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FUTEBOL
Sem culpa na quizila jurídica que embananou o Brasileiro, trio do Paysandu reclama do abandono e da inatividade
Atletas do asterisco vêem TV e coçam o pé
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles não desrespeitaram lei alguma. Não foram expulsos ou
agrediram adversários. Estão tinindo fisicamente. Mesmo assim,
três jogadores do Paysandu estão
impedidos de entrar em campo.
Por uma disputa entre cartolas
do clube paraense e o STJD, o lateral Borges Neto, 27, e os atacantes
Aldrovani, 32, e Júnior Amorim,
31, não disputam uma partida
desde o meio de setembro, e tudo
indica que continuarão sem atividade até o final da temporada.
O "crime" dos três foi aceitar
um contrato assinado pelo presidente do Paysandu, José Arthur
Guedes Tourinho. Alegando que
o cartola estava suspenso e não
poderia assinar nada, o STJD tirou os pontos conquistados pelo
clube quando os três jogaram, o
que colocou vários asteriscos na
classificação da competição.
Para evitar nova punição, o time
do Pará afastou os jogadores.
Mesmo conseguindo permissão
para jogar na Justiça comum, os
três continuam não sendo aproveitados no Nacional -advogados e dirigentes do Paysandu alegam que a CBF e o STJD não cumprem sentenças jurídicas.
Assim, Borges Neto, Aldrovani
e Júnior Amorim pagam pelo que
não fizeram e só treinam.
"Quando o Paysandu joga, vou
ao estádio ou vejo os jogos pela
TV, coçando o pé para matar a
vontade de jogar", diz Aldrovani.
Ao contrário do companheiro,
que não consegue se desligar do
futebol, Júnior Amorim prefere
esquecer por enquanto a bola.
"É muito duro você terminar o
treino e ver que seu nome não está
na lista dos que vão jogar", diz.
Além do ócio, esses atletas temem pelo prejuízo e que a situação atrapalhe suas carreiras.
"O salário está em dia, mas já
são quase dois meses sem bicho e
direito de arena [participação nos
contratos de televisão]. Além disso, estou escondido, fora da vitrine", reclama Aldrovani, temendo
ter dificuldade para encontrar um
novo clube no ano que vem.
Júnior Amorim tem a mesma
preocupação. "O mais difícil de
tudo é sair da vitrine e ficar sem
perspectiva de futuro", fala o atacante, que não esconde a amargura com os cartolas.
"Não recebemos muitas notícias. Eles [dirigentes] são fechados. O pior é que estou sofrendo
pelos problemas dos outros", diz
Amorim, que espera como reconhecimento pelo sofrimento uma
renovação de contrato automática -o trio tem ligação com o Paysandu até dezembro próximo.
Sem partidas para disputar, a vida pessoal também muda. "Estava acostumado a viajar e a ficar
concentrado. Agora, fico com
tempo livre. O único lado bom é
ter mais tempo para a família",
afirma Aldrovani.
Já Amorim, que nasceu no Pará,
mas passou a maior parte da carreira em outros Estados, vê um
sonho frustrado. "Saí do Pará
com 14 anos. Sonhava em voltar e
jogar aqui. Foi por água abaixo."
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