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Rio vê facções criminosas tomarem arquibancada
Torcedores dos mesmos times, adeptos de grupamentos rivais, brigam entre si
Decisão da Copa do Brasil
foi exemplo desse tipo de
confronto; polícia diz que
falta de filiação às torcidas
dificulta a identificação
Fernando Soutello - 26.jul.06/Gazeta Press
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Tumulto no meio na torcida do Flamengo na decisão da Copa do Brasil deste ano, contra o Vasco, no estádio do Maracanã |
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A violência das torcidas organizadas ganhou uma nova face
no Rio. A guerra de facções criminosas nas comunidades carentes é apontada pela Polícia
Militar como pivô dos recentes
e inusitados confrontos nos estádios. Agora, torcedores do
mesmo clube brigam entre si.
O exemplo mais explícito foi
na final da Copa do Brasil, há
cerca de dois meses, quando integrantes da Torcida Jovem do
Flamengo entraram em confronto por cerca de cinco minutos durante o segundo tempo.
""É uma realidade no Rio.
Moradores de várias áreas carentes dominadas por essas
facções se encontram na arquibancada, e a confusão acontece", constata o major Marcelo
Pessoa, comandante do Gepe
(Grupamento Especial de Policiamento em Estádios).
No caso da final da Copa do
Brasil, torcedores de comunidades ligadas ao Comando Vermelho (CV) e à facção Amigos
dos Amigos (ADA) se enfrentaram na arquibancada lotada. O
CV e a ADA são os maiores grupos criminosos da cidade.
Antes da briga, torcedores
trocavam provocações com refrões em homenagens às suas
facções e hostilizando a rival.
O comandante do Gepe afirma que o fenômeno não se limita aos torcedores do Flamengo.
""Isso acontece em todas as organizadas. A Força Jovem do
Vasco, por exemplo, está acabando. Ela foi dividida em cinco por causa desta nova rivalidade", diz Pessoa.
A Força Jovem do Vasco é a
organizada mais violenta do
clube de São Januário. Os dissidentes dela já criaram, somente neste ano, a Guerreiros do
Almirante e a Ira.
""Quando eles se encontram,
a violência sempre acontece",
comenta o comandante do Gepe, que se recusa a identificar as
facções criminosas que se confrontam nas organizadas.
Pessoa já desenvolveu um
novo esquema de policiamento
para evitar confrontos nos estádios durante os jogos. Um
grupo de pelo menos 20 policiais faz a segurança próximo
das organizadas conflituosas.
No Fla-Flu de quarta-feira, pelo Brasileiro, as brigas foram
evitadas no Maracanã.
Nos jogos, o Gepe adota um
perfil semelhante ao implantado pela polícia nos morros do
Rio. ""O nosso trabalho é basicamente como o de policiamento
comunitário [adotado em favelas do Rio]. Destacamos sempre homens que são torcedores
do mesmo clube de onde vão
trabalhar. Tentamos amenizar
ao máximo esse clima de conflito", declara o major.
Segundo o comandante do
Gepe, os torcedores ligados a
facções criminosas não vão ao
estádio para assistir aos jogos.
""Na verdade, eles são marginais. Ficam de costas para o
campo, apenas trocando provocações entre si e se aproveitam
do anonimato para criar confusão", conclui o comandante,
acrescentando que a maioria
dos brigões freqüenta a organizada mas não é filiada, o que dificulta o trabalho da polícia.
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