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São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Sem culpa na quizila jurídica que embananou o Brasileiro, trio do Paysandu reclama do abandono e da inatividade

Atletas do asterisco vêem TV e coçam o pé

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles não desrespeitaram lei alguma. Não foram expulsos ou agrediram adversários. Estão tinindo fisicamente. Mesmo assim, três jogadores do Paysandu estão impedidos de entrar em campo.
Por uma disputa entre cartolas do clube paraense e o STJD, o lateral Borges Neto, 27, e os atacantes Aldrovani, 32, e Júnior Amorim, 31, não disputam uma partida desde o meio de setembro, e tudo indica que continuarão sem atividade até o final da temporada.
O "crime" dos três foi aceitar um contrato assinado pelo presidente do Paysandu, José Arthur Guedes Tourinho. Alegando que o cartola estava suspenso e não poderia assinar nada, o STJD tirou os pontos conquistados pelo clube quando os três jogaram, o que colocou vários asteriscos na classificação da competição.
Para evitar nova punição, o time do Pará afastou os jogadores. Mesmo conseguindo permissão para jogar na Justiça comum, os três continuam não sendo aproveitados no Nacional -advogados e dirigentes do Paysandu alegam que a CBF e o STJD não cumprem sentenças jurídicas.
Assim, Borges Neto, Aldrovani e Júnior Amorim pagam pelo que não fizeram e só treinam.
"Quando o Paysandu joga, vou ao estádio ou vejo os jogos pela TV, coçando o pé para matar a vontade de jogar", diz Aldrovani.
Ao contrário do companheiro, que não consegue se desligar do futebol, Júnior Amorim prefere esquecer por enquanto a bola.
"É muito duro você terminar o treino e ver que seu nome não está na lista dos que vão jogar", diz.
Além do ócio, esses atletas temem pelo prejuízo e que a situação atrapalhe suas carreiras.
"O salário está em dia, mas já são quase dois meses sem bicho e direito de arena [participação nos contratos de televisão]. Além disso, estou escondido, fora da vitrine", reclama Aldrovani, temendo ter dificuldade para encontrar um novo clube no ano que vem.
Júnior Amorim tem a mesma preocupação. "O mais difícil de tudo é sair da vitrine e ficar sem perspectiva de futuro", fala o atacante, que não esconde a amargura com os cartolas.
"Não recebemos muitas notícias. Eles [dirigentes] são fechados. O pior é que estou sofrendo pelos problemas dos outros", diz Amorim, que espera como reconhecimento pelo sofrimento uma renovação de contrato automática -o trio tem ligação com o Paysandu até dezembro próximo.
Sem partidas para disputar, a vida pessoal também muda. "Estava acostumado a viajar e a ficar concentrado. Agora, fico com tempo livre. O único lado bom é ter mais tempo para a família", afirma Aldrovani.
Já Amorim, que nasceu no Pará, mas passou a maior parte da carreira em outros Estados, vê um sonho frustrado. "Saí do Pará com 14 anos. Sonhava em voltar e jogar aqui. Foi por água abaixo."


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