazem contratos com dois ou até três clubes de uma mesma cidade em Minas, Paraná e Rio Grande do Sul
Medo de rejeição cria patrocínio conjunto

LUÍS SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Grêmio e Inter, Cruzeiro e Atlético-MG, Coritiba e Atlético-PR. O que eles têm em comum, além de serem os maiores rivais em seus Estados? Cada dupla de clubes tem um mesmo patrocinador.
Nos últimos anos, e particularmente na Copa JH, em locais bipolarizados -com duas equipes que detém a grande maioria da torcida-, empresas têm optado por patrocinar dois times arqui-rivais ou não patrocinar nenhum.
A razão é que existe o receio de escolher um dos times e a marca ser rejeitada pela torcida do outro.
A Folha ouviu os responsáveis pelo marketing esportivo da Fiat (Atlético-MG, Cruzeiro e América) e da Tin (Atlético-PR e Coritiba). Eles confirmaram que a intenção de agradar a todos é a principal razão para patrocinar mais de um clube ao mesmo tempo.
"Ou patrocinaríamos os três ou não patrocinaríamos ninguém", disse Marco Antônio Laje, diretor de comunicações da Fiat no Brasil. "Não seria estrategicamente correto escolher um time. A imagem da Fiat poderia ficar arranhada para a torcida dos rivais."
"A Tin (empresa italiana de telefonia que atua no Paraná) não queria favorecer nenhum clube. Então concordamos em patrocinar Atlético-PR, Coritiba e Paraná. Como o Paraná disputa o Módulo Amarelo e sua torcida não é tão grande, fechamos com Atlético e Coritiba", disse Gérson Togolin, diretor de marketing da Tin.
A pioneira no patrocínio a arqui-rivais é a Chevrolet, que desde 1998 estampa sua marca nas camisas de Grêmio e Inter. Assim como os contratos feitos com a Fiat e Tin, que valem apenas para a Copa João Havelange, o acordo da Chevrolet com os clubes gaúchos vence em dezembro.
Os três casos de patrocínio são parecidos. Em todos, foram os clubes que procuraram as empresas. Inicialmente, eles buscavam patrocínio exclusivo, mas, percebendo que o acordo em conjunto era mais fácil, se uniram.
Wesley Cardia, presidente da ISL -empresa suíça de marketing esportivo- no Brasil, que trabalhava no Inter em 98, disse que as visitas em conjunto eram uma surpresa para os investidores. "As pessoas não imaginavam que clubes rivais pudessem se unir para buscar patrocínio. As pessoas imaginam que os clubes são inimigos. Isso é bobagem."
As cotas são as mesmas em todos os contratos, menos em Minas Gerais, onde o América, incluído no acordo por imposição da Fiat, que havia sido procurada apenas por Cruzeiro e Atlético, recebe menos que os US$ 100 mil mensais recebidos pelos rivais.
Grêmio e Inter também recebem cerca de US$ 100 mil por mês cada um. Já Coritiba e Atlético-PR não quiseram divulgar o valor do contrato com a Tin.
A reação da torcida ao ver a camisa da equipe rival com o mesmo patrocínio de seu time também não parece ser uma preocupação dos dirigentes, que creditam ao profissionalismo o duplo patrocínio.
"E não ocorreu antes porque não havia no Paraná empresas de porte para bancar dois grandes times", diz Davi Ferreira da Costa, diretor de negócios do Coritiba.



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