São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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Rúgbi vê contra-ataque do Norte

Europeus eliminam potências, já estão na decisão e ainda assistem a estreante fazer campeão temer

Argentina, que nunca tinha chegado às semifinais, vai encarar a África do Sul com boas chances; Inglaterra e França disputam outra vaga

ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O poderio do Hemisfério Sul está em xeque na sexta Copa do Mundo de rúgbi. Nunca a porção do globo que domina o esporte (ostenta 4 dos 5 Mundiais disputados) chegou tão fragilizada às semifinais do torneio.
Culpa de França e Inglaterra, que eliminaram os favoritos Nova Zelândia e Austrália, mas agora duelarão. África do Sul e Argentina, os representantes do Sul que sobraram, disputam a outra vaga na decisão.
É a primeira vez que uma Copa não tem australianos (campeões em 91 e 99) ou neozelandeses (que levaram a taça em 87) entre os quatro melhores.
Sem os seus supertimes (Nova Zelândia e Austrália são líder e vice-líder do ranking mundial), o Sul terá de atacar os europeus com outras armas.
Depois de surpreender os anfitriões franceses e vencer o jogo de estréia em Saint-Denis, a Argentina caminhou de forma sólida à fase final. Ontem, passou pela Escócia por 19 a 13.
Campeã em 1995, a África do Sul quase foi vítima do surto de zebras. Diante de Fiji, precisou suar para passar adiante.
As classificações inglesa e francesa, anteontem, tiveram contornos épicos. Herói do título de 2003 (o único do Hemisfério Norte), Jonny Wilkinson converteu quatro pênaltis que superaram a Austrália.
A façanha francesa começou antes do jogo, realizado em Cardiff (a capital galesa abrigou algumas partidas do Mundial, disputado em solo francês). Num claro desafio, o time se postou a centímetros dos neozelandeses enquanto eles executavam o haka (dança aborígene). A França acabou virando um jogo que perdia por 13 a 3 (20 a 18 foi o placar final).
O triunfo francês e o fiasco da Nova Zelândia serão explorados politicamente. Para Helen Clark, 57, premiê neozelandesa, foi um duro golpe visando às eleições gerais do ano que vem. Em julho, ela também assistiu in loco à derrocada do Team New Zealand, barco do país que perdeu a America's Cup.
Pequeno (tem 4 milhões de habitantes), o arquipélago da Oceania se orgulha das conquistas em seus dois esportes mais populares e, a história mostra, responde com mau humor nas urnas quando não ganha no campo -ou nos mares.
Em 1999, ano em que a França também derrotou a Nova Zelândia, mas nas semifinais da Copa do País de Gales, a oposição -liderada por Clark- saiu vencedora da eleição.
O Mundial de rúgbi desempenha um importante papel político para Nicolas Sarkozy. Antes mesmo de o torneio começar, o presidente francês convidou o técnico da seleção nacional, Bernard Laporte, para o cargo de ministro do Esporte. Ele assume em 21 de outubro -um dia depois da final.
Sarkozy organizou jantares e homenagens ao time. Fez lembrar Jacques Chirac, seu antecessor e para quem o triunfo do futebol francês, campeão do mundo em 1998, representou publicidade e respaldo popular.


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