Mesmo sem astros, Montes Claros está se especializando em derrotar os favoritos da inchada Superliga masculina

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

A SUPERLIGA masculina está inchada: são 17 clubes de oito Estados. Isso significa muitos jogos -média de dois a três por semana. Ou seja, o desgaste e o risco de contusões são muito maiores. Já a qualidade das equipes melhorou: seis têm condições de lutar pelo título e uma promete aprontar muito.
A pedra no sapato dos favoritos é o Montes Claros. Ele está se especializando em derrubar os bacanas. É o autor da surpresa da Superliga nas duas rodadas já disputadas. No sábado, venceu por 3 a 2 o Pinheiros, formado por estrelas como Giba, Rodrigão, Gustavo e Marcelinho.
Para você ter uma noção do que o Montes Claros é capaz, vale um retrospecto. Em cinco meses de existência, já tem o título de campeão mineiro. Desbancou os dois favoritos, o Minas, de André Nascimento, e o Cruzeiro, de Renato Felizardo.
A conquista provocou até dança das cadeiras entre técnicos. O argentino Marcelo Mendez, ex-comandante da Espanha e na época o técnico do Montes Claros, foi para o Cruzeiro. Já Talmo, demitido do Cruzeiro após o terceiro lugar no Mineiro, foi para o Montes Claros.
Detalhe: o Montes Claros não tem estrelas. O dono do currículo mais recheado de títulos é o Ezinho, ex-Minas, um ponteiro baixo, de 1,90 m, mas com um bom fundo. Na vitória contra o Pinheiros, o destaque foi o oposto Lorena, um canhoto que marcou 25 pontos. Um set sozinho.
Outra dica: olho no oposto Wallace, 1,98 m e 22 anos. Na temporada passada, pelo Araçatuba, ele foi o maior pontuador da Superliga. Hoje é reserva do Leandrão no Cruzeiro.
Na estreia ante o Florianópolis, o time perdeu, mas Wallace entrou no segundo set e brilhou: fez 25 pontos.
Dos seis favoritos da Superliga, um é o Cruzeiro. Os outros são Florianópolis, São Bernardo, Minas, Pinheiros e Sesi, do ponteiro Murilo e campeão paulista. O São Bernardo, do líbero Escadinha, perdeu força com a ida de Dante para a Rússia.
Mas o desafio nesta temporada é mesmo quem derrubará o Florianópolis, o grande favorito. O levantador Bruno está jogando muito bem: habilidoso, veloz, ousado. Ele está cada dia mais Ricardinho, o levantador que levou a seleção a jogar em uma velocidade nunca vista antes.
Um grande levantador, você sabe, é meio time. Para melhorar, o Florianópolis tem dois grandes centrais, Lucas e Éder, e dois ponteiros eficientes, Thiago Alves e Renato, que garantem a qualidade do passe ao lado do líbero Mário Júnior, reserva de Escadinha na seleção. Para encerrar, parabéns para o Pinheiros. O time contrariou a lógica e venceu o Osasco na final do Campeonato Paulista. Havia dez anos que o clube não ganhava um título estadual. Um show da levantadora Fabíola e da ponteira Fernanda Garay. Do jeito que estão jogando, vão disputar vaga na seleção.

cidasan@uol.com.br


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