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Rúgbi vê contra-ataque do Norte
Europeus eliminam potências, já estão na decisão e ainda assistem a estreante fazer campeão temer
Argentina, que nunca tinha chegado às semifinais, vai encarar a África do Sul com boas chances; Inglaterra e França disputam outra vaga
ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O poderio do Hemisfério Sul
está em xeque na sexta Copa do
Mundo de rúgbi. Nunca a porção do globo que domina o esporte (ostenta 4 dos 5 Mundiais
disputados) chegou tão fragilizada às semifinais do torneio.
Culpa de França e Inglaterra,
que eliminaram os favoritos
Nova Zelândia e Austrália, mas
agora duelarão. África do Sul e
Argentina, os representantes
do Sul que sobraram, disputam
a outra vaga na decisão.
É a primeira vez que uma Copa não tem australianos (campeões em 91 e 99) ou neozelandeses (que levaram a taça em 87) entre os quatro melhores.
Sem os seus supertimes (Nova Zelândia e Austrália são líder
e vice-líder do ranking mundial), o Sul terá de atacar os europeus com outras armas.
Depois de surpreender os anfitriões franceses e vencer o jogo de estréia em Saint-Denis, a
Argentina caminhou de forma
sólida à fase final. Ontem, passou pela Escócia por 19 a 13.
Campeã em 1995, a África do
Sul quase foi vítima do surto de
zebras. Diante de Fiji, precisou
suar para passar adiante.
As classificações inglesa e
francesa, anteontem, tiveram
contornos épicos. Herói do título de 2003 (o único do Hemisfério Norte), Jonny Wilkinson converteu quatro pênaltis
que superaram a Austrália.
A façanha francesa começou
antes do jogo, realizado em
Cardiff (a capital galesa abrigou
algumas partidas do Mundial,
disputado em solo francês).
Num claro desafio, o time se
postou a centímetros dos neozelandeses enquanto eles executavam o haka (dança aborígene). A França acabou virando
um jogo que perdia por 13 a 3
(20 a 18 foi o placar final).
O triunfo francês e o fiasco da
Nova Zelândia serão explorados politicamente. Para Helen
Clark, 57, premiê neozelandesa, foi um duro golpe visando às
eleições gerais do ano que vem.
Em julho, ela também assistiu
in loco à derrocada do Team
New Zealand, barco do país que
perdeu a America's Cup.
Pequeno (tem 4 milhões de
habitantes), o arquipélago da
Oceania se orgulha das conquistas em seus dois esportes
mais populares e, a história
mostra, responde com mau humor nas urnas quando não ganha no campo -ou nos mares.
Em 1999, ano em que a França também derrotou a Nova Zelândia, mas nas semifinais da
Copa do País de Gales, a oposição -liderada por Clark- saiu
vencedora da eleição.
O Mundial de rúgbi desempenha um importante papel
político para Nicolas Sarkozy.
Antes mesmo de o torneio começar, o presidente francês
convidou o técnico da seleção
nacional, Bernard Laporte, para o cargo de ministro do Esporte. Ele assume em 21 de outubro -um dia depois da final.
Sarkozy organizou jantares e
homenagens ao time. Fez lembrar Jacques Chirac, seu antecessor e para quem o triunfo do
futebol francês, campeão do
mundo em 1998, representou
publicidade e respaldo popular.
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